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Postado por Autismo em Dia em 15/mar/2021 - Sem Comentários
Este é um período ótimo para chamar a atenção para o TEA, afinal, estamos no mês de conscientização do autismo. Por isso, é uma excelente oportunidade que nós, do Autismo em Dia, temos para ajudar a quebrar algumas ideias que não são bem certas sobre pessoas autistas.
Alguma vez, por exemplo, você já perguntou a si mesmo se o que você pensa ou diz sobre o transtorno é realmente desta forma? Algumas pessoas autistas podem, inclusive, já terem se ofendido com algumas frases que estão no vocabulário popular.
Assim, nós reunimos 9 das coisas mais comuns que a comunidade autista gostaria que você soubesse. E levamos em conta não apenas nossa experiência com pessoas autistas, como também um artigo do site Autism Speaks.
Quando o assunto é autismo, existe um grupo de pessoas que associa TEA a superinteligência, e outro que acredita que autistas não podem ser inteligentes. Nenhuma das duas ideias está correta.
A própria palavra ESPECTRO se refere a uma variedade bem grande de formas de manifestação do autismo. Existem, sim, os super inteligentes, que muita gente chama de gênio. Essa é a síndrome de Savant, mas ela aparece em apenas 10% dos autistas. ¹
Assim como também existem os autistas que têm formas mais severas e por isso, grande dificuldade de aprendizado. É verdade, também, que muitos aprendem tudo, mas por causa de alguma dificuldade na fala ou em outras formas de comunicação, não conseguem mostrar o que sabem. ²
Se tem algo que a gente pode generalizar, é que a maioria dos autistas tem níveis de aprendizado diferentes, assim como a população que não tem autismo.
Um autista que não é verbal é alguém que não consegue desenvolver a fala de uma forma completa, lógica e funcional. E isso não tem nada a ver com ser mudo. Se esse autista for bem estimulado, ele pode, em algum momento, começar usar a fala. ³
Porém, muitos autistas não verbais conseguem se comunicar. Pode ser através de desenhos, gestos, olhares, escrita, comportamentos, entre outros. Desde que exista a intenção comunicativa, o autista se comunica. ³
Ou seja, para se comunicar, independente da forma, é preciso que ele esteja entendendo e absorvendo tudo que é falado no lugar onde ele está. Se não fosse isso, nenhum autista não-verbal conseguiria transmitir qualquer reação sobre qualquer coisa.
Todos nós precisamos entender e nunca tirar de vista que o cérebro de alguém que é autista funciona e processa informações diferente das pessoas neurotípicas. Diante das mesmas situações, autistas podem interpretar e reagir de modo totalmente diferente.
E isso tem base científica.
Um longo estudo da Elife Science, feito por cientistas britânicos e japoneses, verificou que o tempo de processamento do cérebro é diferente de quem não tem autismo. O lado esquerdo, que processa a parte sensível do corpo, ou seja, os estímulos externos de olhos, nariz, etc., funciona mais rápido nos autistas. Já o lado direito, que trabalha aprendizado e impulsos motores, é mais lento. 4,5
Porém, o lado que é mais lento concentra mais neurônios. Segundo os responsáveis pela pesquisa, isso provavelmente explica padrões de comportamento repetitivos e as dificuldades de socialização. 4,5
Entretanto, humanamente falando, autistas são iguais às pessoas neurotípicas: sofrem, riem, sentem fome, amor, raiva, caem, levantam…
Na comunicação humana existem muitas sutilezas. Numa simples conversa rápida de elevador, por exemplo, as pessoas podem expressar graça, ironia, mau humor, entre outros sentimentos. Muitos autistas não entendem essas diferenças e podem, simplesmente, responder uma conversa sem o mesmo entusiasmo que o primeiro que falou. 6
Além disso, autistas com tendências a resolver as coisas de maneira prática e objetiva podem não saber ou nem gostar de jogar conversa fora. A expectativa social pode ser muito pesada para um autista. Por isso, se você já sabe que determinada pessoa é autista, saiba que esse pode ser o único jeito que ele conhece de falar com as pessoas. 6
Muitas pessoas precisam ver para crer, e isso pode acabar sendo aplicado ao autismo. Só que diferente de outras condições como deficiência física ou síndrome de Down, o autismo nem sempre tem cara. Basicamente, não dá para saber quem é autista ou não apenas pelas características físicas.
Até hoje a única característica física que possivelmente está ligada ao autismo é o tamanho da cabeça. Algumas pesquisas internacionais relataram evidências de que a cabeça de uma pessoa autista cresce relativamente mais do que o normal entre o sétimo e o décimo mês de vida. Porém, é algo específico desse período e, no geral, quase não dá para perceber.
Aqui no site você pode conferir um artigo completo sobre possíveis características físicas do autismo e você pode ler mais sobre esta e outras informações.
O espectro do autismo é bem amplo, como nós já falamos. Por isso podemos afirmar que nenhum autista é igual a outro.
Existem, claro, muitas características que, quando combinadas, levam a um diagnóstico fechado. Porém, considerando não apenas as características comuns de autismo, mas também as diferentes comorbidades, as combinações são quase infinitas. 7,8
Uma comorbidade é uma condição de saúde geralmente associada à outra. Por exemplo: a depressão é uma comorbidade que aparece com certa frequência entre pessoas autistas, o que não quer dizer que todos os autistas têm depressão. 8
Outra coisa que os diferencia são os graus de autismo, que têm muito a ver com o grau de dependência de outra pessoa. De forma resumida, eles são divididos em grau leve, moderado e severo. 9
Como dissemos, existem três graus de autismo – leve, moderado e severo. E a maioria das pessoas autistas, principalmente nos graus leve e moderado, consegue, afinal, pensar por si mesmas, trabalhar, produzir, e serem ativas na sociedade.
Veja o exemplo da Marina Galli, moradora de Catanduva, em São Paulo. Ela é uma mulher, já adulta, com autismo severo. Em muitas coisas, ela é dependente da mãe. Porém, Marina é pintora. Marina expõe e vende sua arte, sendo ativa artística e economicamente na sociedade.
Do outro lado, a gente lembra a história da Thais Mösken. Também autista, só que em grau leve. O que sempre pesou mais na condição de Thais foi sua dificuldade em administrar os relacionamentos interpessoais. Diferente de muitos autistas adultos, Thais conseguiu entrar no mercado de trabalho. Porém, o seu sucesso dependeu de que as empresas por onde passou tivessem a sensibilidade de entender que, apesar de não aparecerem fisicamente, ela tinha suas limitações.
Duas pessoas autistas, uma bem diferente da outra. Mas nos dois casos a recepção social externa foi necessária para que elas alcançassem um lugar de conforto. Mas para muita gente isso não acontece. Não só o mercado de trabalho, mas todos os ambientes da sociedade carecem de lugares que possam ser ocupados por quem está no espectro.
Esse é um tipo de crença que é fácil saber de onde surgiu. Muitos autistas têm, de fato, muita dificuldade de interagir socialmente. E por não saberem, muitas vezes, quais são os tipos de comportamento exigidos num local, isso gera uma série de outras dificuldades. Muitos deles acabam tendo problemas para namorar, conseguir um emprego ou analisar uma situação sem o ponto de vista da lógica. 10
É por isso que muita gente pensa que autistas não têm sentimento.
Mas muitos pais de autistas que conhecemos através do nosso quadro dos proTEAgonistas relatam o quanto seus filhos são amorosos., sensíveis e empáticos. Talvez eles realmente não vão demonstrar muita coisa por quem não é muito próximo, mas eles, sem dúvida, têm muito sentimento. E você pode ter certeza que qualquer demonstração será muito verdadeira.
Como tudo na vida, principalmente numa época de tanta informação disponível pela internet, o autismo sofre da desinformação. É cada vez mais importante consultar fontes confiáveis e que façam o possível para explicar o autismo da forma mais correta.
O TEA ainda está longe de ser cientificamente explicado em todas as suas variedades, mas muita gente vem trabalhando para isso. Professores, médicos, psicólogos, cientistas e até mães e pais, que convivem diariamente com pessoas autistas e sabem, na pele, como algumas coisas funcionam.
Então, se você chegou até aqui, saiba que pode confiar no Autismo em Dia. Todas as nossas informações são verificadas por vários profissionais e, igualmente, por pessoas diretamente envolvidas com autismo. Pode ter certeza que, salvando nosso site entre os seus favoritos e seguindo a gente no Facebook e no Instagram, você vai estar contribuindo para o crescimento de uma comunidade realmente preocupada com o futuro dos autistas.
Até a próxima! =)
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. Instituto Neuro Saber – 07/02/2021
2. Pedagogia ao pé da letra – 07/02/2021
3. Dra. Maria Cláudia Arvigo (Fonoaudióloga infantil – CRFa 2-14545) para o e-book “A Fala do Autista”.
4. Superinteressante – 08/02/2021
5. Elife Science – 08/02/2021
6. Galileu – 08/02/2020
7. O Popular – 07/02/2021
8. Grupo Conduzir – 07/02/2021
9. Instituto Neuro Saber – 07/02/2021
10. Autism Speaks – 07/02/2021
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