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Postado por Autismo em Dia em 09/set/2020 - 39 Comentários
Você sabe o que é a disfunção sensorial e como ela se conecta com o autismo? Pois este é o assunto que vamos abordar hoje!
Também chamado de transtorno do processamento sensorial, são, sobretudo, distúrbios biológicos que mexem na capacidade que o cérebro tem de entender os estímulos sensoriais. Esses estímulos podem ser vários, como sensações de cheiros, sabores, texturas, sons, luzes, cores, e tudo mais que o corpo humano é capaz de sentir. Igualmente, existem as sensibilidades que têm a ver com o movimento do corpo, como andar, correr, pular, subir escadas, balançar objetos, entre outros.
A disfunção sensorial não é um problema que afeta somente o espectro do autismo. Atinge, igualmente, pessoas com deficiências intelectuais. Mas a questão principal é que, naturalmente, pessoas dentro do espectro possuem mais sensibilidade. Por isso, podem ter reações ruins quando entram em contato com o elemento que causa/essa irritação. ¹
Essa sensibilidade pode estar – ou não – ligada à disfunção sensorial. Assim, é necessário investigar se o autista fica incomodado com algo que não costuma atingir as outras pessoas ao redor. Por isso, falaremos abaixo sobre como entender essa questão na realidade do autista, como isso afeta sua vida e quais são os tratamentos. ¹
Fonte: Envato – Foto de DragonImages
Índice
Para um autista com sensibilidade sensorial, dificuldades para ir a lugares com barulhos ou super iluminados talvez seja o menor problema. A questão piora quando falamos daqueles que têm reações ruins a alimentos ou a objetos que se têm tudo a ver com hábitos necessários. Dormir, comer, tomar banho – coisas simples, mas importantes a todo ser humano – podem se tornar um momentos problemáticos em casa e trazer perdas à própria saúde.
Quando a disfunção sensorial no autista começa a afetar elementos importantes do dia a dia, pode haver, também, um sentimento de angústia sobre essas coisas. Além disso, o autista tende a ficar ansioso e resistente. E ansiedade é o primeiro passo para outros problemas mentais, como a depressão – além de atrapalhar a já tão difícil relação com as pessoas. ¹
Apesar disso, o contrário também pode acontecer. Assim, o autista pode encarar as sensibilidades como uma forma de conhecer melhor as coisas ao redor. Como, por exemplo, ao ficar cheirando colocando na boca coisas que não são de comer. Apesar do fato, em si, não ser uma hábito necessariamente aceitável, isso pode ser uma boa oportunidade para os pais e cuidadores de entenderem que tipo de curiosidade está levando a essa atitude e estimulá-la de forma positiva. Se a criança ama a textura do papel, por exemplo, por que não ensiná-la a fazer pinturas, dobraduras ou outra atividade?
Sobretudo, é importante lembrar que não existe um padrão específico de comportamento sobre os efeitos das sensibilidades. Cada autista é único e seus problemas devem ser investigados considerando a realidade de cada um.
Existem duas categorias de sensibilidades entre os autistas: os que são hiposensíveis e os hipersensíveis. Mas qual é a diferença entre os dois?
A hiposensibilidade é quando o autista coloca sempre seu corpo num movimento que é atraído pela sensação que será causada. Em alguns casos, isso pode estar relacionado a comportamentos perigosos, pois eles podem ser mais desajeitados, por exemplo, batendo nos móveis, colocando a roupa do avesso, andando de forma errante, entre outros desajustes. Eles podem sentir, também, reações contrárias, como não perceber fome, cansaço, dor ou saciamento da comida. ³
Em contrapartida, os hipersensíveis no geral fogem das situações incômodas. Eles podem ter reações de fuga, agressividade e congelamento quando encontram com algo que abala seu conforto. Os hipersensíveis estão ligados aos estímulos mais “invisíveis”, assim como cheiros, sabores, texturas e outras sensações. ³
Fonte: Envato – Foto de sofiiashunkina
As necessidades e as reações dos hiposensíveis e dos hipersensíveis são diferentes, mas nos dois casos você pode fazer algo para ajudar. 4
Fonte: Envato – Foto de seventyfourimages
O tratamento mais comentado hoje em dia para tratar a disfunção sensorial do autista é a integração sensorial. Esse é um dos métodos usados na terapia ocupacional. Por isso, os objetivos principais desse tipo de terapia são identificar quais sensibilidades o autista possui e diminuir os efeitos negativos dos hábitos hipo e hipersensíveis. 5
Dentro das atividades de integração sensorial, existem algumas que podem começar no consultório, feitas pelo terapeuta, e os pais ainda podem fazer igual em casa, para dar continuidade ao tratamento. Assim, alguns exemplos são o teste cego de texturas (a criança fecha os olhos e toca em algo para adivinhar o que é) e brincadeiras de giro e balanço (exercita o equilíbrio do corpo e a noção de movimento no espaço). 5
Além da terapia ocupacional, casos ainda mais específicos podem ser trabalhados com terapias relacionadas à fala e outras que tratem os comportamentos cognitivos. 4
O mais importante é entender que cada autista terá diferenças na hora de encontrar o tratamento certo. Forçar estímulo ou ajuda pode ser mais prejudicial do que benéfico, pois pode gerar uma associação negativa tanto ao estímulo quando à pessoa que está fazendo. Sempre que puder, antecipe o que pode trazer desconforto. Supra o bloqueio antes de a situação acontecer (como entregar um fone contra ruídos antes de entrar num ambiente cheio de gente), e não durante. ³
Em 2014, dois alunos de uma faculdade de artes dos Estados Unidos resolveram produzir um curta-metragem. A ideia era simular toda a sobrecarga de sensações que vive uma pessoa com transtorno do espectro autista. Assim como na ideia, o conceito do vídeo animado é demonstrar como a vida talvez seja vista pelos olhos e ouvidos de um autista e os desafios de lidar com o mundo ao redor.
No vídeo, os sons são confusos, o visual muda repentinamente, com formas giratórias e cores vivas. Objetos e seres nunca são visíveis em sua totalidade, mas são representados por partes – um gato por seu nariz e bigodes, um cachorro por seu nariz e língua.
“Nosso desejo com esta peça é dar um mostrar a vida de crianças que vivem com autismo e, de qualquer maneira que pudermos, inspirar uma mudança positiva por meio de uma tolerância e compreensão mais profundas”, contaram, em conclusão, os criadores do premiado vídeo ao jornal The New York Times. 6
Só um autista poderia dizer qual o grau de realidade o vídeo tem quanto à disfunção sensorial no autismo, mas certamente projetos como esse ajudam a população neurotípica a tentar entender melhor como funciona a mente autista para, quem sabe, buscar soluções que ajudem a comunidade TEA.
Assista o vídeo a baixo:
Fonte do vídeo: Listen. Senior Thesis – Vimeo – Produzido por: Marisabel Fernandez e Alex Bernard
Nossa intenção é trazer informações que possam te ajudar a lidar com a rotina de um autista. Por isso, se você tem alguma história interessante sobre sensibilidade ou sentiu que isso te ajudou a esclarecer alguma dúvida, deixe um comentário! Sem dúvida, vamos adorar ler e te responder.
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Colaborou neste artigo:
Dra. Fabrícia Signorelli Galeti
Psiquiatra especialista em TEA – CRM 113405-SP
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1. Instituto NeuroSaber – 19/08/2020
2. Scielo – 19/08/2020
3. Autimates – 19/08/2020
4. Autism Speaks – 19/08/2020
5. Freedom – 19/08/2020
6. The New York Times – 20/08/2020
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
Gostei muito das informações gostaria de reveber mais informações mwu filho tem 11 anos , e nao e facil pra mim trabalhar com ele,.
Oi Jozinete como vai? Ficamos felizes que o texto te ajudou! Podemos inscrever seu e-mail em nossa lista, assim, você vai passar a receber informações bem legais sobre autismo 🙂 Recomendamos também que você salve nosso blog entre seus favoritos e visite a gente toda semana, aí você não perde nadinha do que compartilhamos por aqui ?
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Gostei bastante do texto. Meu neto tem TEA e tenho dificuldade ao lidar com ele. Não aceita abraços, mas gosta de brincadeira de toques no corpo. Além de ter um comportamento difícil qdo em contato com sons altos. Ele tem 4 anos.
Oi Lucília! Que bom que o texto te ajudou de alguma forma! Obrigada por contar um pouquinho da sua história como avó. Imaginamos como é difícil lidar com todas essas questões, mas também conseguimos sentir no seu comentário muito amor e carinho, isso é muito especial. Um abraço caloroso, volte outras vezes 🙂
Achei ótimo o texto, precisamos divulgar essas informações principalmente para os profissionais que trabalham com crianças autistas, as sensibilidades sensoriais na maioria das vezes são classificadas como comportamento agressivo.
Muito bem lembrado Lilian! Agradecemos a visita e a contribuição ?
Meu filho tem 3 anos fica me cheirando adora texturas macias e esse texto me fez compreender melhor mas queria saber como fazer pra ele não cheira lugares inconvenientes ( tipo bumbum)
Oi Eugenia, obrigado pela visita ?
Respondendo à sua pergunta, o tratamento ABA é o mais indicado para lidar com essas questões comportamentais, ele visa ajustar e modelar comportamentos inadequados, temos um texto sobre ABA aqui no blog que de repente pode te ajudar, dá uma olhadinha: https://www.autismoemdia.com.br/blog/metodo-aba-conheca-uma-das-terapias-mais-eficazes-no-tratamento-do-autismo/
Esperamos que possa te ajudar. Um abraço da equipe Autismo em Dia!
Excelente texto!!
Meu filho, não gosta de por roupa, aqui no sul é muito frio, ele puxa calça pra cima, manga da camiseta. Tem sido muito difícil, se puder me dar alguma dica como proceder, agradeço!
Ele está aguardando a TO.
Oi Gabriela, puxa vida, que difícil! Infelizmente não existe uma resposta padrão para resolver essas questões sensoriais:( Tudo depende de identificar o desconforto e as possíveis intervenções que poderiam ajudar. Que bom que já estão procurando atendimento individualizado e especializado, certamente isso vai ajudar!
Deseja muita força por aí ?
Olá gostei do artigo.
Meu filho tem 6 anos e muita sensibilidade.
Essa parte sensorial é muito sacrificante pra ele.
Chora muito.
Barulhos incomoda ele.
Eu nunca entendi muito dessa parte,o texto e o video foi bem claro.
Oi Fabiane, que bom que o texto te ajudou ?
Esperamos vê-la outras vezes por aqui! Um abraço.
Faço o seguinte comentário sobre o artigo, gostei e achei muito didático. Quero acompanhar o site e realizar a leitura de outros textos.
Grata
Glória Lerback/vice-diretora /JI 303 Sul – Brasília – DF
Oi Gloria, que bom que o texto te ajudou ?
Esperamos vê-la outras vezes por aqui! Um abraço.
Gostei muito da importância e do respeito em lidar nestas dificuldades. Venho enfrentando uma sensibilidade de tato na boca. A criança sempre que esfregar a boca suavemente quando para pra pensar.
Muito dificil , tudo o que eu queria era não ver meu filho passar por isso . Me sinto culpado pela vida dele.
Poxa David, entendemos seu sentimento, mas é importante que você se lembre que é só um sentimento e não a verdade. Você não tem culpa. Sinta nosso abraço corajoso.
MARAVILHOSAS INFORMAÇÕES, VOU PASSAR PRA FRENTE, EU JÁ CONHECIA ALGUMAS SENSIBILIZARDES DO AUTISTA, MAS COM DETALHAMENTO NÃO, ADOREI.
Ficamos felizes que tenha gostado! Um abraço carinhoso!
Achei maravilhoso o texto,uma linguagem bem clara.
Gostaria de pedir uma ajuda,se vcs tiverem dicas para me dar em relação a meu filho.Tem traços autistas e uma enorme sensibilidade hipersensibilidade.Coloca tudo na boca, principalmente;almofadas, travesseiros,roupas …
Oi Meire, seria importante pra ele iniciar as terapias de apoio que ajudam na regulação dos sintomas sensoriais. Como é um caso bem específico, só um profissional especialista poderá lhe dar a orientação mais adequada. Um abraço carinhoso.
Meu filho tem dois anos e meio ,e tem beliscado muito.Hj me beliscou o dia todo.A to já passou dicas,atividades e brinquedos p aliviar,antes ajudava,mas agora já não ajuda.Não sei mais o que fazer.
Olá, sentimos muito que estejam passando por isso. Ele também é acompanhado pela psicóloga? Seria importante conversar com ela a respeito! Um abraço carinhoso
Muito interessante esse texto!
Gostaria de saber se as disfunções sensoriais também poderiam prejudicar de alguma maneira funções fisiologicas como evacuar, por exemplo?
Oi Francielen, é difícil dizer, seria importante fazer uma avaliação mais aprofundada do caso.
Minha filha tem 3 anos,gosta muito de brincar se interage muito com crianças e adultos,faz muitas birras como outras crianças.Certo dia levei ela no fonoadiologo por conta de sua seletividade alimentar,porque não aceita nem um outro tipo de alimento,só quer tomar leite na mamadeira.Eu fico muito preocupada, porque ela comeu até 2 anos de idade,e foi ficando super seletiva não quis mais comer, e a pediatra sempre dizia que era fase,e eu nada de me conformar sempre pensei que quando uma criança não come é um sinal que ela estar te dando um sinal dizendo que precisa de ajuda.Entao o fonoaudiólogo me relatou que ela pode ter Espectro de autismo e logo a encaminhou pro psicólogo e neuropediatra.Percebo que ela possa ter alguma disfunção sensorial.Mas só os profissionais podem dar o diagnóstico seja o que Deus quiser.
Oi Aline, a conduta da fono foi super adequada e o psicólogo e neuropediatra realmente são os melhores profissionais para conduzir a investigação. Se possível, marque com profissionais que sejam especialistas em TEA, isso pode acelerar muito o processo. Deixamos aqui nosso abraço cheio de forças e coragem!
Mto bom o texto. Tenho um filho de 2.9 meses e tenho a suspeita de q tenha autismo. Vou hoje a psicóloga. Estamos colhendo relatórios e tdo q possamos fazer para ter um diagnóstico rápido e seguro. Essas informações ajudam mto e assim tbm vemos q não estamos sozinhos nesta caminhada e descoberta.
Meu filho tem 8 anos e tem dificuldade em olhar para quina de qualquer móvel ele fica extremamente nervoso e coloca almofadas em cima para ele se sentir confortável.
Eu gostei muito do texto. Estou passando por um tratamento de leucemia com meu filho autista. Ele tem sensibilidade de olfato e paladar, então pra dar os remédios que ele precisa tomar é muito difícil. Demoramos um mês pra ele aceitar um suco de laranja, pra depois ir colocando muito aos poucos o remédio no suco. Mas o que me chateia MUITO é ver que nenhum profissional de saúde entende nada sobre isso. Eles receitam um remédio para pressão por exemplo, enquanto ele faz uma das quimioterapias, naquele dia e naquele horário e simplesmente dão nas nossas mãos e dizem que ele precisa tomar. E por mais que eu explique mil vezes que ele tem autismo e sensibilidade, eles escutam e repetem a fala “mas ele tem que tomar mãe”. Não entendem que isso é o jeito que o “cérebro” dele é e não que é algo que dependa de mim … Isso causa uma sobrecarga enorme nele e em mim, por que me sinto frustrada demais. Eles agem como se eu é que não quisesse dar o remédio que vai curar meu filho. Ficam sempre dizendo “vamos tentar” .. Não entendem que pra entrar na rotina dele demora meses. Desculpa o desabafo. Eu estou no hospital com ele nesse momento e acabou de acontecer isso pela milésima vez. É frustante ver que o autismo só existe mesmo pros pais aprenderem e que mais ninguém se importa.
oi Tamyris, imagino que não é fácil passar pelo que está passando, esperamos que aos poucos seja possível introduzir os medicamentos mas levando em consideração as características do seu filho. Obrigada por compartilhar e sinta nosso conforto nesse momento, estamos torcendo pela melhora do seu filho. ?
Artigo maravilhoso…
Sensacional este vídeo!! Sou professora de Sala de Recursos, meus alunos em sua maioria são autistas, entendê-los é a minha necessidade básica para desenvolver as minhas ações em benefício deles. Segue meu e-mail
Integração sensorial NÃO é um TIPO de Terapia Ocupacional, Terapia Ocupacional é uma profissão, Integração Sensorial é um MÉTODO usando atualmente por Terapeutas Ocupacionais…
Obrigada pela contribuição Rayane, já ajustamos o texto.
Olá ! Acompanho um aluno TEA, ele não sobe para sala de aula.Sendo assim, faço o atendimento dele onde o mesmo se sente a vontade.
Ficamos até mesmo no refeitório da escola.
Aplico as atividades do regente nesse ambiente ou na sala de espera da U.E.
Gostaria de dicas em como ajudá-lo a socializar na sala de aula regular, visto que ele tem direito de ser incluso.
Olá Meire, como vai? Seria importante que este aluno também receba atendimento psicológico e das outras terapias de apoio. Se ele já faz, trocar uma ideia com a terapeuta dele será valioso para construirem um plano juntas sobre como fazer essa movimentação.
Um abraço!
Texto maravilhoso! Me fez chorar por compreender a mim mesma. Desconfio que tenho traço há muito tempo. Porém, nunca interferiu significativamente em minha vida, pelo menos, não que eu saiba. Mas, pesquisei sobre textura e caí aqui e me vi.
Nunca pensei em buscar diagnóstico, mas estou começando a pensar. Qual profissional fez esse trabalho? Tenho 41 anos.
Olá, Sandra. Que bom que gostou do texto. Você pode buscar um psicólogo comportamental para ajudá-la a identificar o que você percebeu, com certeza será um grande passo, estamos por aqui. Um Abraço corajoso!
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