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Autismo e genética: conheça uma mãe e um filho atípicos


Postado por Autismo em Dia em 31/jan/2024 - Sem Comentários

Aqui no Autismo em Dia, já tivemos o privilégio de compartilhar inúmeras histórias e experiências de pessoas dentro do espectro autista, seja de mães, pais, irmãos, avós ou da própria pessoa com TEA. Cada história é única e valiosa, contribuindo para um entendimento mais amplo do autismo. No entanto, hoje, gostaríamos de trazer uma história que fala sobre autismo e genética: a vida de uma mãe e seu filho, ambos no espectro autista, com diagnósticos que vieram tardiamente.

Nessa história, vamos explorar as vivências de Lorena Costa Irmão Rego e de seu filho Paulo Felipe Irmão Dias, residentes em Rio Branco, no Acre. A vida de ambos é repleta de desafios, desenvolvimento e, acima de tudo, amor familiar, que destaca a importância de enxergar o autismo para além das aparências e estereótipos.

Continue aqui com a gente para conhecer mais a história de vida dessas duas pessoas maravilhosas!

Quais foram os primeiros sinais que ambos apresentaram?

A história de Lorena começa na infância, quando os primeiros indícios do Transtorno do Espectro Autista (TEA) se tornaram visíveis. Porém, naquela época, o entendimento do TEA era limitado e mal compreendido, resultando em uma série de desafios, pois, infelizmente, ela era rotulada como uma pessoa difícil de lidar, com problemas e dificuldades nos relacionamentos profissionais e amorosos. Isso acontecia devido à sua dificuldade em receber ordens e  devido à sua rigidez quanto a horários e organizações.

A falta de compreensão sobre o autismo naquela época tornou ainda mais difícil para Lorena e sua família entenderem o que estava acontecendo. O TEA não tinha uma definição clara, e as pessoas ao seu redor esperavam que ela se encaixasse em um molde que simplesmente não correspondia à sua realidade.

Mas, mesmo hoje, Lorena diz que ser autista é um desafio perante a nossa sociedade. Embora a gente esteja em um progresso, ainda há muito o que melhorar sobre a inclusão e empatia com pessoas atípicas. Se você, assim como a Lorena, tem características do TEA mesmo adulto, mas não se auto compreende, o Diagnóstico de autismo em adulto: Qual o melhor caminho? pode te ajudar.

O diagnóstico de seu filho, Paulo Felipe, também veio tardiamente, aos 16 anos. No entanto, após esse diagnóstico, eles iniciaram intensas idas à terapias, consultas com psicólogos e médicos. Embora o caminho fosse desafiador, o apoio e dedicação de Lorena e de sua família foram fundamentais para ajudar o Paulo Felipe a progredir e superar todos os problemas que estavam surgindo.

Fonte: arquivo pessoal – cedido por Lorena Costa Irmão Rego

O autismo e a genética

Uma das características notáveis dessa história é que a constituição familiar de Lorena é formada por ela, seu marido, Paulo Felipe e sua filha, mas o TEA não afetou apenas eles. As duas irmãs de Lorena também têm filhos autistas, tornando esta uma experiência compartilhada pela família. A presença do autismo em várias gerações da família enfatiza a importância de se compreender a natureza genética do TEA.

A presença do autismo em várias gerações da família serve como uma forma de perceber a complexidade do TEA e de como é essencial entender a natureza genética. A Lorena sugere que o autismo pode ser influenciado por fatores genéticos que percorrem a sua linhagem familiar.

Se interessou nesse aspecto do autismo e a genética? Nós temos um post só sobre isso! Dê uma conferida clicando neste link: Autismo é genético? Essa família com 5 autistas prova que sim!

 

A relação entre o autismo e a genética no diagnóstico de ambos

A história de identificação e compreensão do autismo de Paulo Felipe é um relato de perseverança e dedicação da mãe, Lorena. Embora Paulo Felipe tenha frequentado psicólogos e fonoaudiólogos ao longo de sua vida, nenhum médico havia identificado o autismo como parte de sua condição.

Foi a própria Lorena que começou a identificar algumas características de Paulo Felipe.

”Pela questão de eu ser professora, eu percebi. Então, eu fui mais a fundo, indo a mais médicos…’’.

A partir disso, ela começou a levar o Paulo Felipe para fazer um tratamento genético com uma geneticista no Rio Grande do Sul. Assim, foi pedido alguns exames que apresentaram algumas alterações.

Então, a médica solicitou que Lorena e o pai de Paulo Felipe fizessem os mesmos exames para avaliar os fatores genéticos envolvidos nas alterações observadas nele. Os resultados revelaram que todas as anomalias genéticas encontradas em Paulo Felipe eram compartilhadas por Lorena.

“Foi muito interessante, pois ele tinha um cromossomo com uma duplicação na ‘perninha’, e eu também possuo o mesmo cromossomo com essa mesma duplicação na ‘perninha’. Além disso, a quantidade de cromossomos também é idêntica. É curioso pensar que isso possa ser mera coincidência, mas estamos cientes de que não se trata apenas de uma coincidência; é um fato.”

Diante disso, a Lorena decidiu seguir a recomendação médica e realizou exames neuropsicológicos e psiquiátricos. Os resultados desses exames confirmaram que ela fazia parte do grupo de pessoas atípicas no espectro autista. Esse foi um momento em que ela ”nasceu de novo”. Durante muito tempo de sua vida, ela não se compreendia e não era compreendida por outras pessoas. Mas, a partir do diagnóstico, a Lorena afirma que sua percepção de mundo mudou completamente, permitindo, agora, viver uma vida mais tranquila e completa dentro das suas condições.

Fonte: arquivo pessoal – cedido por Lorena Costa Irmão Rego

Desafios do autismo

Quanto às características e personalidades do Paulo Felipe, desde pequeno ele já tinha muito forte a seletividade alimentar. Ele se recusava a cheirar e até mesmo, a encostar no alimento que ele não queria. Além disso, ele tinha uma introspecção que gerou o atraso na sua fala. Devido a isso, aos 4 anos, ele começou a fazer tratamento com a fonoaudióloga.

‘’A fonoaudióloga poderia ter me orientado, pois é comum que crianças autistas enfrentem dificuldades na fala. E ele teve atraso na fala”

Além dessas características, algo interessante que a Lorena informou foi a respeito da rigidez quanto aos horários. O Paulo Felipe, assim como ela, era muito metódico desde criança.

”Ele criava seus próprios rituais, por exemplo: de manhã, eu tenho que acordar, depois de 10 minutos que acordei, eu tenho que tomar café durante 15 minutos; depois do café, eu tenho que fazer outra coisa, etc. Os itinerários dele eram assim, e não podiam mudar, pois, se mudasse, ele ficaria extremamente revoltado.”

Por último, uma característica marcante da personalidade do Paulo, é o fato de, desde sempre, ele ter o hábito constante e repetitivo de assistir aos mesmos programas de televisão que ele apreciava desde a infância.

”Ele assiste todo dia o mesmo programa, mesmo repetido inúmeras vezes.”

Mensagem reflexiva

Ao final do nosso quadro proTEAgonista, a Lorena deixou uma reflexão que podemos levar para a vida:

”Ande de cabeça levantada, sem permitir que ninguém o rotule. Se esforce ao máximo para viver uma vida que seja significativa para você e que esteja alinhada com seus objetivos e sonhos. Lembre-se de que não há um único caminho para a ‘normalidade’ e que a autenticidade é a chave para o sucesso e a felicidade. Portanto, siga em frente, enfrentando desafios com determinação, e nunca deixe de buscar aquilo que você mais deseja alcançar. Você é único e tem o poder de moldar seu próprio destino. Mantenha-se firme em seu propósito e alcance o que seu coração anseia”

E você? Quer fazer parte deste quadro? Entre em contato conosco através das nossas redes sociais. Vai ser um prazer ouvir e poder compartilhar sua história de vida!

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Até a próxima. 💙

Esporte para o autismo: entenda a importância de diferentes modalidades


Postado por Autismo em Dia em 29/jan/2024 - Sem Comentários

Entre tantas estratégias que os pais têm utilizado com seus filhos autistas, uma vem se destacando por ajudar em uma demanda muitas vezes difícil: fazer uma criança se movimentar. Neste artigo, vamos abordar qual a importância do esporte para o autismo e de que forma a prática de atividade física pode colaborar.

A escolha de uma modalidade esportiva não é uma tarefa muito fácil. É preciso levar em conta a afinidade e também se é possível que a pessoa pratique determinado esporte, pensando em características individuais.

Os benefícios da prática de algum esporte vão além do físico. Ao praticar esses passos coordenados, o corpo todo entra em movimento, estimulando a área cognitiva e motora. Por isso, para autistas, os ganhos serão enormes, e claro, é preciso ter acompanhamento de profissionais habilitados para lidar com particularidades do TEA.

Qual a importância do esporte para o autismo?

O transtorno do espectro autista não acontece de forma igual para todos. Existem os níveis de suporte, que são: nível 1, nível 2 e nível 3. Isso vai influenciar na hora da escolha de uma atividade esportiva, mas não é um fator que deve limitar a busca por um esporte.

Por terem ganhos variados, cada caso vai ser um caso, mas, no geral, o esporte melhora níveis de endorfina em nosso organismo, auxiliando, por exemplo, em quadros de depressão e ansiedade. Além disso, para quem está no espectro, é possível melhorar o equilíbrio, a cognição e a parte motora. Mas, considerando que a maioria dos esportes é praticada em grupo, é importante levar em conta os ganhos na socialização. O esporte varia o ambiente para além da casa e da escola e apresenta novas possibilidades. ¹

E falando em possibilidades, não tire de vista a possibilidade de atritos sensoriais. Esportes costumam ser barulhentos e envolver sensações diversas relacionadas ao ambiente, à sensação de vitória ou derrota e aos fluidos corporais. Ainda que a criança tope determinada atividade que ative questões áreas da sua sensibilidade, esteja pronto para ajudar com as dificuldades.

Esta é, sem dúvida, uma questão na qual vale a pena contar com uma avaliação profissional antes de iniciar qualquer atividade esportiva. Afinal, com tantos benefícios, vale a pena ser estratégico na escolha do esporte considerando todos os fatores particulares.

Mas o fato é que se exercitar vai auxiliar na regulação emocional, contribuindo para que a pessoa se sinta menos irritada e diminuindo comportamentos agressivos.

Abaixo, listamos os principais ganhos para os autistas: ¹,²

  • Melhora a autoestima;
  • Desenvolve a comunicação de forma global;
  • Aumenta a capacidade motora;
  • Incentiva o brincar e o lúdico;
  • Estimula a independência;
  • Melhora a cognição.
exercício e autismo

Fonte: Envato/ drazenphoto

Quais esportes são indicados?

Não existe uma, duas ou três modalidades recomendadas. O que sabemos é que vários esportes podem contribuir com pontos específicos para quem vive no transtorno do espectro autista. Vamos falar do que é mais comum encontrar como recomendação, seja porque já foi testado e comprovado que determinada modalidade trouxe algum benefício para o autismo, seja porque, diante das dificuldades, algum esporte ajuda mais que outro no desenvolvimento de habilidades específicas.

Natação

O contato com a água e suas características como temperatura, e também a resistência à pressão da água pode ser o que favorece para escolherem a natação.

O meio aquático ajuda a dosar o nível de ansiedade dos autistas, contribuindo com a diminuição de movimentos estereotipados, ajudando também a dosar a autoestimulação. Além disso, o movimento dos estilos de nados contribuem para o desenvolvimento motor e melhora a capacidade cognitiva de quem pratica. Isso, de forma ampla, é o que pode estimular a independência, como citamos no texto. ³

Basquete

O basquete, mesmo não sendo algo da cultura dos brasileiros, é considerado um dos esportes mais completos e inclusivos.⁴

Um grande benefício do basquete para os autistas é auxiliar em movimentos repetitivos. O aprendizado ao bater na bola de forma sequencial e com as mãos, ajuda com  as estereotipias. Além disso, também é considerado um esporte de fácil acesso, pois pode ser jogado em quadras de bairros ou mesmo em casa, com cestas compradas em lojas de brinquedos.

E, como todo esporte, depende da cooperação mútua de uma equipe, o que estimula a interação social⁴

E não para por aí. O basquete melhora a compreensão sobre lateralidade e controle de força, bem como o entendimento de regras, que ajuda muito no convívio social em outros ambientes.

Circuitos

Nessa modalidade encontramos o esporte e a criatividade! Afinal, no meio dos circuitos existem obstáculos como, barras, cordas, cones, etc. Por onde a criança deve correr. Os exercícios parecem mais brincadeiras, o que ajuda muito na adesão das crianças. Aqui, a criança trabalha a organização e a consciência corporal. A partir da ordem dos exercícios, o praticante tem que entender até onde consegue ir, sendo essa habilidade fundamental para o sucesso. ¹

Hipismo

Diferente do basquete, o hipismo não é uma modalidade tão fácil de praticar, tampouco barata. Mas nem por isso deixaremos de falar dos benefícios que a prática tem, já que iniciativas de tornar o esporte acessível têm acontecido com mais frequência.

O destaque é que esse esporte exige força de pernas e glúteos, favorecendo muito o movimento dos membros inferiores e melhorando o equilíbrio e desenvolvimento motor.⁴

Sem contar o contato com um animal diferente do que estão acostumados no convívio diário. Logo, essa relação com o cavalo favorece a tranquilidade, melhora questões emocionais só de terem esse contato e troca com o equino.

Lembrando que o hipismo pode ser uma evolução da equoterapia, algo que já é realidade como método terapêutico na vida de muitos autistas.

Futebol

Assim como o basquete, por ser um esporte coletivo, o futebol favorece muito a inclusão e interação social, melhorando aspectos de relacionamento interpessoal. Como a diferença robusta de que esse é o esporte mais difundido no nosso país, ou seja, não faltam espaços de convivência preparados para bater uma bola!

O futebol pode ajudar a criança a perceber questões de força e do espaço em sua volta e ainda melhora aspectos físicos e de convivência com o ambiente. ⁴

As regras do esporte também são fatores que contribuem muito no dia a dia da criança, auxiliando a compreensão da importância do passo a passo para o seu funcionamento global, sendo um ganho que vai para além do campo ou da quadra de futebol, é para a vida toda.

Escalada indoor

Assim como o hipismo, a escalada é mais difícil de encontrar, porém, os ganhos são grandes. Mas, não se esqueça de que envolve risco de queda e, por isso, você deve fazer com equipamentos de segurança.

A escala indoor pode ser praticada em ambientes próprios de escalada ou academias. Esse tipo de esporte ajuda a desenvolver mais autonomia e independência. Os obstáculos encontrados na subida são importantes para ajudar a criança e o jovem a lidar com superação.

Como o medo de altura é algo comum a grande parte das pessoas, autistas ou não, esta é uma atividade que pode ajudar a superar tal insegurança. E, por conta disso, pode ajudar o autista a ter autoestima e a enfrentar vários outros medos e dificuldades do dia a dia.

Fonte: Envato/tan4ikk

Em resumo, a prática de exercício é extremamente benéfica para pessoas autistas, com mais ganhos ainda se os profissionais puderem participar da escolha esportiva. Portanto, não deixe de ir ao encontro de uma modalidade que se adapte ao seu caso ou ao caso de seu filho. Os ganhos serão enormes e podem mudar toda a trajetória do desenvolvimento de vários fatores.

Nós encerramos esse assunto por aqui, mas aqui no Autismo em Dia você encontra uma infinidade de assuntos para aprender sobre autismo. E, se você gostou, não deixe de compartilhar. Continue navegando pelo nosso blog e siga o Autismo em Dia nas redes sociais.

Até a próxima. 💙

 

Referências:

1- Esporte e inclusão – Acesso em 30/08/2023

2- Autismo e realidade – Acesso em 01/09/2023

3- Atena editora – Acesso em 01/09/2023

4- Esporte e inclusão – Acesso em 01/09/2023

 

Qual é o papel da regulação emocional no TEA?


Postado por Autismo em Dia em 26/jan/2024 - 2 Comentários

A regulação emocional é um assunto que vem sendo bastante estudado nos últimos anos. E relacionar esse tema com autismo é fundamental, já que pessoas no espectro costumam ter dificuldades ligadas a respostas emocionais que envolvem um déficit na forma de perceber o entorno e de interagir com o outro.

Uma das definições de regulação emocional é a habilidade de aprendermos a lidar com as emoções, levando em conta sua intensidade e a resposta que vamos ter quando for ativada uma determinada emoção.

E essa habilidade de lidar com cada uma é o que vai fazer que a gente consiga interagir de forma saudável com as pessoas e o meio, com reflexos na forma que iremos nos sentir nessa interação.

Porém, cada pessoa tem o seu processo de regulação emocional. No geral, conseguimos avaliar bem o contexto para alinhar como vamos expressar nossas emoções. No entanto, pessoas autistas apresentam um prejuízo na maneira de regular suas emoções. 

Ao longo do texto, iremos entender quais intervenções podem ajudar no processo de amadurecimento emocional.

Regulação emocional e autismo

Fonte: Envato/ LightFieldStudios

Regulação emocional e autismo

Os mecanismos mais comuns que podem contribuir para a baixa resposta emocional no TEA podem estar presentes em outras condições clínicas. Por exemplo: excitação fisiológica, grau de afeto negativo e positivo, alterações na amígdala e no córtex pré-frontal.

Já outros mecanismos podem ser próprios do autismo, tal como as diferenças na forma de perceber e processar informações, questões cognitivas (rigidez, por exemplo), menos comportamentos direcionados a objetos e mais emoções desorganizadas.¹

Quanto maior for a desregulação emocional, maior será a emissão de comportamentos repetitivos. Isso porque esses comportamentos têm a função de regular as emoções.

Portanto, os comportamentos repetitivos são importantes aliados, mas é necessário que se desenvolvam outras habilidades para aumentar o repertório de comportamentos que irão auxiliar no processo de aprendizado para melhorar a regulação emocional.

Terapias e intervenções

As terapias mais recomendadas para desenvolver essas habilidades são: a terapia comportamental com ABA para crianças, já para jovens e adultos, recomenda-se a terapia cognitivo-comportamental. Também recomenda-se terapia ocupacional para alguns casos.

  • Terapia ABA: auxilia no desenvolvimento de comportamentos para melhorar a comunicação e consequentemente ajuda no processo de interação com as pessoas;
  • Terapia cognitivo-comportamental: através da relação terapeuta – paciente e utilizando técnicas da TCC, jovens e adultos podem aprender sobre como funcionam as suas emoções e pensamentos, de fato, a fim de desenvolver uma forma mais adequada de comunicar o que precisa, que seja mais funcional;
  • Terapia ocupacional: essa modalidade de terapia tem um papel importante no desenvolvimento da regulação emocional, já que utiliza técnicas para trabalhar aspectos relacionados às atividades da vida diária, atividades da vida escolar e vai ensinar brincadeiras importantes para ajudar a criança no dia a dia com situações básicas do cotidiano.

Fonte: Envato/Powerofphotos

A Atividade Física como recurso

Outra alternativa que vem ganhando cada vez mais foco é atividade física. Os exercícios regulares podem ajudar a melhorar alguns aspectos motores e emocionais de pessoas autistas. ²

Para muitos autistas, certas atividades podem ser incômodas do ponto de vista social, principalmente quando elas são praticadas em grupo. Nesses casos, é possível encontrar alternativas que possam ser praticadas em uma única pessoa.

No entanto, há um desafio igualmente limitante que é quando a criança tem alguma comorbidade relacionada às questões motoras, como déficits no equilíbrio ou na coordenação de movimentos. Imagine o quão complicado deve ser o dia a dia de uma criança que não consegue realizar uma atividade básica como: segurar uma colher, amarrar os cadarços ou andar de bicicleta e ainda não conseguir verbalizar sua necessidade.

No entanto, devemos enxergar a insistência na atividade física como uma busca por soluções. A prática dessas atividades contribui, sem dúvida, para o desenvolvimento motor. Logo, irá tornar a rotina da criança mais fácil em alguns aspectos, deixando ela menos suscetível a uma crise de desregulação emocional.

Em 2020, foi publicada uma pesquisa com 27 crianças de 8 a 12 anos direcionada para um grupo de intervenção com exercícios (15 crianças) ou um grupo de controle (12 crianças), no Journal of Autism and Developmental Disorders. O grupo de intervenção recebeu aula de corrida por 12 semanas. Os pais das crianças preencheram a lista de verificação de regulação emocional e a lista de verificação de comportamento infantil pré e pós – intervenção. O grupo da intervenção demonstrou melhora significativa na regulação emocional e redução de problemas comportamentais

Fonte: Envato/NomadSoul1

Por que desenvolver a regulação emocional?

O fato é que, quanto maior for a dificuldade com as emoções, maiores serão os prejuízos.

Uma pessoa desregulada emocionalmente vai ter dificuldade em melhorar aspectos relacionados à atenção, comunicação, resolução de problemas e nas habilidades sociais

Indo ainda mais fundo no problema, a regulação emocional está por trás de problemas emocionais mais graves. Uma pessoa que não trata esse aspecto pode ter prejuízos para si que também impactam as pessoas mais próximas. Estamos falando, na prática, de quadros graves de agressividade, ansiedade, depressão e até ideação suicida.

Portanto, as terapias para autismo exercem uma importância que vai além do que está sendo diretamente trabalhado. Por isso, não deixe de procurar ajuda profissional em qualquer sinal de alerta no desenvolvimento do seu filho. Quanto antes iniciarem investigações e as intervenções, melhores serão os resultados para a vida da pessoa.

Como trabalhar em casa a habilidade de regulação emocional?

Falamos da importância de investir em terapias direcionadas para desenvolver a capacidade de um indivíduo regular suas próprias emoções. Mas o que mais pode ser feito em casa, no dia a dia, que vai ser efetivo e pode beneficiar toda a família?

Existem atividades muito simples que trabalham atenção, foco, interação e melhoram questões sensoriais, são elas:

  • Atividades com tinta: o contato com as cores e a possibilidade de criar desenhos e formas, ajuda a aliviar tensão;
  • Garrafas e brinquedos sensoriais: o uso de materiais com textura, cores ou formas pode ajudar a desenvolver os sentidos, melhorando dificuldades sensoriais. Criar brinquedos com objetos que você tenha em casa, como garrafas com pedrinhas e corante, é simples, lúdico e benéfico.
  • Brincadeiras funcionais: utilizar brincadeiras que auxiliam em dificuldades motoras, de concentração ou de interação ajuda na aquisição de repertório que vai se estender para outros ambientes, evitando possível crises de desregulação emocional.

***

Todos estamos propensos às questões emocionais, mas muitos autistas não desenvolvem os mecanismos de defesa da mesma maneira que pessoas neurotípicas. Os cuidados acima dependem de atenção, alerta, empatia e ajuda profissional. Por isso, este artigo precisa chegar em mais pessoas. Compartilhe os aprendizados com seus amigos e familiares e, depois, continue navegando em nosso Blog. Aproveite para acessar nossos materiais gratuitos para download e siga o Autismo em Dia nas redes sociais.

Referências

1- Science Direct – Acesso em 12/07/2023

2- Springer – Acesso em 12/07/2023

Fala e autismo: entenda quais são os sinais relacionados mais comuns


Postado por Autismo em Dia em 24/jan/2024 - 2 Comentários

Algumas pessoas, quando falam de autismo, costumam relacionar com a questão da fala.  Isto porque, já explicamos algumas vezes por aqui, um dos primeiros sinais que chama atenção dos pais é quando a criança apresenta atraso para começar a falar. Logo, pode ser que os pais também relacionem isso com o espectro autista e comecem a procurar ajuda especializada.

Porém, também é comum acontecer de os pais ouvirem que cada criança fala no seu tempo e, com isso, acabam deixando de procurar uma explicação, podendo atrasar o diagnóstico de autismo.

A seguir, vamos te explicar como é, de fato, a relação entre autismo e fala.

Problemas com a fala e autismo podem ou não estar interligados

Não é sempre que ausência de fala indica autismo. Muitas crianças podem, inclusive, iniciar um ritmo de fala normal e começarem a enfrentar desafios de linguagem posteriormente. Além de considerar o atraso da fala como um indicador, devemos considerar questões relacionadas à dificuldade com expressões faciais e também na utilização de gestos, que tem mais a ver com a comunicação em si.

O uso repetitivo de sons ou uso de palavras soltas podem ser indicadores que complementam a avaliação relacionada à forma da pessoa de se comunicar.

Mais importante do que ficar atentos aos sinais de fala, é importante perceber se há a presença de intenção comunicativa, a vontade de comunicar algo além da fala, por meio de gestos, olhares ou movimentos. Então, a criança que está no espectro apresenta falha nessa intenção comunicativa.

Geralmente, crianças começam a falar por volta de 1 ano , emitindo os primeiros sons. Mas existem outros aspectos importantes que devem ser observados além da emissão de sons e formação de palavras. Para qualquer suspeita na relação entre fala e autismo, recomendamos que busque um profissional da fonoaudiologia para uma avaliação correta. Quanto antes iniciarem as intervenções, mais chances existem de a criança desenvolver uma comunicação funcional.

Fonte: Envato/drazenphoto

Sinais de que autismo e fala podem estar relacionados

Existem pelo menos 5 sinais na fala que são, sem dúvida, indicadores de autismo. Uns podem estar mais relacionados à forma que a pessoa recebe algo que está sendo comunicado, outros estão mais relacionados ao jeito como a pessoa interage com o meio, ou seja, que responde ao que está sendo apresentado em seu entorno. ¹

No entanto, considere a lista abaixo como indicadores que, em caso de autismo, serão somados a outros sinais. Quando qualquer um deles ocorre de forma isolada, provavelmente não é autismo.

1. Não atender ao nome quando chamado

A ausência ou pouca atenção quando é chamado pelo nome, é um dos primeiros sinais que pode fazer ficarmos atentos.

2. Ausência do gesto de apontar com o dedo

Se, como outras, a criança não tem o hábito de apontar para os objetos, isso é um sinal que aponta a possibilidade de a criança estar no espectro.

3. Desenvolvimento mais lento da linguagem

Muitas crianças apresentam um desenvolvimento mais lento no desenvolvimento da linguagem. E, em todos os casos, será necessária a avaliação médica. No entanto, é importante lembrar que existe a possibilidade de o atraso ocorrer em um período razoável, mas também existem atrasos que ultrapassam a normalidade.

4. Ecolalia da fala

Ecolalia é quando a criança repete frases que escuta sem, no entanto, entender e aplicar um significado. Elas apenas reproduzem o que ouvem em desenhos, ou repetem letras de músicas e até falas de pessoas mais próximas. Não é porque são frases prontas que elas são funcionais.

5. Uso de palavras soltas

Pode ser que a criança utilize palavras descontextualizadas, apresentando um conteúdo solto e sem sentido. Isso acontece porque a criança tem dificuldade de interação e na tentativa de se comunicar acabam utilizando palavras que escutam e fazem sentido para si. E é diferente da ecolalia, já que aqui a criança forma a própria sequência de palavras.

apraxia da fala

Fonte: Envato/valeriygoncharukphoto

Apraxia da fala e autismo

Boa parte dos autistas apresenta déficit na comunicação social, algo que pode contribuir com o atraso da fala, pois se ela não se comunica com o meio de forma funcional, logo isso afetará sua oralidade.

Já na apraxia da fala, a criança sabe o que deseja comunicar, mas não consegue fazer os movimentos para emitir os sons e formar palavras.

Este estudo internacional afirma que 63,6% das crianças autistas acabam recebendo diagnóstico de apraxia. Por outro lado, 36,8% das crianças que primeiro são diagnosticadas com apraxia, mais tarde também são diagnosticadas com TEA.²

Ambos são transtornos do neurodesenvolvimento, mas embora eles sejam distintos, um dos sintomas em comum está diretamente ligado à comunicação.²

Quais são as intervenções para as questões relacionadas à fala e ao autismo?

A primeira e mais recomendada intervenção é buscar um(a) profissional da fonoaudiologia. No entanto, você pode se beneficiar das seguintes práticas:

Não espere muito

A criança tem maior atividade neurológica entre 1 ano e 6 meses e 2 anos e 6 meses. Se a intervenção começar nessa fase, de fato, as chances de a criança falar são muito maiores do que se começar mais tarde. No entanto, os resultados não são padronizados. Ainda que duas crianças passem pelo mesmo modelo de intervenção, nem sempre o ritmo de evolução será igual.

Estimule outras formas de comunicação

A fala é uma das etapas da comunicação, mas antes de ela acontecer é importante que se trabalhe questões relacionadas ao contato visual, a atenção compartilhada com objetos e pessoas, intenção comunicativa, imitação e o brincar simbólico, ou seja, como a criança dá significado às coisas através do brincar.

Fonte: Envato/ Prostock-studio

E se você não tiver ajuda profissional?

Caso você não consiga começar a intervenção profissional no momento mais adequado, você pode seguir algumas dicas que também estão presentes no nosso material de apoio. 

  • Incentive a criança a colocar você no campo de visão dela. Busque objetos que chamem atenção dela, colocando em frente ao seu rosto, incentivando que ela olhe para você;
  • Comece a vocalizar sons simples, como os sons das vogais: AAAAA, EEEEE, IIIIIII, OOOOOO, UUUUU;
  • Quando chamar a criança pelo nome e ela te atender, brinque com ela, expresse que você ficou feliz por ela atender pelo nome;
  • Estimule as primeiras palavras atendendo às necessidades da criança, com coisas ou brinquedos que elas gostem muito. Isso é o que os terapeutas chamam de reforçador de alta magnitude. A criança tende a encontrar uma forma de conseguir o que deseja;
  • Se a criança chorar ao invés de falar, não deixe que o choro substitua a fala ou um modo de se comunicar que seja mais funcional;

Sem dúvida, todo pai, mãe e cuidadores desejam que seus filhos se tornem mais independentes. E essa independência aumenta à medida que se desenvolve a comunicação, seja ela verbal ou não verbal. Sabemos que não é nada fácil lidar com momentos de espera, intervenções e desenvolvimento de habilidades, mas é importante entendermos que existe um caminho a ser trilhado e com ajuda pode ser muito mais fácil.

Esperamos que você tenha gostado do conteúdo e que, se necessário, possa ter o auxílio de um profissional. Siga o Autismo em Dia nas redes sociais para acompanhar todos os assuntos que compartilhamos por lá sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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Até a próxima!

 

Referências:

1- Abamais – acesso 04/07/2023

2- DrauzioVarella – acesso em 04/07/2023

3- Educamaisbrasil – acesso em 04/07/2023

4- Scielo – acesso em 15/08/2023

 

 

Uso de telas para crianças autistas: pontos positivos e negativos


Postado por Autismo em Dia em 22/jan/2024 - Sem Comentários

Muitas escolas têm apostado no uso de telas como ferramenta de aprendizagem. Pais e cuidadores frequentemente, de forma parecida, recorrem aos dispositivos para brincar e interagir através dos vídeos e aplicativos. Não só para crianças neurotípicas, mas também para as neurodivergentes, quando utilizamos os dispositivos eles se tornam muito eficazes para chamar atenção com jogos educativos e vídeos envolventes. Porém, quando sem supervisão, a exposição aos dispositivos pode ser prejudicial para o desenvolvimento infantil.

Resultados de uma pesquisa relataram que uma porcentagem maior de indivíduos com TEA interage com dispositivos durante seu tempo livre em comparação com seus pares neurotípicos (Mazurek et al., 2012). Além disso, crianças com TEA tendem a usar os dispositivos por muito mais tempo do que seus pares neurotípicos, levando a uma alta dependência de tela (Dong et al., 2021).¹

Para avaliar essa dependência, é importante ver se a criança está ignorando ou interrompendo as necessidades básicas do dia a dia, se causa frustração quando não consegue ter tempo de tela quando deseja e/ou se prejudica seu desenvolvimento geral (motor, comunicação, social, emocional, cognitivo ).

Para entender melhor esse assunto, vamos explicar, a seguir, onde estão as vantagens e as desvantagens do uso das telas por autistas.

Uso de telas e autismo

Fonte: Envato/svitlanah

Vantagens do uso de telas

Não existe só um ponto positivo do uso de dispositivos para crianças com TEA, mas sim vários. Um deles é que os  aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa auxiliam na comunicação e promovem maior independência. A tecnologia assistiva ajuda na expressão de suas necessidades e promove movimento para iniciarem interações por meio de pistas visuais (por exemplo, imagens, palavras e linguagem de sinais), principalmente quando se trata de crianças com dificuldade de comunicação verbal.

Além disso, os dispositivos possibilitam o acesso a alternativas para aprender conceitos acadêmicos e habilidades sociais em um ritmo adequado, podendo ser adaptados ao interesse individual e níveis funcionais. 

Há, ainda, um aspecto menos estimulante e igualmente interessante. Quando usados ​moderadamente, os dispositivos podem ajudar a se acalmar quando estão em perigo. E isto pode ser feito por meio do uso de músicas, vídeos e jogos que lhes são familiares.

Os contras de uso de dispositivos

Lembrando aquela máxima de que a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade, também podemos apontar as contraindicações.

Tempo excessivo de exposição às telas ou quando os dispositivos são usados ​​de forma inadequada podem causar efeitos negativos para crianças com TEA. Quando apresentam alta dependência de tela, por exemplo, podem perder o interesse por outras atividades que estejam desenvolvendo outras questões e que, sem a adição da tela, poderiam ser igualmente prazerosas.

Além disso, a alta exposição também está associada à super estimulação por conta das luzes e sons, capazes de causar distúrbios do sono e dificuldades na regulação emocional.

Essas situações específicas podem resultar em problemas maiores no futuro se não forem feitas intervenções precoces. Por exemplo, as dificuldades de regulação emocional podem levar à agressão. Além disso, se uma criança fica presa a uma longa sequência de vídeos que não provocam reações, ou seja, aqueles menos interativos, ela pode desenvolver uma espécie de zona de conforto em que não sente necessidade de usar linguagem, movimentos corporais e habilidades sociais. 

Estratégias para ser uma boa experiência

Sabemos que desacostumar uma criança de telas pode ser difícil, até mesmo quando um adulto também passa a achar cômodo uma criança com atração retida. No entanto, sempre há um jeito de mudar as coisas. A seguir, uma lista de estratégias para fazer das telas ótimas experiências para os autistas.

  • Atribua um limite de horas por dia (2 a 3 horas no máximo é um número razoável);
  • Inclua o tempo de tela em uma rotina estruturada em que a criança saiba em qual horário ela poderá ter esse entretenimento a partir de um horário fixado por você;
  • Evite permitir que o tempo de tela fique muito próximo da hora de dormir. O ideal é que na última meia hora acordada a criança fique longe de qualquer estímulo;
  • Utilize o tempo de tela como um recurso para reforçar um comportamento desejado;
  • Preencha os dias com atividades variadas. Passear ao ar livre, pintar, brincar e inventar atividades novas. Mostre à criança que ela pode se entreter também de formas analógicas]
  • Procure usar jogos e aplicativos que permitam a socialização;
  • Sempre monitore o conteúdo que está sendo visto. Existem muitos conteúdos que, apesar de terem uma estética infantil, são pensados para o público adulto.
telas

Fonte: Envato/monkeybusiness

Aplicativos que ajudam crianças com TEA²

E, como falado no início, existem alguns aplicativos direcionados para autistas que podem trazer grandes benefícios ao desenvolvimento. Sem dúvida, eles funcionam como ferramentas que ajudam a complementar algumas habilidades trabalhadas em terapias.

1- Matraquinha

Um aplicativo brasileiro criado no ano de 2018 por familiares de uma criança autista, que é muito utilizado para auxiliar crianças na questão da comunicação. Nele, a criança consegue achar formas alternativas de expressar alguma necessidade ou emoção. Ajuda a criar mais independência e também promove mais educação emocional.

Baixe aqui para Android.

Baixe aqui para Iphone.

2- Jade Autism

Neste aplicativo, você consegue auxiliar a criança com questões cognitivas. O app funciona com a lógica de aumentar a percepção visual, já que ela estimula a capacidade de memória e associação de imagens.

Baixe aqui para Android.

Baixe aqui para Iphone.

3- Story Creator

É um aplicativo que permite que o autista se expresse por via de desenhos, fotos, vídeos, áudios e textos. A criança, através do app, consegue, também, compartilhar com outras pessoas aquilo com que ela mais se identificou, promovendo a interação e troca.

Baixe aqui para Iphone.

4- Choiceworks

Este é um aplicativo para estruturar a organização das rotinas diárias. É um sistema que oferece apoio visual para ajudar as crianças a entenderem o que deve ser feito.

Baixe aqui para Iphone.

5- ABA Flashcards

O ABA Flashcards, como o próprio nome diz, se conecta com o sistema ABA e contém uma variedade de cartões com imagens e áudio que ajudam na compreensão de conceitos básicos, como cores, formas, letras, números e muito mais.

Baixe aqui para Android.

***

Seja através do uso de telas para assistirem vídeos ou para uso de aplicativos, é importante saber que as respostas de uso adequado e uso excessivo podem ser diferentes para cada criança. No entanto, basta conhecer a criança e suas habilidades para fazer as escolhas mais estratégicas e conscientes de inserção de telas na rotina.

Além disso, também é importante saber quando utilizar sua autoridade para diminuir ou até mesmo suspender o uso. Por exemplo, em casos de sobrecarga sensorial. Fique atento a qualquer anormalidade provocada pelo acesso às telas.

E, ainda, pais e cuidadores devem garantir a aplicação correta das faixas-etárias de cada aplicativo ou tipo de vídeo. Lembre-se que você, o adulto, é quem está no controle dos bons e dos maus resultados.

Esperamos que tenha gostado desse tema, tão discutido e relevante atualmente. Comente o que achou e como é essa questão das telas em sua rotina!

Aproveite que está por aqui e continue navegando pelo nosso blog.  Você também pode conferir os demais materiais que estão disponíveis para download gratuito clicando aqui.

Até a próxima!

 

Referências:

1 – Healis Autism Centre:  acesso em 30/05/2023

2 – Tismoo – acesso em 31/05/2023

Tratamento e terapias para autismo: o relato de uma mãe que nunca mediu esforços


tratamento e terapias para autismo história real

Postado por Autismo em Dia em 19/jan/2024 - Sem Comentários

Hoje o nosso quadro de proTEAgonistas conta a história da paranaense Lorençah Jaqueline, mãe do João Emanuel, de 4 anos. Ela, que trabalha em casa por motivos de saúde, nos ensina a importância da estimulação em casa, além dos tratamento e terapias para autismo.

Segundo os médicos, devido a um adenoma de hipófise, ela não poderia ter filhos. Por isso, quando engravidou, acharam que era câncer. Mas no ultrassom ela e os médicos puderam ouvir as batidas do coração do menino pela primeira vez. Para ela foi, de fato, uma surpresa, já que era, sim, uma gravidez de risco. Mas ela mal poderia esperar por uma surpresa ainda maior: o diagnóstico do autismo em seu filho. Uma jornada que ela vive apenas no seu núcleo familiar, que conta também com seu esposo, já que seus pais já são falecidos e sua única irmã vive no estado de São Paulo.

Acompanhe com a gente essa história!

O início do diagnóstico 

Para Lorençah, entender e aceitar os primeiros sinais, foi angustiante.

“Quando João completou 1 ano eu já havia percebido que João era diferente”, conta Lorençah. “eu chamava por ele e ele não respondia. A risada era diferente e ele também tinha crises… mas para a gente era birra. A gente nem imaginava que o autismo existia. Então, comecei a pesquisar através dos sintomas que ele estava apresentando, na internet, e apareceu o autismo. Eu não quis acreditar, até porque é algo que a gente quer deixar de lado. No começo, eu não queria ter um filho com autismo. Eu comentava com o meu marido e ele dizia que eu estava ficando louca, que estava colocando defeito no nosso filho.”

Tratamento e terapias para autismo

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Lorençah Jaqueline

O maior sinal percebido pelos pais

Como João tinha bastante dificuldade com a fala, os pais o levaram em vários pediatras e todos diziam que era normal. Diziam, também, que ele não socializava devido ao contexto da pandemia e  os meninos demoram mais para começar a falar. Mas o coração de mãe de Lorençah sentia que essas informações não condiziam com a realidade.

“Um dia, eu fui numa odontopediatra com o João e ela viu que a língua dele estava presa. Ele passou por uma cirurgia na língua. Mas não era só uma frenectomia simples, foi algo mais profundo, porque deu 6 pontos. Aí pensamos: agora ele vai falar, mas ele não falou. Foi aí que começou o sinal de alerta. Nós levamos ele na fonoaudióloga e ela disse que acreditava que ele era autista. Na mesma época, ele começou a ir à creche, e na creche eu contei que estava com dificuldade e que eu desconfiava do autismo. Pedi ajuda para que eles observassem, também”.

Alguns dias depois, Lorençah foi chamada na creche pela diretora com a presença de uma psicóloga e ouviu: “Olha, você já sabe que o João é um pouco diferente das outras crianças, a gente tem suspeita que ele seja autista, seria bom marcar um neurologista.” Para sua sorte, Lorença conseguiu uma consulta no mesmo dia, e logo veio a confirmação do diagnóstico.

Para Lorençah, o chão se abriu. “Por mais que eu já soubesse que o João era autista, eu não queria acreditar.”

Qual é o nível de autismo de João?

Quando João recebeu o diagnóstico, tendo apenas 3 anos e 11 meses, foi posto que ele tinha nível 2 de suporte. Ele não falava e parecia “desligado” do mundo ao seu redor. Por conta disso, a neurologista encaminhou João com o laudo para uma APAE (Associação de Pais e Amigos). Lá, por também terem diagnosticado com o Nível 2 de suporte, João começou a passar por estimulações como fonoaudiologia, fisioterapia e psicologia. De lá para cá, João teve muitos avanços. Porém, permanece não verbal.

Lorençah e seu marido acharam que logo tudo iria passar, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Tal como é para tantas famílias, essa fase foi bem difícil para o casal, que vive o que muitos profissionais definem como uma fase de luto.

O contato com tratamento das comorbidades e as terapias para autismo

Enquanto descobria o tanto de intervenções possíveis, das quais algumas já estavam disponíveis pela APAE de Barracão, cidade onde moram, Lorençah relata que não sabia direito onde mirar.

“Eu queria colocar João em todas as terapias possíveis. Mas veio o grande choque sobre as terapias, elas são caras! Depois, veio uma decepção maior ainda: a região onde moramos é escassa de profissionais na área e eu considero que o conhecimento sobre autismo é muito superficial. Por um tempo, eu fiquei em desespero.”

A saída do casal foi, de fato, correr atrás de entender o autismo pelos seus próprios meios, buscando todo conhecimento possível. Como não tinham para onde correr, estudaram, fizeram cursos gratuitos, cursos mais baratos de atendimento terapêutico e conversavam com professores para aprender mais.

Começaram a estimular João em casa, o dia todo. Lorençah conta que todos os movimentos que fazem em casa são narrados e que a casa é equipada para o aprendizado do João.  O primeiro desafio deles foi entender qual era, na prática, o nível de dependência que João tinha e como isso impactaria o início das práticas do lar. Foi então que observaram que ele é uma criança muito visual e investiram em formas de comunicação para essa característica. Hoje, esse processo é ainda mais fácil porque João já adquiriu a habilidade de imitação e isso continua ajudando no aprendizado de palavras.

Autismo em Dia - ProTEAgonistas

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Lorençah Jaqueline

Um turbilhão de sentimentos

Essa falta de interação entre o filho e os pais, no início, foi muito frustrante para o casal. “Porque a gente sempre pensa em fazer o melhor para o filho e parecia que a gente era incapaz e inútil na vida dele. Mas eu pensava: vamos continuar, persistir e insistir. E a gente aprendia o valor da insistência diariamente.”

Atualmente, João está em uma fila de espera por terapias, mas sua mãe conta que, tanto pelo particular quanto pelo SUS, não existe atendimento prioritário. Afinal, alega-se que há um grande volume de crianças com necessidades físicas que, na teoria, seriam mais importantes, o que colocaria João mais para trás na ordem de espera. 

Mesmo assim, os pais de João optaram em não esperar de braços cruzados, pois já sabem da importância da estimulação precoce e, por isso, começaram as intervenções em casa.

O avanço com as estimulações em casa

Segundo Lorençah, João tem andado muito esperto.

“Ele está se comunicando mais é já é uma comunicação funcional, pois é feita de uma forma que tenha significado para ele e para nós. Por exemplo, quando ele quer comer algo ele já sabe pedir, quando quer brincar de alguma coisa ele já sabe pedir. Ele vem por si só interagir conosco, pedindo para brincar de jogar bola ou fazer guerra de travesseiro. Então, isso tudo é uma vitória. Porque antes ele não tinha nada disso, ele era uma criança totalmente alheia e apagada, sem contato visual nenhum e sem linguagem com função alguma.”

Quanto ao desfralde, isso aconteceu de forma natural, sem ajuda de algum tipo de tratamento ou terapias para autismo. No começo, ele não queria ser desfraldado. Mas, num dia, de repente, ele acordou, tirou a fralda sozinho e, desde então, nunca mais colocaram a fralda nele. E quanto ao uso do banheiro, João já consegue ir sozinho para fazer todas as necessidades.

Sua mãe relata que João é uma criança inteligente, sorridente, tem brilho nos olhos, sabe o que quer e o que gosta. Entende quando é repreendido, entende quando não pode fazer algo porque os comportamentos inadequados foram sendo trabalhados. Lorençah tem consciência do quanto saber esperar é um desafio para os autistas em geral, portanto reconhece que isso foi uma vitória, pois para ela e para o marido, João ainda é como um bebê, é uma criança em desenvolvimento.

Ela reforça o quanto essa etapa não foi fácil e se emociona ao pensar no desafio que é lidar com uma criança autista sem todo o aporte de terapia e horas necessárias para as intervenções e complementa que quando a criança não é estimulada, corre-se o risco de aumentar o nível de suporte. Ela conta, ainda, que recorreu aos medicamentos por conta da agressividade que ocorriam pelas crises e que o método tem, sim, ajudado bastante no controle dos momentos difíceis.

Estimulação em casa - tratamento e terapias para autismo

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Lorençah Jaqueline

O universo de João aos olhos da mãe

No mais, ainda há bastante espaço para o encantamento como de qualquer criança. Ele frequenta a escola regular e fica feliz por passear na praça e comer churros na volta da escola. Adora brincar ao ar livre, rolar na grama e brincar com animais como cachorro, gato e papagaio. E a mãe ainda vê com bons olhos o fato de ele nunca ter apresentado um hiperfoco ou ter sinais de seletividade alimentar. 

“Se eu fosse o João eu diria que eu sou feliz, que vejo o mundo de uma forma alegre, inocente, sem maldade e que todos os olhares tortos e o preconceito não me atingem… ele tem, mesmo, muita alegria e amorosidade dentro dele”.

A maior lição aprendida aos olhos de Lorençah

Hoje, através de sua conta no Instagram, Lorençah incentiva pais e mães a se conectarem com seus filhos e com suas particularidades. Seus conteúdos buscam mostrar a importância de prestar atenção nas necessidades da criança para ampliar os horizontes e ajudar na evolução. E como nenhum autista é igual a outro, ela ajuda outros pais e mães a observarem seus filhos para enriquecer o repertório das crianças através da estimulação personalizada.

***

E aqui encerramos mais uma grande e emocionante história! Para ler mais histórias reais, veja aqui todo mundo que já passou pelo nosso quadro de proTEAgonistas. E, para expandir seu conhecimento sobre autismo, acompanhe o Autismo em Dia no Instagram!

Terapia Sensorial para Autismo: Como os estímulos sensoriais melhoram a qualidade de vida


Postado por Autismo em Dia em 15/jan/2024 - Sem Comentários

Você sabia que a terapia sensorial para o autismo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de crianças com TEA? Além disso, muitas vezes, crianças com autismo enfrentam desafios na interpretação e adaptação aos estímulos sensoriais de seu ambiente, podendo afetar seu aprendizado, habilidades sociais e comportamento de maneira geral. Assim, por conta disso, a terapia sensorial pode ser uma ferramenta eficaz para ajudar essas crianças a identificar, processar e regular esses estímulos sensoriais, permitindo que elas se desenvolvam de maneira mais harmônica e equilibrada.

Por isso, neste artigo, exploraremos mais profundamente como a terapia sensorial pode ser benéfica para crianças com autismo, abordando os diferentes tipos de estímulos sensoriais utilizados nessa terapia, como o toque, sons, aromas e movimentos, e como esses estímulos podem influenciar positivamente o desenvolvimento das crianças. Por último, discutiremos as várias técnicas utilizadas na terapia sensorial e como os pais e profissionais podem implementá-las no dia a dia.

Foto: Envato/bialasiewicz

O que é terapia sensorial?

A terapia sensorial, também conhecida como terapia de integração sensorial, é uma forma de tratamento que se concentra em ajudar as pessoas com dificuldades de processamento sensorial, como os autistas. Ajuda a entender e responder melhor aos estímulos sensoriais. Nesse contexto, essa terapia tem o objetivo de criar um sistema sensorial mais organizado e eficiente, permitindo que os indivíduos se desenvolvam melhor.

Esse tratamento envolve geralmente o uso de vários estímulos sensoriais, como toque, sons, aromas e movimentos, para ajudar as pessoas com autismo a regular suas respostas a esses estímulos. Por meio da exposição controlada e estruturada a estímulos sensoriais, os terapeutas podem ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades de processamento sensorial e melhorar seu desempenho como um todo.

Como resultado, essa terapia é normalmente adaptada às necessidades específicas de cada um. Os terapeutas usam uma combinação de técnicas, atividades e intervenções para lidar com as dificuldades  e buscam promover mudanças positivas no comportamento, na cognição e na interação social.

Nesse sentido, conheça, também, sobre Acompanhante terapêutico: 7 benefícios para o autismo.

Portanto, vamos nos aprofundar no impacto das dificuldades de processamento sensorial em crianças com autismo e em como a terapia sensorial pode lidar com esses desafios.

Entendendo o autismo e seu impacto no processamento sensorial

Como abordamos no artigo Entender o autismo para apoiar e acolher, o autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição de neurodesenvolvimento que afeta a interação social, a comunicação e o comportamento. Ele é caracterizado por uma ampla gama de sintomas e desafios, sendo as dificuldades de processamento sensorial uma das características comuns. 

Crianças com autismo frequentemente exibem sensibilidades sensoriais distintas ou comportamentos de busca de estímulos.  Algumas delas podem ser hipersensíveis a estímulos sensoriais específicos, como barulhos altos ou luzes brilhantes, enquanto outras podem buscar experiências sensoriais intensas, como girar ou balançar. Essas variações no processamento sensorial podem ter um impacto significativo em suas atividades diárias, tornando desafiadora a interação com o ambiente e a participação em atividades comuns.

Imagine uma criança com autismo que fica sobrecarregada com o som de um alarme de incêndio. Em vez de percebê-lo como um ruído alto temporário, ela pode sentir extrema angústia e ter dificuldade para processar as informações. Isso pode levar à ansiedade, a crises de colapso ou a comportamentos de evitação. Ao compreender o impacto das dificuldades de processamento sensorial em crianças com autismo, podemos começar a avaliar a importância da terapia sensorial no apoio ao seu desenvolvimento. 

A conexão entre os estímulos sensoriais e o desenvolvimento infantil no autismo

Uma menina sentada no colo de sua mãe enquanto ouve música e pinta um desenho com tinta.

Foto: Envato/YuriArcursPeopleimages

Os estímulos sensoriais desempenham um papel crucial no desenvolvimento infantil, e isso é especialmente verdadeiro para crianças com autismo. As experiências sensoriais fornecem a base para o aprendizado, a interação social e a regulação emocional. Quando as crianças com autismo têm dificuldade para processar estímulos sensoriais, isso pode prejudicar seu desenvolvimento em várias áreas.

Por exemplo, as dificuldades no processamento sensorial podem afetar a capacidade da criança de se concentrar em tarefas, impactando negativamente seu aprendizado e desempenho acadêmico. Além disso, sensibilidades sensoriais também podem interferir nas interações sociais, uma vez que certos estímulos  podem desencadear ansiedade ou desconforto em contextos sociais. Outra coisa, é que os comportamentos de busca sensorial podem perturbar as rotinas diárias e restringir o envolvimento da criança com o ambiente.

Portanto, ao abordar as dificuldades de processamento sensorial por meio da terapia sensorial, podemos ajudar as crianças com autismo a desenvolver as habilidades necessárias para lidar com suas experiências sensoriais de forma mais eficaz. Isso, por sua vez, pode ter um impacto positivo em seu desenvolvimento geral e em sua qualidade de vida.

Benefícios da terapia sensorial para crianças com autismo

A terapia sensorial oferece inúmeros benefícios para crianças com autismo. Por isso, a seguir, vamos explorar alguns dos principais benefícios da terapia sensorial:

1. Integração sensorial aprimorada:

A terapia sensorial vai ajudar as crianças com autismo a integrar e dar sentido às informações sensoriais de seu ambiente. Sendo assim, ao expô-las gradualmente a vários estímulos sensoriais, os terapeutas podem ajudá-las a desenvolver sistemas sensoriais mais organizados e eficientes.

2. Autorregulação aprimorada:

Ao longo  desse tratamento, é fornecido às crianças estratégias para regular suas respostas aos estímulos sensoriais. Assim, elas aprendem a se acalmar e a gerenciar a sobrecarga sensorial ou a sensibilidade, promovendo a regulação emocional e reduzindo a ansiedade.

3. Aumento da atenção e do foco:

As atividades e intervenções desse modelo de terapia podem melhorar a capacidade da criança de prestar atenção às tarefas e se concentrar. Então, ao abordar as dificuldades de processamento sensorial, as crianças podem se envolver melhor em atividades acadêmicas e de aprendizado.

4. Aprimoramento das habilidades sociais:

A terapia sensorial pode ter um impacto positivo nas interações sociais da criança. Dessa forma, ao tratar as sensibilidades sensoriais ou os comportamentos de busca, as crianças podem participar mais confortavelmente de situações sociais, o que leva a um melhor engajamento social em relacionamentos.

5. Aprimoramento das habilidades motoras:

Por fim, a terapia sensorial geralmente envolve movimentos e atividades que promovem o desenvolvimento de habilidades motoras. As crianças com autismo podem melhorar sua coordenação, equilíbrio e consciência corporal por meio de intervenções sensoriais específicas.

Apesar desses serem apenas alguns exemplos dos benefícios que a terapia sensorial pode proporcionar às crianças com autismo, os mais específicos variam conforme as necessidades e os objetivos do indivíduo. 

Tipos de técnicas e intervenções de terapia sensorial para o autismo

Há vários tipos de técnicas e intervenções de terapia sensorial que podem ser usadas para apoiar crianças com autismo. Afinal, elas visam fornecer exposição controlada a estímulos sensoriais e ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades de processamento sensorial. Nesse sentido, algumas das técnicas comumente usadas incluem:

1. Terapia de pressão profunda:

Essa técnica envolve a aplicação de pressão firme e suave no corpo usando cobertores com peso, coletes de compressão ou massagens de pressão profunda. Essa abordagem de pressão profunda pode ajudar a acalmar e regular o sistema nervoso, reduzindo a ansiedade e as sensibilidades sensoriais.

2. Dieta sensorial:

Uma dieta sensorial é um plano personalizado que envolve a incorporação de atividades sensoriais específicas na rotina diária da criança. Por meio dessa estratégia, essas atividades podem incluir técnicas de escovação, balançar, pular em trampolins ou se envolver com brinquedos sensoriais. Nesse contexto, a dieta sensorial pretende fornecer uma quantidade equilibrada e adequada de estímulos sensoriais ao longo do dia.

3. Terapia de integração auditiva:

Essa terapia se concentra em melhorar o processamento auditivo e a sensibilidade. Portanto, ela envolve a audição de música especialmente projetada ou programas de terapia sonora que expõem gradualmente a criança a uma gama de frequências e intensidades. O propósito da terapia de integração auditiva é regular as respostas auditivas e aprimorar as habilidades de comunicação.

4. Suportes visuais:

Os suportes visuais, como cronogramas visuais, histórias sociais e dicas visuais, podem ser benéficos para crianças que têm dificuldade em processar informações verbais. Dessa forma, esses recursos visuais fornecem informações claras e previsíveis, ajudando a entender as expectativas e reduzindo a ansiedade.

É importante observar que cada criança é única, e a terapia deve ser adaptada às suas necessidades e preferências específicas. 

Quanto aos pais e/ou responsáveis, eles podem criar um ambiente sensorialmente amigável em casa e na escola, seguindo as seguintes considerações:

Uma menina praticando a pronunúncia com uma mulher segurando um quadro com a letra "A" escrita nele.

Foto: Envato/bialasiewicz

Criação de um ambiente favorável aos sentidos em casa e na escola

A criação de um ambiente favorável aos sentidos é essencial para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar das crianças com autismo. Então, um ambiente sensorialmente amigável leva em conta as necessidades sensoriais do indivíduo e oferece um espaço onde ele pode se sentir confortável e regulado. Portanto, aqui estão algumas dicas para criar um ambiente sensorialmente amigável em casa e na escola:

Em casa:

  • Designe um espaço calmo: crie uma área tranquila em casa para onde a criança possa se retirar quando se sentir sobrecarregada. Essa área pode ser equipada com ferramentas sensoriais, como almofadas macias, cobertores com pesos ou brinquedos de agitação.
  • Controle a entrada sensorial: minimize o excesso de estímulos ambientais, como luzes brilhantes, ruídos altos ou odores fortes, que podem desencadear sensibilidades sensoriais. Para isso, use cortinas ou persianas para controlar a luz natural, reduzir o ruído de fundo e evitar aromas fortes.
  •  Proporcione experiências sensoriais: incorpore atividades sensoriais à rotina diária da criança. Isso pode incluir atividades como pintar com os dedos, brincar com caixas sensoriais ou usar massa de modelar sensorial. Essas atividades podem ajudar a criança a regular suas respostas sensoriais e proporcionar experiências agradáveis.

Na escola:

  • Crie uma sala de aula favorável aos sentidos: colabore com os professores e a equipe da escola para criar um ambiente de sala de aula que dê suporte às necessidades sensoriais. Você pode envolver o uso de atividades visuais ou a oferta de opções de assentos alternativos, como sacos de feijão ou bolas de exercícios.
  • Educar os colegas: promova a compreensão e a aceitação entre os colegas, instruindo-os sobre as dificuldades de processamento sensorial e o autismo. Com o incentive dos colegas de classe a serem solidários e inclusivos, você estará criando um ambiente social positivo para crianças com autismo.
  • Colaboração com terapeutas: trabalhe em conjunto com terapeutas ocupacionais ou outros profissionais envolvidos na terapia sensorial da criança para implementar estratégias e intervenções no ambiente escolar. Essa comunicação e a colaboração regular entre os pais, os responsáveis e a equipe da escola são fundamentais para o sucesso da criança.

Ao criar um ambiente favorável aos sentidos, tanto em casa quanto na escola, podemos oferecer às crianças com autismo o apoio de que precisam para atingir todo o seu potencial.

Obrigado pela leitura!

Espero que esse tempinho que você levou lendo esse conteúdo tenha valido a pena. Hoje nós vimos que a terapia sensorial é uma ajuda muito importante para as crianças com autismo. Sabe aquelas dificuldades que elas têm em lidar com os sentidos? Essa terapia usa toques, sons, cheiros e movimentos para ajudar as crianças a entender e controlar melhor os sentidos. Assim, elas aprendem mais, melhoram suas habilidades sociais e se comportam melhor no dia a dia. Além disso, temos um outro artigo aqui no Autismo em Dia que aborda Como o autismo afeta as habilidades sociais.
Aliás, você já nos segue em nossas redes sociais? No nosso perfil do Instagram, compartilhamos conteúdos diários relacionados ao universo autista. Se você ainda não nos acompanha, eu te convido a fazer parte ativa da nossa comunidade. 
Até mais! 🙂

Autismo e Gravidez: causas possíveis e orientações


Postado por Autismo em Dia em 12/jan/2024 - Sem Comentários

O encontro entre “autismo e gravidez” traz consigo uma série de preocupações únicas que merecem atenção e orientação especializada: ‘‘Como levar a gestação atenta aos sinais e quais são as implicações genéticas a serem consideradas?”.
Hoje vamos explorar os sinais do autismo durante a gravidez, fornecer dicas para cuidar da sua saúde e orientá-la a se preparar para o futuro.

Entender os sinais de autismo durante a gravidez é importante para orientar ações futuras relacionadas a um possível diagnóstico. Portanto, se autoconhecer na gestação é essencial para garantir o melhor desenvolvimento da barriga até os primeiros anos de vida.

Sinais e sintomas de autismo na gravidez

É importante observar que o diagnóstico de autismo geralmente não é feito durante a gravidez. No entanto, existem alguns indicadores que podem ser observados durante a gestação.

Um dos sinais que pode estar presente durante a gravidez é a diminuição dos movimentos fetais. Embora seja importante não entrar em pânico caso perceba menos movimentos, é sempre aconselhável entrar em contato com seu médico para obter orientações, segundo o Medscape

Outro sinal pode ser a presença de anomalias estruturais no cérebro fetal, sistema urinário, coração dentre outros órgãos que podem ser detectadas por meio de exames de ultrassom. Essas anomalias podem indicar um maior risco de autismo, mas é importante ressaltar que nem todos os casos de anomalias estruturais estão relacionados ao transtorno.

A importância da detecção e intervenção precoces

A partir da percepção de que na gestação alguns dos sinais abordados acima foram constatados, após o nascimento do bebê, cuidados maiores precisam ser realizados, como a detecção precoce.  Essa análise é fundamental para que as intervenções adequadas possam ser iniciadas o mais cedo possível. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais cedo a criança poderá receber apoio e terapias especializadas.

Se você suspeitar que seu filho possa ter autismo, é importante buscar uma avaliação por profissionais especializados. Uma Avaliação² pode envolver observação direta da criança, questionários e testes padronizados.

É importante lembrar que cada criança é única e o desenvolvimento pode ocorrer em ritmos diferentes. No entanto, se você tiver preocupações específicas sobre o desenvolvimento do seu filho, não hesite em buscar orientações de profissionais de saúde. 

Cuidando de sua saúde durante a gravidez: Genética e ambiente

Sabe-se que o autismo envolve causas genéticas e ambientais, ou seja, o que acontece durante a gestação, como alimentação e hábitos podem estarem envolvidos com um futuro diagnóstico de autismo

Embora ainda haja muita incerteza sobre a causa exata do autismo na gravidez, estudos³ sugerem que uma dieta equilibrada e saudável, com ênfase em ácido fólico, pode ajudar a reduzir o risco de autismo. Além disso, evitar o consumo de álcool, tabaco e drogas durante a gravidez também pode ajudar.

É igualmente importante cuidar da sua saúde mental durante a gravidez. O estresse pode afetar tanto você quanto o bebê, por isso é essencial encontrar maneiras de relaxar e lidar com o estresse. Praticar exercícios físicos adequados para gestantes, como caminhadas leves ou ioga, e buscar apoio emocional, seja por meio de familiares, amigos ou grupos de apoio, pode ser muito benéfico. Para entender mais, leia sobre traumas e estresse na gestação.

Foto: Envato/imagesourcecurated

Preparando-se para um possível diagnóstico de autismo

Segundo estudos recentes, a prevalência do TEA tem aumentado consideravelmente, é aproximadamente 1 em cada 54 indivíduos. Dessa forma, receber o diagnóstico de autismo pode trazer uma série de emoções e preocupações. É importante lembrar que, embora o diagnóstico possa parecer avassalador, existem muitos recursos e apoio disponíveis para você e seu filho.

Uma das etapas mais importantes é educar-se sobre o autismo, então entender as necessidades específicas do seu filho. Existem muitos livros, cursos e grupos de apoio que podem fornecer informações e orientações úteis.

Além disso, é essencial construir uma rede de suporte, tanto para você quanto para seu filho. Conectar-se com outros pais de crianças com autismo pode ser uma fonte valiosa de apoio e compartilhamento de experiências. Grupos de apoio presenciais ou on-line podem fornecer um espaço seguro para fazer perguntas, compartilhar preocupações e obter conselhos práticos.

Recursos de apoio para pais de crianças com autismo

Existem muitos recursos disponíveis para pais de crianças com autismo. Organizações sem fins lucrativos, como a Polen, geralmente fornecem informações, suporte e auxílio para famílias.

Além disso, muitas comunidades têm centros de intervenção precoce que oferecem terapias especializadas para crianças com autismo, incluindo a terapia ocupacional, da fala e comportamental.

Não hesite em entrar em contato com essas organizações e centros para obter orientações e informações sobre os serviços disponíveis em sua região.

Foto: Envato/biasciolialessandro

Conclusão

A gravidez é um período de muitas emoções e expectativas, mas também pode ser um momento de preocupações e dúvidas. No entanto, com o conhecimento adequado e o apoio necessário, você pode se sentir mais confiante e preparada para enfrentar todos os desafios que possam surgir.

Por fim, lembre-se de que cada criança é única e o autismo é apenas uma parte dela. Com amor, apoio e as estratégias adequadas, você pode ajudar seu filho a alcançar seu pleno potencial e a ter uma vida feliz e saudável.

Ah, se você quer receber mais conteúdos sobre o espectro autistas e todo o mundo ao seu redor, nos siga em nosso Instagram e fique de olho aqui no blog do Autismo Em dia, estamos sempre trazendo atualizações e conteúdos interessantes! XD

Referências:

1- Medscape – acesso em: 31/10/2023;

2- Autismo em Dia – acesso em: 31/10/2023;

3- ProMatre – acesso em: 31/10:2023;

4- IPqhc – acesso em: 31/10/2023;

5 – Autismo e Realidade – 31/10/2023;

6 – Polen – acesso em: 31/10/2023.

Compreendendo a rotina e repetição na vida de autistas


Postado por Autismo em Dia em 10/jan/2024 - Sem Comentários

Entender a rotina e a repetição na vida de pessoas autistas é essencial para promover um ambiente inclusivo e acolhedor. Para muitas pessoas com autismo, a rotina desempenha um papel fundamental, oferecendo previsibilidade e segurança em um mundo muitas vezes imprevisível.

Ao reconhecer a importância da rotina, podemos adotar abordagens mais empáticas e inclusivas, tanto em casa quanto na comunidade em geral. Afinal, a compreensão é o primeiro passo para a aceitação e a criação de espaços verdadeiramente acolhedores e acessíveis para todos.

Como a repetição na rotina beneficia autistas e como apoiar suas necessidades? Continue esta leitura para descobrirmos juntos!

Definição de rotina e repetição no autismo

No contexto do autismo, a rotina tem a ver com seguir padrões regulares de ações e atividades. Isso pode incluir horários específicos para refeições, atividades diárias ou a realização de certas tarefas de maneira consistente. Já a repetição, por sua vez, refere-se à tendência de realizar as mesmas ações, comportamentos ou padrões de pensamento de forma persistente. ¹

Para muitos autistas, seguir uma rotina familiar oferece um senso de controle e segurança em meio a estímulos sensoriais e sociais desafiadores. Assim sendo, essa previsibilidade pode ajudar a minimizar a ansiedade e promover um senso de estabilidade emocional.

Dessa forma, a compreensão desses aspectos é essencial para criar ambientes que permitam que os autistas se sintam confortáveis. Ao reconhecer a importância da rotina, podemos adotar abordagens mais empáticas e inclusivas, tanto em casa quanto na comunidade. Afinal, a compreensão é o primeiro passo em direção à aceitação e à criação de espaços verdadeiramente acolhedores e acessíveis para todos.

Foto: Envato/s_kawee

A importância da rotina e da repetição para autistas

Para muitas pessoas com autismo, a rotina e a repetição desempenham um papel crucial no desenvolvimento e no bem-estar emocional, visto que a previsibilidade oferecida pela rotina pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse associados a situações novas ou imprevisíveis. Além disso, seguir uma rotina consistente pode proporcionar uma sensação de segurança e controle, permitindo que as pessoas autistas enfrentem desafios diários com mais confiança.²

Adicionalmente, a rotina também é uma ferramenta utilizada para promover a autonomia e a independência. Assim, ao estabelecer padrões previsíveis para atividades diárias, como higiene pessoal, alimentação e sono, os autistas podem desenvolver habilidades de autorregulação e autogestão. Isso, por sua vez, contribui para a construção de uma base sólida para o crescimento e o desenvolvimento pessoal.

Além disso, a rotina pode desempenhar um papel significativo na promoção da concentração e do engajamento em atividades. Ao estabelecer horários regulares para tarefas e atividades, os autistas podem se sentir mais preparados e predispostos a participar ativamente de suas rotinas diárias. Isso facilita a participação em terapias e atividades educacionais, proporcionando oportunidades para o aprendizado e a aquisição de novas habilidades.

Portanto, a compreensão e o reconhecimento da importância da rotina e da repetição para os autistas são essenciais para promover um ambiente de apoio e respeito às suas necessidades. Ao valorizar a rotina como uma ferramenta fundamental para o bem-estar e o desenvolvimento, podemos criar espaços que permitam que os autistas alcancem seu pleno potencial.

O papel da rotina e da repetição no controle da ansiedade e dos problemas de processamento sensorial

A rotina desempenha um papel significativo no controle da ansiedade e no gerenciamento dos problemas de processamento sensorial enfrentados por muitos autistas. Ao estabelecer padrões previsíveis para atividades e interações, a rotina pode ajudar a reduzir a incerteza e a sobrecarga sensorial, proporcionando um ambiente mais previsível e seguro.

Junto a isso, a repetição de certos comportamentos ou atividades pode servir como uma forma de autorregulação e autotratamento para os autistas. Por exemplo, a repetição de movimentos corporais ou a fixação em determinados objetos pode oferecer uma maneira de lidar com estímulos sensoriais, proporcionando uma sensação de conforto e controle em meio a um ambiente hostil.

A importância de respeitar e compreender esse padrão repetitivo

A compreensão e o respeito pela rotina e repetição no autismo são fundamentais para promover um ambiente que valorize as necessidades e preferências dos autistas. Portanto, ao reconhecer a importância desses padrões de comportamento, podemos adotar estratégias que ofereçam suporte e respeito à forma como os autistas experimentam o mundo e interagem com ele.

É crucial considerar a perspectiva de cada pessoa autista, levando em conta suas preferências e limitações ao estabelecer rotinas e atividades. Dessa forma, isso requer uma abordagem flexível e sensível, que reconheça a diversidade de experiências e necessidades dentro da comunidade autista. Assim sendo, ao valorizar a individualidade e a singularidade de cada pessoa, podemos criar ambientes que promovam a inclusão e a igualdade de oportunidades.

Além disso, respeitar a rotina e a repetição no autismo envolve reconhecer a validade e a importância desses padrões de comportamento como estratégias de autorregulação e conforto emocional. Ao valorizar as formas únicas de interação e expressão, estamos criando espaços em que eles se sintam compreendidos, respeitados e acolhidos em sua comunidade.

Foto: Envato/s_kawee

Desafios que autistas encontram no caminho

Embora a rotina e a repetição desempenhem um papel vital no apoio aos autistas, também é importante reconhecer os desafios associados a esses padrões de comportamento. Em alguns casos, a rigidez excessiva na manutenção da rotina pode levar a dificuldades de adaptação a mudanças ou imprevistos, tornando certas situações desafiadoras para os autistas e suas famílias.

Além disso, a repetição de comportamentos ou interesses específicos, conhecida como estereotipias, pode impactar as interações sociais e a participação em atividades cotidianas. Embora esses comportamentos possam proporcionar conforto e tranquilidade para o autista, eles também podem limitar a flexibilidade e a variedade de experiências, afetando o engajamento em diferentes contextos.

Por fim, a compreensão desses desafios é crucial para oferecer suporte eficaz aos autistas. Ao reconhecer as complexidades associadas à rotina e à repetição, podemos buscar estratégias que equilibrem a necessidade de previsibilidade com a capacidade de lidar com mudanças e novas experiências. Isso requer uma abordagem sensível e individualizada, que leve em consideração as necessidades e preferências de cada pessoa autista.

Espero que este artigo tenha oferecido as informações que você estava buscando sobre a rotina e a repetição na vida de autistas, e como podemos apoiar e respeitar suas necessidades de maneira mais eficaz. Para mais leituras como essa, fique de olho aqui no blog do Autismo em Dia e não se esqueça de nos seguir no Instagram!

Até a próxima! 💙

Referências:

¹ – Instituto Neuro Saber – acesso em: 09/11/2023.

² – Grupo Conduzir: Terapia ABA interdiscplinar – acesso em: 09/11/2023.

³ – Galeriaaut – acesso em: 09/11/2023.

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