Andar na ponta dos pés é sinal de autismo? Entenda

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Postado por Autismo em Dia em 23/ago/2021 - 26 Comentários

Você já viu uma criança andar na ponta dos pés? Então provavelmente você sabe que isso é comum, mas será que é normal? Será que andar na ponta dos pés é sinal de autismo?

Este comportamento é constantemente visto em crianças na idade em que começam a andar. Por isso, até os 5 anos, é considerado algo normal. Entretanto, os pais não devem deixar de dar atenção a isso e, sempre que for possível, procurar corrigir a criança. O sinal de alerta é quando a criança passa dos 5 anos e ainda mantém o andar errado. O motivo disso é que a a criança apresenta algum grau de imaturidade neurológica. ¹

Com certa frequência, crianças autistas também apresentam o andar na ponta dos pés. O que, assim como outras questões, é apenas um dos muitos comportamentos que podem sinalizar o autismo. A seguir, você vai entender melhor as características desta forma de andar, assim como as opções para a readequação do andar.

Por que alguns autistas andam na ponta dos pés?

Guarde este termo: sistema vestibular disfuncional. Isto é muito comum no autismo e é apontado pelos profissionais como o principal motivo de a criança andar na ponta dos pés. O sistema vestibular é o que faz o cérebro dar o comando sobre como movimentamos o nosso corpo. Desde abrir a boca até mexer o mindinho do pé, isso tudo só acontece graças a esse sistema. ¹

Quando ele está disfuncional, ou seja, não trabalha exatamente como deveria, é que ocorrem problemas desta natureza.

Andar na ponta dos pés é sinal de autismo – mas só em alguns casos!

Assim como o transtorno do espectro autista, outras condições de saúde podem ser responsáveis por este tipo de andar. Entenda: ²

• Tendão de Aquiles encurtado. Este é o tendão que liga os músculos da perna ao calcanhar. Se ele for muito curto, pode acabar impedindo que o calcanhar toque o chão.
• Paralisia Cerebral. Esta doença pode desencadear distúrbios de postura e movimentos, como por exemplo, andar na ponta dos pés.
• Distrofia muscular. Pessoas com essa distrofia têm fibras musculares muito mais propensas a sofrerem danos e ficarem mais fracas ao longo do tempo. Em casos assim, geralmente a criança já andou normal antes de começar a andar errado.

Quais são os riscos de andar na ponta dos pés

Pais, mães e demais cuidadores precisam, então, identificar este comportamento desde cedo. Independente se andar na ponta dos pés é sinal de autismo ou não, este hábito pode trazer riscos para a qualidade de vida da criança.

Um destes riscos é de os músculos ficarem tensos demais na panturrilha. Isto, por sua vez, pode levar a criança a ter menos condições de movimentar o tornozelo. Outro perigo é que os músculos da perna fiquem mais fracos. ³

Além disso, joelhos, quadris e colunas recebem uma carga de estresse extra que podem levar a dor e lesões futuras. ⁴

Mas quando falamos de consequências de andar na ponta dos pés, não é só sobre dores e limitações. É principalmente sobre como ela talvez não consiga fazer coisas como andar de bicicleta, subir escadas, correr etc.

Também é preciso olhar para as questões relacionadas à interação social. Uma criança que anda dessa forma, eventualmente poderá sofrer bullying dos colegas. Naturalmente, é papel dos pais e educadores de pessoas neurotípicas ensiná-los sobre as diferenças, no entanto, não podemos garantir que isso realmente aconteça, ou que seja suficiente para evitar o sofrimento do autista.

Como ajudar a criança que anda na ponta dos pés

Existem várias formas de ajudar sua criança a andar de uma maneira mais saudável. Caso você não tenha condições de levá-la para a fisioterapia, pode tentar um programa diário de exercícios, como vamos explicar mais adiante. Os objetivos dos exercícios são alongar e fortalecer os músculos da panturrilha, assim como da parte da frente da perna. ³

E o melhor: você pode fazer todos eles de uma maneira lúdica e divertida.

Exercícios e alongamentos para os menores de 5 anos

1 – Alongamento da Panturrilha

Como fazer:

• Coloque a criança deitada de costas em uma superfície que seja confortável tanto quanto firme.
• Deixa a criança de perna esticada e empurre com a mão o pé em direção à cabeça. Neste movimento, você vai dobrar o tornozelo.
• Mantenha o pé na mesma posição por algo entre 15 e 30 segundos. A criança precisa sentir puxar, mas sem sentir dor. Lembre-se de respeitar os limites dela.
• Faça 10 vezes em cada perna todos os dias.

2 – Alongamento do tendão de Aquiles

Como fazer:

• Assim como no exercício anterior, deite a criança de costas sobre superfície macia e firme.
• Empurre o pé da criança em direção à cabeça. Neste caso, você vai também dobrar o joelho ao mesmo tempo em que dobra o tornozelo.
• Faça 10 vezes em cada perna todos os dias.

3 – Sentando e ficando de pé

Como fazer:

• Coloque a criança sentada em um banquinho ou cadeira de tamanho infantil.
• Enquanto isso, segure o tornozelo da criança com firmeza, mas sem apertar demais. Faça pressão em direção ao chão.
• Em seguida, peça para ela se levantar.
• Peça para a criança ficar um tempinho de pé com os pés totalmente plantados no piso.
• Aproveite para incorporar o exercício para diferentes momentos e objetivos do dia a dia, como observar o espaço ao seu redor, alcançar objetos, entre outros.

Exercícios para crianças que têm mais de 5 anos

4 – Alongamento da panturrilha – em pé

Como fazer:

• Peça para a criança ficar em pé na frente de uma parede.
• Em seguida, a criança deve colocar as duas mãos na parede.
• O próximo passo é pedir que ela deixe uma perna esticada para trás e a outra para frente, como se desse um passo para frente.
• A criança, então, se inclina para frente empurrando a parede até sentir que a pena de trás está esticada.
• O pé da perna de trás deve estar sempre totalmente plantado no chão.
• Alongue por um tempo entre 15 e 30 segundos e depois repita, invertendo a posição.
• Faça 10 vezes em cada perna todos os dias.

Outros exercícios:

Além dos exercícios que nós citamos, você também pode tentar:

• Agachamentos com os pés totalmente no chão, peito reto e pernas abertas alinhadas com os braços.
• Subir rampas, morros e outros tipos de terreno que sejam inclinados.
• Caminhada sobre superfícies irregulares, ou seja, que não sejam retas. Por exemplo, a areia da praia.
• Caminhar só com os calcanhares, ou seja, pedir para a criança caminhar num movimento contrário ao que ela vem fazendo.

Dicas para a escolha dos calçados

Até mesmo a escolha do sapato pode ajudar – ou atrapalhar – no processo de correção do andar na ponta dos pés. Por isso, leve em consideração: ³

• A rigidez – sapatos e tênis flexíveis não ajudam, nesses casos.
• O corte – a sola precisa ser larga e com espaço suficiente para o pé da criança.
• O calcanhar – a parte de trás precisa ser bem firme.

Existem outras opções de tratamento?

No geral, a maioria dos casos ou melhoram com a idade ou com os exercícios fisioterapêuticos, como os exemplos que demos. Uma outra opção é a cirurgia, mas é algo mais raro. Em todo caso, o ideal é consultar um profissional para avaliar a intensidade em que esse movimento acontece e quais os possíveis impactos que ela poderá ter no futuro. ³

Existe relação entre o grau de autismo e o andar na ponta dos pés?

Voltando ao autismo, talvez você esteja se perguntando se o sinal de andar na ponta dos pés enquanto comportamento autista pode ter relação com o grau. Lembrando que o diagnóstico fechado de autismo considera os níveis de dependência e desenvolvimento e encaixa os autistas em leve, moderado e severo – segundo o DSM 5.

Não existe uma resposta que confirme esta suposição. Uma criança de  grau severo pode ou não andar na ponta dos pés tanto quanto um autista de grau leve. Isto porque o diagnóstico leva em conta muitas outras coisas, até mesmo em que idade cada sinal apareceu.

Para saber mais sobre graus de autismo, leia nosso artigo que está neste link.

Agora você já sabe que andar na ponta dos pés, em alguns casos, pode ser sinal de autismo. Mas você descobriu também que pode não ter relação alguma. Como sempre ressaltamos aqui no Autismo em Dia, a palavra final é sempre dos profissionais que trabalham com autistas, portanto, não deixe de procurá-los.

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Muito obrigado pela leitura e até a próxima!

Referências bibliográficas e a data de acesso:

1. Autism.Org – 17/06/2021

2. Mayo Clinic – 18/06/2021

3. About Kids Health – 18/06/2021

4. Spectrum News – 18/06/2021