Como o autismo afeta as habilidades sociais


autismo e habilidades sociais

Postado por Autismo em Dia em 03/fev/2023 - 5 Comentários

Pessoas com autismo podem navegar pelo mundo e pelas interações sociais de uma maneira diferente, mas isso não significa que eles não tenham habilidades sociais.

O transtorno do espectro do autismo (TEA) varia em como pode afetar cada indivíduo. Mas a maneira como as pessoas se comunicam, mantêm e constroem relacionamentos são partes comuns da interação social que costumam ser afetadas.

De acordo com um estudo, estima-se que cerca de 60% a 65% de nossa comunicação aconteça por meio de comportamentos não verbais, ou seja, sem palavras.1 Como a comunicação e a interação social podem ser uma área difícil para muitos neurodivergentes, os autistas geralmente tem dificuldade de acompanhar as conversas, envolver-se em grupos e construir relacionamentos.

Índice

Neurotípico e neurodivergente

Caso você não saiba o que essas palavras significam, saiba que “neurotípico” refere-se a alguém com habilidades de desenvolvimento, cognitivas ou intelectuais “típicas”.

Por outro lado, “neurodivergente” geralmente se refere a habilidades ou comportamentos “atípicos” de desenvolvimento, intelectuais e/ou cognitivos. Pode se referir a pessoas autistas, mas também pode ser usado para outras condições, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou distúrbios de aprendizagem.

Ainda assim, não existe uma maneira certa ou errada de pensar, se comportar ou aprender. As pessoas experimentam e interagem com o ambiente de diferentes maneiras. Portanto, ser neurodivergente não significa que tenha algo de errado com a pessoa que possui algum transtorno neurológico.

Diferenças nas interações sociais

Muitos podem ter a ideia errada de que os autistas não têm habilidades sociais, mas hoje já sabemos que  as habilidades sociais das pessoas com TEA são apenas diferentes na maioria dos casos.

Ser autista significa ter uma forma diferente de socializar, que precisa ser compreendida e acolhida. Muitas vezes, as coisas que vemos como habilidades sociais são expectativas ou regras neurotípicas, como fazer contato visual ou bater papo. Mas não precisa ser necessariamente assim.

Normas sociais e autismo

Uma norma social geralmente se refere a algo que a sociedade considera “normal”. Espera-se que todos entendam e sigam automaticamente essas regras não escritas, e divergir da norma pode ser considerado encarado como uma ausência de habilidades sociais.

As normas sociais podem variar dependendo da cultura, ou seja, pessoas de diferentes culturas podem ter conjuntos únicos de normas. Em alguns casos, o que é considerado uma norma social em um país pode ir contra as normas sociais em um país diferente.

Um exemplo de norma social no Brasil é que evitar o contato visual pode ser interpretado como desinteresse. Como os autistas geralmente evitam o contato visual, as pessoas neurotípicas podem interpretar seu comportamento como indo contra o esperado.

Outros exemplos de interações sociais ou habilidades que pessoas neurotípicas tendem a achar comuns incluem:

  • Conversas casuais;
  • O conceito de sarcasmo;
  • Comunicação que usa sinais verbais e não verbais;

Como os autistas se envolvem com o mundo ao seu redor de uma maneira diferente dos não autistas, a conversa entre as pessoas neurodivergentes e neurotípicas pode ser um desafio.

As diferenças na comunicação do autista podem incluir:

  • Não olhar diretamente para os olhos;
  • Responder a alguém chamando seu nome repetidamente ou outras tentativas verbais para chamar a atenção;
  • Achar difícil acompanhar uma conversa em andamento ou se envolver em conversas casuais;
  • Não perceber que os outros estão desinteressados em um assunto sobre o qual estão falando;
  • Problemas para entender indiretas, piadas, ironia, sarcasmo, entrelinhas etc.

Todas as formas de dizer ou insinuar algo sem realmente dizer, mas esperar que a outra parte esteja na mesma página, pode não funcionar na comunicação com uma pessoa neurodivergente.

Essa comunicação é comum para pessoas neurotípicas, tornando-se efetivamente uma habilidade social esperada. No entanto, os autistas tendem a ser mais diretos e podem ter mais facilidade na comunicação social quando isso é recíproco.

A falta de conversa direta pode levar a suposições sobre o que a pessoa autista realmente quis dizer e também pode resultar em conflitos devido a respostas francas inesperadas.

Relacionamentos

autismo e habilidades sociais

Foto: Envato/zamrznutitonovi

Pessoas com diferentes experiências de vida podem ter diferentes maneiras de experienciar e demonstrar empatia umas com as outras. Os relacionamentos entre pessoas autistas e não autistas podem ser desafiadores pois muitos podem ter a impressão errada de os autistas não tem empatia, quando na realidade eles podem simplesmente não ter percebido o que a outra pessoa estava sentindo, por ter sido expressado de forma não verbal.

É importante ter em mente que existem barreiras de relacionamento em ambos os lados devido a possíveis dificuldades de compreensão. Tanto a pessoa neurodivergente pode não entender tão bem o que se passa na mente da pessoa neurotípica, como o contrário também acontece.

Outro equívoco é que apenas pessoas autistas experimentam barreiras nas interações sociais e empatia, que é uma perspectiva imprecisa. A empatia é um processo bidirecional que depende das expectativas sociais e da nossa maneira de pensar, fazer e processar. Trata-se de compreender a experiência de outra pessoa.

Essas partes podem ser difíceis de fazer com pessoas que têm maneiras diferentes de entender o mundo, por isso pode ser um desafio para as pessoas se comunicarem e se entenderem.

Como posso ser sensível a diferentes habilidades sociais?

As pessoas neurotípicas podem reconhecer que alguém pode se comunicar de maneira diferente e apoiá-lo na compreensão da comunicação um do outro. Isso inclui não forçar sua compreensão das normas sociais para outra pessoa, incluindo contato visual, estereotipias e tentar lidar com compreensão depois de receber respostas diretas.

Suporte profissional

Existem várias perspectivas sobre como lidar melhor com habilidades sociais ou desafios de construção de relacionamentos. Tratamentos que auxiliam na melhora de habilidades comportamentais, psicológicas e de relacionamento podem ser boas apostas, incluindo terapias com o objetivo de:

  • Ensinar habilidades importantes para a vida diária;
  • Reduzir comportamentos prejudiciais;
  • Aprender e melhorar as habilidades sociais, de comunicação e de linguagem;
  • Reforçar os pontos fortes individuais.

Além disso, as intervenções podem contribuir com outras áreas, como a autorregulação e as habilidades para resolver problemas.

Não existe uma receita mágica para o sucesso em terapia, o nível de intensidade da intervenção necessária para tentar mudar a compreensão de comunicação de uma pessoa varia muito. É importante citar que a intervenção terapêutica não deve ter o objetivo de ensinar a pessoa autista a realizar comportamentos neurotípicos para permanecer seguro ou “adequado” do ponto de vista dos neurotípicos, mas sim para melhorar pontos que sejam importantes para ela.

A compreensão social certamente deve ser o foco. Devemos promover e ensinar a compreensão social sobre as habilidades sociais, permitindo que os autistas façam uma escolha intencional quando se trata de socializar, em vez de forçar isso como uma necessidade indispensável.

Vamos recapitular

Como o TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que pode afetar a comunicação e as respostas às informações sensoriais, os autistas têm uma maneira diferente de navegar pelo mundo, incluindo as interações sociais.

Em vez de assumir que os neurodivergentes não têm habilidades sociais, é importante lembrar que os desafios que podem surgir por meio da tentativa de comunicação e construção de relacionamento podem ocorrer de qualquer uma das partes, independentemente da neurodivergência (ou falta dela).

Querer saber como lidar melhor com as diferenças de habilidades sociais de pessoas autistas é um questionamento válido. Mais importante que isso é aprender a respeitar essas diferenças, independente de qualquer coisa.

Considere procurar ajuda com neurologistas, psiquiatras e psicólogos para obter pontos de vista variados sobre como proceder se você ou seu filho precisa receber apoio para compreender melhor o autismo e como ele afeta as habilidades sociais.

Foto: Envato/Andy_Dean_Photog

Obrigado pela leitura!

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Até a próxima!


O texto que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do artigo “How Autism May Affect Social Skills“, originalmente publicado no site PsychCentral


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5 respostas para “Como o autismo afeta as habilidades sociais”

  1. Maria Eduarda disse:

    Sete barras,30 de março de 2023

    Querida {TEA}

    .Eu adorei saber sobre o autistas que eu só vi isso por que era uma pesquisa para casa eu to escrevendo uma carta do leitor e eu queria saber mais sobre autismo todo dia eu queria ler então eu queria que vocês pulblicasem mais sobre o autismo e também queria que vocês pulblicasem a minha carta muito obrigado pela atenção.

    Um abraço.😊
    Maria Eduarda do 5-º D
    E.M.E.F durval de castro

  2. Carolina Gonçalves Bastos Carneiro disse:

    Como estou feliz por encontrar esta página, estou desesperada. Minha filha adolescente com tea e após a adolescência houve piora do seu comportamento, muito agitada, irritada, agressiva, dificuldade em seguir as regras, tomar banho, lavar o cabelo, escovar dente, até de dormir, foi reprovada, está repetindo o nono ano, difícil demais de acessá-la

    • Autismo em Dia disse:

      Oi, Carolina! Sentimos muito por estarem enfrentando essa fase difícil. Já considerou buscar apoio terapeutico para ela? Um psicólogo que aplique a terapia cognitivo comportamental pode ajudar bastante.
      Um abraço! 💙

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