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Postado por Autismo em Dia em 10/mar/2022 - Sem Comentários
Você já se perguntou o porquê de a terapia ocupacional ter tanta importância para as crianças autistas? Não é à toa que essa terapia é indicada por quase todos os neuropediatras quando existe a suspeita ou o diagnóstico de autismo. Afinal, as crianças autistas tendem a apresentar padrões de processamento sensorial significativamente diferentes das crianças que não estão no espectro.
Estima-se que 60% a 70% das crianças autistas apresentam distúrbios de modulação/processamento sensorial. Estudos mostraram ainda que autistas podem perceber as entradas provenientes de seus sentidos de forma mais lenta. Isso torna a velocidade de processamento mais lenta por consequência. O fato pode ainda explicar de alguma forma por que as crianças autistas costumam estar sujeitas a “colapsos” (crises de meltdown).
As crianças autistas com alterações sensoriais não têm os “filtros” apropriados para processar informações irrelevantes. Isso pode causar colapso à medida que cada entrada é construída e reconstruída sem ser filtrada adequadamente. Eles podem ainda estar processando, por exemplo, o ruído anterior no corredor ao mesmo tempo em que tentam lidar com novos estímulos como a entrada do professor e colegas na sala de aula. A sobrecarga sensorial pode se apresentar de várias maneiras, como comportamento desafiador, de evitação e desligamento completo (crise shutdown).
Há, no entanto, uma série de estratégias simples que podem ser usadas em casa ou na sala de aula para adicionar efetivamente os filtros sensoriais que essas crianças geralmente precisam. Os terapeutas ocupacionais são fundamentais para esta intervenção. Adicionar os filtros e fazer intervenções corretas para atingir cada sistema sensorial, ajuda o sistema nervoso da criança a se tornar mais organizado/regulado e, portanto, auxilia a criança com atenção e desempenho de atividades.
Índice
Os terapeutas ocupacionais trabalham para promover, manter e desenvolver as habilidades necessárias para que os pacientes sejam funcionais no ambiente escolar e também em seu dia a dia. O objetivo do tratamento é promover:
Os terapeutas ocupacionais levam em conta as habilidades e necessidades físicas, sociais, emocionais, sensoriais e cognitivas dos seus pacientes.
No caso do autismo, um terapeuta ocupacional trabalha para desenvolver habilidades de caligrafia, habilidades motoras finas e habilidades diárias da rotina. É claro que esse tipo de habilidade muitas vezes contempla mais os autistas de nível I e II. No entanto, ela também é fundamental para aqueles que estão no nível III do espectro. Isso porque auxilia também no desenvolvimento de habilidades mais básicas. Um exemplo disso é alimentar-se e ir ao banheiro sozinho, o que promove mais autonomia.
Além disso, pode-se dizer que o papel fundamental desse tipo de terapia é avaliar e direcionar os déficits de processamento sensorial da criança. Isso é benéfico para remover as barreiras que levam ao aprendizado e ajudar os autistas a se tornarem mais calmos e focados.
Os TOs que trabalham com crianças que têm um distúrbio de processamento sensorial, geralmente têm treinamento de pós-graduação em integração sensorial.
A terapia de integração sensorial baseia-se na suposição de que a criança é “super estimulada” ou “sub estimulada” pelo ambiente. Portanto, o objetivo da terapia de integração sensorial é melhorar a capacidade do cérebro de processar informações sensoriais. Dessa forma, é possível que a criança funcione melhor em suas atividades diárias.
Os pais dessas crianças costumam receber orientações do terapeuta ocupacional sobre a importância de o autista seguir uma dieta/estilo de vida que beneficie o processamento sensorial.
A maioria de nós aprende inconscientemente a combinar nossos sentidos (visão, audição, olfato, tato, paladar, equilíbrio, corpo no espaço), a fim de dar sentido ao nosso ambiente. Cada criança terá um conjunto único de necessidades sensoriais e essas serão alteradas dependendo do humor, do ambiente e da intervenção terapêutica.
Uma dieta/estilo de vida sensorial é um plano de atividades diárias especialmente projetado para as necessidades em particular daquela criança. Ele visa incluir atividades sensoriais ao longo do dia, a fim de melhorar o foco, a atenção e promover a regulação sensorial da criança. Assim como o corpo precisa de uma alimentação correta e dividida em diferentes refeições, o corpo precisa de atividades específicas para manter seu nível de estimulação ideal.
Uma dieta/estilo de vida sensorial ajuda o sistema nervoso a se organizar melhor e, portanto, auxilia a atenção e o desempenho da criança. Apenas o terapeuta ocupacional qualificado pode usar suas habilidades avançadas de treinamento e avaliação para desenvolver uma dieta sensorial eficaz para o paciente implementar no dia a dia.
Alguns dos efeitos de uma dieta sensorial podem ser imediatos, enquanto outros requerem mais tempo para surgir. Veja o que esses hábitos visam promover:
Isso permite que a criança se concentre na tarefa que precisa realizar, em vez de, por exemplo, se distrair com estímulos como a etiqueta da camisa esfregando no pescoço ou o cheiro do creme para as mãos, um barulho do lado de fora ou esbarrar no corredor.
Uma pessoa com transtorno de processamento sensorial tem dificuldade em processar e agir de acordo com as informações recebidas pelos sentidos. Isso resulta em desafios na realização das tarefas cotidianas. Pode, ainda, levar a dificuldades de coordenação motora, problemas comportamentais, ansiedade, depressão, baixo desempenho escolar, etc. Apesar disso tudo, é sempre bom ressaltar que o tratamento adequado pode evitar essas consequências indesejadas.
Os terapeutas ocupacionais muitas vezes recomendam começar o dia com um circuito sensorial: um programa de atividades que ajudam as crianças a alcançar um estado “pronto para aprender”. Os circuitos sensoriais são uma série de atividades projetadas especificamente para despertar todos os sentidos. Eles são uma ótima maneira de energizar ou acalmar as crianças no dia a dia. É claro que isso depende das necessidades de cada um, no entanto, vamos dar alguns exemplos que podem ser indicados:
Está comprovado que a intervenção da terapia ocupacional tem impacto na melhoria da comunicação, habilidades de interação e habilidades motoras. Isso vale até mesmo para os autistas de nível II e III, casos geralmente considerados mais complexos.
As crianças ganham muito no quesito regulação, após a intervenção da terapia ocupacional, que, em conjunto com outras terapias de apoio, reduz a ansiedade e aumenta as oportunidades dessas crianças se desenvolverem no âmbito escolar e pessoal.
Esse foi o artigo sobre a importância da terapia ocupacional para os autistas. Gostou da publicação? Então nos acompanhe nas redes sociais Instagram e Facebook para não perder nenhuma publicação que sair por lá sobre o tema.
Obrigado pela leitura, e até logo!
O texto que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do artigo “Why is occupational therapy important for autistic children?” publicado no portal “National Autistic Society“, escrito por Corinna Laurie, especialista em consultoria de terapia ocupacional na NAS Helen Allison School e diretora da Evolve Children’s Therapy Services.
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