Autismo de nível 1: como Diana descobriu que faz parte do espectro


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Postado por Autismo em Dia em 28/jul/2022 - 12 Comentários

Hoje nós vamos trazer ao nosso quadro #proTEAgonistas a história de Diana Rodrigues Santos, uma autista de nível 1 que tem 30 anos de idade e mora em Sinop-Mato Grosso. Ela descobriu que é autista há pouquíssimo tempo e topou conversar com o Autismo em Dia para contar como foi que o diagnóstico aconteceu e o que mudou em sua vida depois dessa descoberta.

Quer saber mais detalhes sobre essa história? Então continue a leitura!

Índice

Quem é Diana

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Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Diana Rodrigues Santos

Diana é eletricista e trabalha também com climatização. Ela é casada com Sara Simone e está junto com a esposa há 6 anos.

Ela descobriu que é autista recentemente, há aproximadamente 3 meses. Mas Diana não é a única da família, pois tem também um primo que está no espectro. Veja o que ela conta sobre o momento em que começou a buscar respostas:

Eu sempre tive um sentimento de nunca me encaixar nos lugares. Tenho dificuldades sociais que sempre estiveram ali e eu nunca tinha imaginado que pudesse ser por causa do autismo. Tenho um sentimento de medo quando o assunto é falar com as outras pessoas. Além disso, sempre fui muito distraída… Qualquer coisa me tira do foco, uma nuvem, um número, uma coisa colorida… Isso ficou mais evidente com a minha profissão, então eu comecei a investigar a razão para essas distrações e o diagnóstico acabou acontecendo graças a isso.

Como foi a descoberta sobre o TEA

Como acontece com muitos hoje em dia, tudo começou com pesquisas online. Diana pesquisou sobre as características que chamavam a sua atenção sobre si própria e descobriu que, de fato, muitas dessas características se encaixavam com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Eu pesquisei muito e fiz vários testes online. Além disso, também lia vários relatos de pessoas que tinham autismo leve e me identificava com muita coisa. Foi aí que eu busquei atendimento com uma psicóloga. Ela me ajudou a identificar os sintomas e a conseguir o diagnóstico.

Saber que sou autista mudou muito a minha vida. Agora, sinto que tudo faz mais sentido. Me trouxe respostas para muita coisa. Descobri, por exemplo, porque eu não olhava para as pessoas, porque eu sentia coisas como vergonha e medo quando tentava olhar.

O autismo explicou também porque eu tinha hiperfoco em certos assuntos e queria falar só sobre as mesmas coisas. Por exemplo, gosto muito de coisas relacionadas a futurismo, ciência, invenções e coisas do tipo, e sempre demonstrei um interesse mais intenso do que a maioria das pessoas geralmente demonstrava nas coisas que me interessam.”

Esclarecendo o que é hiperfoco

O hiperfoco geralmente ocorre quando uma pessoa está envolvida em uma atividade que é divertida ou interessante. Durante o hiperfoco, a pessoa fica tão concentrada na tarefa que está executando que parece não conectar-se com o restante, não percebendo as outras coisas que estão acontecendo à sua volta.

O hiperfoco não é algo exclusivo do autismo, ainda que seja muito mais frequente nesse grupo do que entre os neurotípicos. Ainda assim, existem outros grupos que também costumam ter o hiperfoco muito presente, como ocorre no TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), que é uma comorbidade muito comum no autismo.1

Portanto, existem possíveis prejuízos quando o assunto é hiperfoco. Isso porque, ainda que possa parecer estranho, o hiperfoco está intimamente relacionado com a desatenção.2 Afinal, quando alguém está tão intensamente conectado com determinado assunto ou tarefa, é mais fácil desviar a atenção de outras coisas que não despertam o mesmo interesse e voltar a mente ou uma conversa para o alvo do hiperfoco, o que pode prejudicar o desempenho escolar, profissional e até mesmo as relações.

Agora, para sermos justos, precisamos citar que o hiperfoco também pode ser um aliado se, por exemplo, você conseguir usá-lo para emergir no trabalho ou nos estudos. Inclusive, muitas pessoas acabam tendo destaque em seus trabalhos por escolherem profissões relacionadas aos seus interesses.

Então, o ideal é buscar equilibrar as coisas para não ter prejuízos, e sim um bom proveito. Se quiser saber mais sobre o hiperfoco no autismo? Então acesse o nosso artigo completo sobre o tema clicando aqui.

Mais sobre os interesses de Diana

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Diana Rodrigues Santos

Se existem situações em que o hiperfoco é positivo, talvez isso se encaixe na área profissional da vida dela. Afinal, Diana é muito dedicada ao seu trabalho:

“Na maior parte do meu dia e na maioria dos dias da semana, eu estou trabalhando. Mexendo com ar condicionado, elétrica, desmontando aparelhos eletrônicos e arrumando, etc.

E no meu tempo livre, geralmente a noite, eu gosto de ver vídeos e de jogos eletrônicos e de realidade virtual, coisas do tipo. “

A importância do diagnóstico na vida adulta

autismo de nível 1

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Diana Rodrigues Santos

Há quem pense que não faz diferença descobrir que é autista quando você já viveu vários anos sem essa informação, mas isso não é verdade. Basta procurar saber como os autistas de diagnóstico tardio se sentem quanto a isso para entender que, de fato, o diagnóstico pode ser transformador.

Como a própria Diana nos contou, o diagnóstico traz respostas e possibilitam um autoconhecimento mais profundo, e isso desempenha papéis importantes na vida pessoal e social e também impacta a saúde mental. Além disso, os esclarecimentos também afetam os relacionamentos:

“É verdade que até o relacionamento mudou com a minha descoberta de que sou autista. Todos os esclarecimentos sobre os porquês de certos comportamentos meus existirem nos ajudou.

Nós estávamos brigando bastante, e isso melhorou depois do meu diagnóstico. Do meu lado eu tento me adaptar no que acho importante e ela também faz o mesmo. Compreender o que vem do autismo é essencial para a gente se adaptar a isso e se apoiar mais.

Quais os sinais de autismo de nível 1 mais frequentes?

Quando falamos em diagnóstico de autismo em adultos, geralmente se trata de um caso de autismo de nível 1, como é o caso de Diana. Isso porque é certamente mais provável que os sinais passem despercebidos durante a infância quando esses sinais são mais sutis.

E como as histórias que contamos aqui tem sempre o objetivo de auxiliar pessoas que estejam passando por situações similares, é válido falar um pouco sobre os sinais de autismo de nível 1. Então confira:

1- Prejuízos nas interações sociais

  • A pessoa autista pode parecer menos interessada nas interações sociais em geral. No autismo de nível 1, isso pode ser confundido com timidez ou introversão. Quando isso é mais intenso, o autista pode até mesmo ser diagnosticado com algum nível de ansiedade social ou fobia social.3

2- Interesses restritos e comportamentos repetitivos

  • Aqui entra o hiperfoco e os interesses restritos que citamos anteriormente. Mas não é só isso. A tendência a apegar-se nas rotinas e rituais em geral também faz parte desse subgrupo de sintomas. De fato, pode ser especialmente difícil flexibilizar a rotina quando necessário, causando desconforto e ansiedade.
  • Também podem ser comuns comportamentos repetitivos motores, conhecidos como estereotipias ou pelo termo em inglês “Stimming” ou “Stim”. Por exemplo: mexer as mãos ou as pernas em movimentos rítmicos, balançar o tronco para frente e para trás, etc.3

Se você se identifica com algumas dessas características, certamente o melhor a ser feito é buscar atendimento com um especialista para investigar se há algum grau de autismo. Como mencionamos anteriormente, isso pode ser muito positivo em diversas áreas da vida.

Fonte: Arquivo pessoal – cedida por Diana Rodrigues Santos

Gostou de conhecer a Diana e compreender um pouco mais sobre o autismo de nível 1? Então nos acompanhe nas redes sociais e conheça muitas outras histórias e relatos de autistas reais.

Encontre outra história ou artigo informativo para ler no nosso blog. ?

Muito obrigado pela leitura!


Referências e datas de acesso:

1- Ashinoff, B.K., Abu-Akel, A. Hyperfocus: the forgotten frontier of attention. Psychological Research 85, 1–19 (2021). – Acesso em 20/06/2022.

2- – Acesso em 20/06/2022.

3- MedicineNet – Acesso em 20/06/2022.

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

12 respostas para “Autismo de nível 1: como Diana descobriu que faz parte do espectro”

  1. Naiara disse:

    Tô pensando em ir a psicóloga final deste mês, tenho esse mesmo sentimento que Diana teve , de não me encaixar . Na minha família tenho um sobrinho que tem o autismo.
    Sinto um pouco de medo de ir sozinha a psicóloga por não saber oque dizer na hora, quero muito ir … isso está me afetando muito na escola, tenho faltado bastante por conta que os barulhos pequenos me incomodam , não presto atenção na aula por distração destes barulhos , tenho uma coleção de marca texto ,por que faço lettring , e isso me encanta as cores dos marca textos , organizar eles por cores e tamanhos é oque mais faço, tô tendo muita crise de ansiedade só em ouvi falar de escola 😭😭😭😭, eu sei que se eu não for eu vou repetir de ano , mais eu não consigo, amanhã eu vou tentar ir , tô buscando força pra isso . Eu preciso urgentemente ir ao psicólogo

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Naiara! Procurar tratamento é muito importante, ficamos felizes em saber que você tem esse desejo. Fique tranquila quanto a saber o que dizer, a profissional vai saber conduzir a conversa. A psicologia é essencial, e também indicamos procurar um neurologista especializado em autismo para você ter mais certeza sobre o diagnóstico e o que fazer a seguir. Esperamos que de tudo certo pra você, um abraço 💙

  2. Karlheinz disse:

    qual é a diferença de TEA é autismo?

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Karlheinz. TEA é a abreviação para Transtorno do Espectro do Autismo, e autismo é o nome mais usado e conhecido. Ambos tem o mesmo significado. Obrigado por deixar seu comentário.

  3. Roberto Madeira disse:

    só faltou dizer qual é o profissional que a gente deve procurar ajuda!

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Roberto. Indicamos buscar profissionais da saúde mental e neurológica como neurologistas, psiquiatras e psicólogos, priorizando aqueles que tenham experiência no atendimento de autistas. Um abraço. 💙

  4. Jurema mlaker Leone disse:

    eu tenho um filho com esse trastorno, mais ainda não foi diagnosticado, como posso ajuda lo?

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Jurema. Indicamos que a criança seja atendida por um neuropediatra especializado em autismo. Além disso, mesmo sem diagnóstico, é importante buscar terapias de apoio para iniciar as intervenções necessárias.
      Um abraço!

  5. Elaine Cristina Prado disse:

    meu filho foi diagnosticado com grau 1. está fazendo fono pois tem atraso da fala, e faz neuropsicopedagoga. e agora vai começar musicalização porque ele não fica bem com outras crianças direito. mas tenho medo de não estar fazendo o certo e não contribuir com a evolução dele.

  6. JAIRO SOUZA DOS SANTOS disse:

    EU TENHO FILHO COM TEA NIVEL 3 SUPORTE HJ EU ME VEJO E ALGUNS MOMENTOS DENTRO ESPECTRO TENHO DIFICUDADE PARA ME RELACIONAR COM PESSOAS , NAO GOSTO DE SOCIALIZAR E NEM LUGARES COM MUITAS PESSOAS PREFIRO FICA EM CASA ,TENHO HIPERFOCO EM RELIGIAO E ASSUNTOS ESPIRITUIAS MINHA ESPOSA FICA MUITO INCOMODADA PQ EU FOCO MUITO NESSE ASSUNTO E ASSISTO MESMO VIDEOS VARIAS VEZES ,QUNDO GOSTO DE UMA MUSICA REPITO VARIAS VEZES ,NAO GOSTO DE ROUPAS APERTADAS MESINTO SUFOCADO ,NAO GOSTO QUE ME TOQUE .

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Jairo. Alguns desses comportamento são de fato comuns no TEA. Considere buscar uma avaliação com um neurologista especializado em autismo.

  7. Babscoelho disse:

    sempre fui precoce na fala, na escola, sempre queria fazer parte de teatro , fui uma criança maçante,mesmo me sentindo desconfortável em qqer ambiente .
    não gosto que me toquem, o sofrimento alheio não me atinge intensamente, eu vivo acerca do mundo, numa rotina de repetições e não consigo ficar muito tempo perto das pessoas

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