Pesquisas sobre autismo: o que dizem os 10 maiores estudos de 2020


pesquisas sobre autismo

Postado por Autismo em Dia em 23/abr/2021 - 14 Comentários

Desde que foi descoberto, no meio do século passado, o TEA continua sendo estudado. O que significa que ainda há muita coisa para os cientistas descobrirem sobre o transtorno. A partir de um artigo do site internacional Autism Speaks, nós vamos te contar quais são as 10 maiores pesquisas sobre autismo feitas em 2020.

Afinal, o que esses estudos científicos estão dizendo sobre o assunto? Quais são os caminhos trilhados pelas mais recentes teorias? E para onde essas pesquisas podem, de fato, levar o que sabemos sobre o transtorno do espectro do autismo?

Mas antes de você continuar a leitura, um lembrete importante. Estudos científicos quase nunca são definitivos. Eles dependem de que outras pesquisas também concluam a mesma coisa para virarem uma verdade. Portanto, nenhum de nós deve entender as informações a seguir de forma absoluta. Porém, as entidades por trás deles são sérias e possuem a única intenção de esclarecer o que nós ainda não sabemos sobre autismo. Todos eles foram publicados, assim, em revistas científicas com autoridade internacional.

novas pesquisas sobre autismo

Fonte: Envato – microgen

Índice

Pesquisas sobre autismo em triagem, diagnóstico e intervenção

Dentre as pesquisas sobre autismo que que mais se destacaram em 2020, 3 delas buscaram respostas nos assuntos de triagem, diagnóstico e intervenção do autismo. Duas delas publicadas na revista científica JAMA Psychiatry e uma pela Academia Americana da Psquiatria infantil. Os links para o material original você encontra no parágrafo de cada estudo.

“Esses três estudos trazem avanço para a pesquisa do autismo. Elas destacam a importância de métodos que de implementação rigorosos. Esses métodos, portanto, buscam entender para quem e como essas intervenções funcionam”.

A afirmação destacada foi dita por Connie Kasari, Ph.D e professora de psiquiatria, e Stelios Georgiades, Ph.D., professor de psiquiatria e neurociências comportamentais.

Estudo 1

O primeiro estudo incluiu crianças autistas numa pesquisa que comparou o total de horas na semana com a abordagem de ensino feita com o método Denver. Profissionais aplicam este método para ensino precoce e experimental. Os resultados do estudo mostraram que essas crianças tiveram o mesmo desempenho, independente do total de horas ou da abordagem do ensino. Além disso, essa pesquisa não identificou que as características mais particulares de cada criança tenha influenciado no resultado final.

Confira o estudo 1 clicando aqui.

Estudo 2

Já no segundo estudo, tinha como alvo as crianças em idade escolar. O objetivo era entender os desafios da comunicação de autistas. Eles compararam o desempenho de dois tipos de terapia cognitivo-comportamental (a padrão e a adaptada para quem está no espectro) na redução da ansiedade. Segundo esse estudo, a adaptada teve resultados melhores.

Confira o estudo 2 clicando aqui.

Estudo 3

Também publicado na revista JAMA, o terceiro estudo observou a tecnologia de teleconferência para orientar vários tipos de profissionais. Estes profissionais eram responsáveis pelos cuidados primários do autismo, com a missão de fazer rastreamento e gerenciamento das comorbidades. Esta pesquisa não percebeu melhorias na prática clínica. Porém, ela demonstrou que houve um aumento do conhecimento clínico e maior confiança destes profissionais ao receberem um paciente autista.

Confira o estudo 3 clicando aqui.

diferenças entre autistas

Fonte: Envato – peus80

Pesquisas sobre autismo relacionadas ao perfil social

Das 10 pesquisas sobre autismo que estamos destacando e, de fato, simplificando para você, outras 3 são sobre o reconhecimento do estado de saúde do autista. Reforçamos que os links para o material completo, em inglês, estão no final de cada parágrafo.

Estudo 4

Publicado pela Academia Americana de Pediatria, o estudo número 4 observou que existe um atraso maior no diagnóstico de crianças negras. Em comparação com crianças brancas, a maioria delas só recebe o diagnóstico, de fato, em torno de 4 anos depois da primeira investigação dos pais.

Para os desenvolvedores deste estudo, essa é uma questão importante de saúde pública e os resultados são inaceitáveis.

Porém, não podemos deixar de perceber que, apesar de este ser um estudo feito nos Estados Unidos, nós também podemos encontrar esse abismo social em outros países.

Clique aqui para ler o estudo 4.

Estudo 5

O estudo número 5 juntou uma amostra bem grande e variada de meninas para entender se, de fato, existem diferenças nos sintomas e quais são eles. A principal pergunta feita por essa pesquisa era se e como essas diferenças afetavam a forma como o diagnóstico era, portanto, dado a elas.

Com base apenas no fato de elas serem do sexo feminino, o estudo não encontrou diferenças relevantes. Porém, os autores da publicação apontam que, no futuro, as pesquisas precisam incluir o sexo como como um fator importante nas análises.

Clique aqui para ler o estudo 5.

Estudo 6

Assim como o estudo número 4,  foi possível perceber que famílias que pertencem a minorias raciais e étnicas acabam ficando mais afastadas dos serviços necessários. Além do recorte racial, o estado de baixa renda soma um fator ainda mais negativo.

Cuidados intensivos, serviços especializados em autismo, programas de educação e serviços comunitários não estão chegando nessas famílias com a intensidade que deveriam. Um dos motivos disso, segundo o estudo, é que não existem muitas pessoas dedicadas a testar formas de intervir para diminuir essa barreira. Assim, para os autores da pesquisa, isso é prejudicial para o autismo como um todo. Afinal, uma observação ainda mais apurada, que leve em consideração as particularidades desses grupos, poderia fazer avançar o nível de conhecimento sobre o TEA.

Clique aqui para ler o estudo 6.

análise terapêutica TEA

Fonte: seventyfourimages

Pesquisas sobre autismo sobre o entendimento dos resultados

Aqui, nós destacamos duas pesquisas sobre autismo importantes também publicadas em 2020.

Estudo 7

Numa observação que incluía a transição do autista da infância para a vida adulta, os autores relataram um aumento no QI médio (quoeficiente de inteligência). Entretanto, não existe, segundo a pesquisa, melhora aparente nos sinais e sintomas de autismo.

Para os autores da pesquisa, os resultados apresentados podem ajudar a direcionar novas terapias e tratamentos para os autistas adolescentes. Além disso, os próximos passos da ciência para entender a plasticidade cerebral da segunda década de vida do autista podem ganhar novos rumos e perspectivas.

Confira aqui fonte do estudo 7.

Estudo 8

O estudo número 8 não foi voltado para os autistas, mas, sim, aos familiares e chefes de família. Estes que, sem dúvida, estão ligados ao planejamento da transição da infância para a vida adulta.

A pesquisa entendeu que os seguintes fatores são, de fato, essenciais para fazer essa transição de maneira cada vez mais positiva:

  • Habilidades de vida diária (assim como cozinhar, limpar, dirigir, entre outras).
  • Uma baixa incidência de problemas de saúde mental, ou seja, é importante que esses adultos não tenham depressão, ansiedade, entre outros distúrbios.
  • Medidas subjetivas de felicidade, ou seja, a cultura do núcleo familiar de como, afinal, a felicidade chega até essas pessoas de acordo com o contexto.

Os itens citados, se bem organizados – de acordo com os pesquisadores – podem trazer benefícios para o crescimento. Porém, aqui estamos falando de autistas sem deficiência cognitiva. Afinal, os autistas de grau severo enfrentam outras dificuldades que podem não encaixar na lógica da nossa vida diária.

Confira aqui fonte do estudo 8.

pesquisas sobre autismo e heteditariedade

Fonte: Envato – Pressmaster

Pesquisas sobre autismo: genética e biologia do transtorno

Os dois últimos trabalhos que vamos citar são um pouco mais complexos e, por isso mesmo, foram muito aguardados pela comunidade científica.

Estudo 9

O estudo 9 teve um esforço considerado inovador. Ele pretendia identificar genes que são interrompidos por algumas variantes que acontecem em pessoas autistas.

Esta pesquisa, que incluiu cientistas do mundo inteiro sequenciou quase todos os genes de, aproximadamente, 12 mil pessoas no espectro, assim como muitos dos pais desses autistas. E veja só que resultados impressionantes:

Os cientistas reconheceram 102 genes que contribuem para o risco de alguém nascer com no TEA. Destes 102, eles associaram 53 muito mais ao TEA do que com outros atrasos no desenvolvimento do cérebro.

Todos esses genes estão envolvidos na regulação de outros genes. Assim como, por exemplo, os genes que fazem a comunicação entre as células cerebrais.

Mas o que, afinal, é mais importante entender desta pesquisa é que ela pode estar indicando que, num futuro próximo, o sequenciamento do genes pode ser incluindo como um teste clínico na avaliação do autismo.

Para ler o estudo 9 completo, clique aqui.

Estudo 10

Por último, nós destacamos um artigo de um importante hospital especializado em doenças e transtornos infantis. Eles utilizaram um banco de dados de genoma e perceberam um resultado próximo da pesquisa número 9. Segundos os resultados, há, portanto, genes específicos ligados ao surgimento do autismo.

Além disso, os resultados mostraram que esses genes sofreram mudanças que, é provável, foi o que levou ao autismo. Essas mudanças acontecem, segundo os pesquisadores, inclusive em áreas que eles nunca tinham associado ao transtorno.

Usando uma tentativa de explicar o que acontece, imagine um pedaço de papel que é muitas vezes dobrado e cria várias rugas. Assim são os genes encontrados, que vão se repetindo e criando “rugas” no DNA.

Essa pesquisa foi feita com um banco de dados com mais de 11 mil sequenciamentos de genoma de autistas e de pais de autistas.

Para ler o estudo 10 completo, clique aqui.

Pesquisas sobre autismo – mais um passo para o futuro

Cada uma destas pesquisas, assim como várias outras não citadas, está dando passos para o futuro. Alguns são pequenos e outros parecem mais largos. O fato é que precisamos continuar contando e apoiando a ciência dedicada ao estudo do autismo. Ao longo do tempo, isso tem impacto para pais, mães, amigos, familiares, professores, terapeutas e até para a sociedade geral. Esta que, muitas vezes, parece não entender que os autistas são parte do todo. E uma parte que, em muitos casos, é capaz de ser participativa na coletividade.

Quem sabe o que mais teremos quando virmos as pesquisas feitas em 2021?

 

 

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14 respostas para “Pesquisas sobre autismo: o que dizem os 10 maiores estudos de 2020”

  1. Dirce Maria Mendes disse:

    Muito interessante…..é muito importante saber sobre (TEA) estudo serviço social….por isso quero poder interagir mais sobre o assunto.

  2. Dirce Maria Mendes disse:

    Ok….muito obrigada!!

  3. Marcos disse:

    Sexto estudo , segunda linha do segundo parágrafo há um erro pois tem duas expressões ” atingindo chegando ” , por obséquio corrija-o .

  4. Margareth Araújo disse:

    Achei muito interessante é com essas pesquisas que em breve e
    com a ajuda avanço da ciência teremos a cura pra o autismo .

  5. Renata Nogueira disse:

    Ola, ja temos novas pesquisa de 2021/2022? Parabens pela seria iniciativa de trazer estudos de qualidade sobre o tema.

  6. Cláudia Barbosa disse:

    Gratidão, estou muito feliz pelos conhecimentos atualizados.

  7. Solange Cordeiro disse:

    Parabéns pelo trabalho. O estudo contribui para ampliarmos os conhecimentos sobre o TEA.

  8. Sandra Maria Miliatti disse:

    Parabéns pelo trabalho, gostaria de deixar uma pergunta, quando o autista tem deficiência cognitiva de grau severo, existem estudos para o futuro?

  9. Vanessa disse:

    Possíveis complicações

  10. José Alberto Batista Cordeiro disse:

    Meu filho autista hipergrave está internado há sete anos e sua idade é de 28. E resistente a toda medicação moderna por isso está em hospital psiquiátrico. Se agride e a outrem com grande perigo.
    Existem conhecimentos divulgados sobre esses autistas hipergraves necessitados de internação em hospitais psiquiátricos??

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, José Alberto. Depende muito mesmo do caso, não sabemos de nenhum estudo ou a estatística sobre autistas que precisam de internação em hospital psiquiátrico. Força e continue acompanhando o Autismo em Dia. 💙

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