Conheça Arthur, um autista muito carinhoso e que vai iluminar o seu dia


Postado por Autismo em Dia em 22/nov/2021 - 5 Comentários

Seja bem vindo a mais uma história que entra para marcar o nosso quadro de #proTEAgonistas! Hoje você irá conhecer o Arthur, um menino autista de 5 anos de idade, descrito pela mãe como muito carinhoso e sensível.

Quem conversou com o Autismo em Dia foi Shanerry, mãe do garoto. Eles vivem em Fazenda Rio Grande-PR. A mãe compartilhou detalhes de sua experiência enquanto mãe de um menino autista. Ela também nos ajudou a conhecer a doçura de seu filho através de seus olhos cheios de amor.

Quer conhecer um pouco mais sobre a história desses dois? Então continue a leitura, você não vai se arrepender!

Índice

Arthur, a realização de um sonho

Para começar a conhecer a história dessa família, vamos voltar lá atrás, antes de seu nascimento. Shanerry conta que considera o filho como um milagre em sua vida. Ela sempre quis ser mãe de um menino, e já tinha até mesmo escolhido o nome “Arthur”. No entanto, devido a vários problemas nos ovários, seu médico disse que ela provavelmente não poderia ter filhos. Ela poderia tentar, mas considerando seus problemas, seria muito difícil atingir esse objetivo.

Para dificultar ainda mais a realização do sonho de Shanerry, seu ex-marido, pai de Arthur, também tinha problemas relacionados à fertilidade. Com a soma das dificuldades dos dois, as chances de Shanerry engravidar não eram muito promissoras.

Inesperadamente, Shanerry descobriu estar grávida aos 27 anos.

Então, o nascimento

A mãe estava, antes de mais nada, ansiosa pela chegada do menino. Veja como ela descreve os primeiros meses de vida de Arthur:

“O Arthur nasceu de 37 semanas. Ele chegou ao mundo com alguns problemas de saúde. Nasceu com clonus e hipertonia muscular. Por isso, desde muito pequeno ele já começou a fazer acompanhamento com neurologistas. Além disso, ele também sempre fez fisioterapia.” – Conta a mãe.

Os médicos diziam que, devido aos problemas de saúde, Arthur não iria andar, e se andasse, seria com muita dificuldade. No entanto, mais uma vez o inesperado aconteceu: o menino foi se desenvolvendo, aprendeu a andar e hoje anda super bem.

Quando a suspeita sobre o autismo surgiu

autista carinhoso

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Shanerry

Arthur tinha 10 meses de vida quando o médico apontou que ele poderia ser autista. Isso porque o menino estava apresentando alguns atrasos nos marcos de desenvolvimento esperados para sua idade.

“Ele era uma criança extremamente agitada. Chorava dia e noite, apesar de ser sorridente quando não estava chorando. Ele também não olhava para nós quando a gente chamava, entre outras coisas que os bebês da mesma idade já faziam e ele não.

Lidando com a notícia

Apesar de ainda não ter um diagnóstico formal na época, Shanerry já sentia, no fundo, que o médico estava certo.

“Eu não sabia o que era autismo, então, foi um tempo muito difícil para mim. Eu já estava em um momento turbulento. Mal tinha descoberto sobre o clonus e a hipertonia muscular, e ainda estava aflita com a ideia de que ele poderia não andar… Aí veio isso do autismo e eu fiquei muito preocupada mesmo. Queria saber o que era o autismo, o que esperar, o que seria do futuro do meu filho.

Eu levei ele em uns 5 neurologistas, e perdi as contas de quantas fonoaudiólogas e psicólogas. Eu não queria que fosse verdade. Não porque eu não queria um filho autista, mas porque eu tinha muito medo. Eu não sabia o que era autismo e para mim isso era assustador.

A visão que eu tinha sobre o autismo é que seria uma criança muito comprometida, e nenhuma mãe sonha com isso. Quando descobri que meu filho teria dificuldades, me senti perdida.”

Recebendo o diagnóstico

Shanerry procurou o mesmo neurologista que fez o diagnóstico de clonus de Arthur para confirmar o diagnóstico de autismo. O médico, por coincidência, era especialista em autismo. A mãe disse para o neurologista que o filho provavelmente era autista e que já tinha passado por alguns médicos. Ele, por sua vez, disse que já desconfiava desde os três meses, pois o menino não olhava nos olhos da mãe durante a amamentação.

“Ele é o neurologista do meu filho até hoje. Disse que já desconfiava, mas orientou que o Arthur passasse por uma equipe multidisciplinar para termos certeza. Isso foi feito, e então ele recebeu o diagnóstico formal com 1 ano e 8 meses.”

Conhecendo Arthur através dos olhos da mãe

autista carinhoso

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Shanerry

A mãe conta que Arthur tem tido um ótimo desenvolvimento:

“Até o ano passado ele não falava, e usava fraldas até os quatro anos. Aos poucos ele foi se desenvolvendo. Ainda não fala muito, são poucas palavras e frases, mas eu aprendi a comemorar cada pequena conquista dele.

O autismo dele é moderado. Ele é um autista muito carinhoso e bonzinho. Nos últimos dias ele tem passado por algo que eu não consigo entender o que é. Ele está mais agitado e agressivo, coisa que ele não costuma ser. Eu percebo que ele tenta me contar o que está acontecendo, mas por não ter um vocabulário muito completo, eu não consigo entender. Esse é um desafio difícil… saber que está acontecendo algo com ele e eu não consigo saber o que é.

Ele sempre foi muito sorridente e amoroso. É generoso, educado, e eu tenho feito um bom trabalho. Hoje sou separada do pai dele e nós dois moramos sozinhos. Somos só eu, ele e Deus.

Hoje eu vejo muita mudança no meu filho. Ele já foi muito mais nervoso, agitado… se batia e se mordia. Mas agora, graças a Deus, ele é muito mais calmo e melhorou muito. Hoje eu choro de alegria por ver esse progresso.”

O que o menino gosta de fazer

Shanerry conta que Arthur ama pular. O médico havia dito que se ele andasse, seria com muita dificuldade, mas felizmente, não foi isso que aconteceu:

“Hoje em dia eu lembro dessa preocupação e dou risada. Isso porque ele não anda, ele voa! Ele me dá até um cansaço, de tanto correr e pular.

Ele gosta de tudo que é relacionado à carros. A fixação dele, o hiperfoco, são os carrinhos. Ele também ama bolo. Eu tenho uma amiga que vende bolo, a Babi. Ele conhece o bolo dela pelo cheiro. É muito engraçado: ele vai nas festas de aniversário e cheira o bolo, e se não for o bolo da Babi, ele não come. No mês passado ele ficou internado, e eu comprei um bolo pra ele. Ele cheirou o bolo e não comeu, e ainda disse: “não, não é tia Babi”. Aí eu contei isso para ela e ela mandou um bolo pra ele. Quando eu cheguei com o bolo, ele cheirou e disse: “hummm, tia Babi!”, e ele comeu. Então, ele não come outro tipo de bolo, tem muita seletividade alimentar.”

Muito amor envolvido!

A mãe se emociona ao descrever Arthur de uma forma muito bonita e tocante:

Ele é a coisa mais incrível que aconteceu na minha vida. Ele é diferente mesmo, sabe? Eu digo isso com o coração cheio de gratidão. Apesar de todos os desafios que nós enfrentamos, ele segue me surpreendendo. Ontem mesmo nós estávamos no carro ele estava agitado e chorando muito. Eu estava muito cansada. Ele percebeu, se acalmou e falou “mamãe, eu te ajudo!”. Ele é realmente um autista muito carinhoso e que tem um coração muito bom.

Às vezes ele faz umas coisas que eu penso “meu Deus, ele não é uma criança, é um adulto no corpo de uma criança!”, porque ele tem uma sensibilidade que é diferente. E eu não digo isso por ser mãe dele, é porque é verdade mesmo. Eu vejo no dia a dia o quanto ele é generoso. Por exemplo, esses dias passou um morador de rua pedindo comida, e ele disse “mamãe, tem que ajudar né?”, e eu disse que sim. O homem disse que queria água. O Arthur foi lá dentro, pegou um copo d’água, pegou um dos salgadinhos dele e levou para o cara comer e beber. Esse tipo de coisa mostra o quanto ele é sensível e diferente.

Uma mãe engajada na conscientização sobre o TEA

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Shanerry

Shanerry conta que se sentiu muito perdida quando descobriu sobre o autismo de Arthur. Ela comenta, também, que gostaria de ter tido a oportunidade de ter contato com outras mães que já tinham passado pelo que ela estava passando. Com isso em mente, ela decidiu compartilhar detalhes sobre o dia a dia dela e do filho nas redes sociais.

“Eu não posso dizer que tudo são flores no autismo, porque não é. Apesar disso, eu exponho a nossa vida na internet, porque mesmo que ele seja diferente, ele tem um jeito bonito de ser.

Ainda assim, é difícil. As pessoas julgam, e eu já ouvi que eu não deveria expor tanto o meu filho na internet, as crises, e o meu sofrimento quando essas situações acontecem. Mas eu não posso romantizar o autismo. Eu amo o meu filho, ele é maravilhoso. Mas eu não posso pintar o autismo como algo que não é, pelo menos não na nossa realidade. Eu amo ele do jeitinho que ele é. Mas não quer dizer que é fácil lidar com tudo isso.

Mas enfim, eu não deixo esses julgamentos e opiniões me pararem. Eu não vou parar de postar sobre o Arthur, o autismo e a nossa realidade. Eu não faço isso só por nós, o propósito é ajudar outras mães também. Isso porque, se na época que eu descobri o autismo eu tivesse encontrado um conteúdo parecido com o que eu produzo, eu sei que isso teria me ajudado de alguma forma.”

Muito legal, não é mesmo? Então, siga a página de Shanerry no Instagram, é só clicar aqui.

Um conselho para a Shanerry do passado e as mães do presente

Pensando na fala de Shanerry sobre não ter tido contato com uma mãe de autista naquela época, perguntamos o que ela diria para a Shanerry do passado, e para as mães do presente, sobre a descoberta do autismo. Veja qual foi a resposta dela:

“O que sempre digo para as mães é: acreditem nos seus filhos, acreditem no potencial deles, e acreditem em vocês. São dias difíceis, mas também são dias de muita alegria e de muitas conquistas. O autismo não é fácil, realmente. Mas os nossos filhos são seres iluminados, de muito amor. Apenas não desistam. Tenham fé. Mesmo naqueles dias mais difíceis, não desistam. “Nós somos fortes e corajosos”. Essa é uma frase que o Arthur fala, e eu levo para a vida, então, é isso! Sejam fortes e corajosas.”

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Essa foi a história da Shanerry e do Arthur! Você gostou? Então acompanhe o Autismo em Dia através das redes sociais Instagram e Facebook para não perder outros conteúdos e histórias como a que você acabou de ler!

Muito obrigada pela leitura e até a próxima. ?

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

5 respostas para “Conheça Arthur, um autista muito carinhoso e que vai iluminar o seu dia”

  1. Marcelo Costa disse:

    Lindo relato, linda história…
    Acompanho esse menino desde pequeno e tenho visto grande evolução no seu desempenho e comportamento. Tudo isso é um presente pela dedicação de sua mãe, que não mede esforços para ajudá-lo.

  2. Roberta Gomes disse:

    Muito Lindo mesmo! Tenho um filho autista e o nome dele é Arthur, tem 04 anos. O diagnostico dele ocorreu no final do ano passado. Ele não fala, mas aponta as coisas, faz imitações, seleciona os pares, gosta de brincar com a irma de três anos, e é uma criança muito carinhosa. Está fazendo as terapias, fono, psico, musicalização e acompanhamento com a assistente terapeuta. Mas não é facil!!! A família passa por diversos julgamentos, muitas pessoas não entendem e desconhecem o autismo, acabam fazendo colocações desnecessárias e que machucam quem está cuidando. E árdua o dia a dia dos cuidadores.

  3. Roberta Gomes disse:

    Muito bom e motivador!

  4. Joelma disse:

    Linda história. Eu também tenho um filho chamado Arthur e também com autismo. Nossa primeira suspeita foi quando ele tinha 3 aninhos. Mais o médico não fechou diagnóstico porque falou que ele tinha atraso na linguagem e mudança de comportamento. Esse ano levamos novamente porque ele não teve grandes evoluções na linguagem, ele repete tudo que falamos, mais não se expressa no eu da pessoa dele. Também desenvolveu um movimento repetitivo na mão, ai agora fechou o diagnóstico do autismo quase com 6 aninhos. É uma criança adorável, carinhosa, adora abraços, beijos, gosta de está sempre com alguém por perto, é o grande amor da minha vida. Se for deixar eu vou escrever sem parar rsrsrsrs. Enfim muito orgulho de ter ele em minha vida. Com certeza foi meu maior presente.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Joelma! Muito obrigado por deixar seu comentário.
      Uma abraço carinhoso para você e o Arthur.

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