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Postado por Juliana Canavese em 30/set/2024 - Sem Comentários
Quando falamos em espectro autista, é fundamental entender que, apesar das classificações em Nível 1, Nível 2 e Nível 3 de suporte, cada pessoa no espectro é única e tem sua própria história. Hoje, vamos conhecer a trajetória de Clarissa Nunes Botelho Lemos, de 40 anos, casada e mãe de dois meninos: Tomás, de 11 anos, e Davi, de 7 anos.
Clarissa é advogada de formação, mas sua vida tomou um novo rumo após o nascimento dos filhos, principalmente Davi. Ele necessita de atenção constante, 24 horas por dia, pois não tem noção de perigo ou espaço. Davi, que é autista não verbal, começou a aprender comunicação alternativa através de um tablet.
Embora Clarissa se defina principalmente como mãe e esposa, ela fundou, junto com outras famílias atípicas, a AMA (Associação dos Amigos dos Autistas) em 2023, onde atua voluntariamente. Além disso, é Presidente do COMDEF (Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência) em sua cidade. Davi, por sua vez, é diagnosticado com autismo nível 3 de suporte e deficiência intelectual severa.
A família, originalmente do Ceará, mudou-se para Santa Catarina em 2017, durante a gravidez de Clarissa com Davi. Hoje, vivem em Joaçaba há três anos e meio. A gestação e o pós-parto de Davi transcorreram sem problemas, e ele apresentou um desenvolvimento normal até os 8 meses de vida, quando começou a caminhar e a balbuciar. No entanto, com 1 ano, ele não atingiu marcos de desenvolvimento esperados para sua idade.
O marido de Clarissa, médico, logo percebeu sinais de alerta. Davi tinha comportamentos atípicos, como preferir ficar sozinho e focar em detalhes incomuns, como o parafuso de um carrinho. Aos 1 ano e 3 meses, seu pai suspeitou que ele estivesse no espectro, o que foi confirmado por dois neuropediatras aos 18 meses de idade.
Clarissa conta: “Davi caminhou aos 8 meses, fazia sons tipo: bababa, papapa. Mas com 1 ano de idade Davi não atingiu alguns marcos do desenvolvimento esperados para aquela idade. Meu esposo que é médico ficou em sinal de alerta. Ele sempre foi um bebê que preferia ficar sozinho no berço, ele não dava função aos brinquedos. Ele não brincava com os pares, ele tinha sempre um comportamento diferente das outras crianças… quando Davi tinha 1 anos e 3 meses o meu esposo falou que achava que Davi era autista. O que me preocupava era o fato do Davi não falar, mas eu não me preocupava com um transtorno. Foi então que chamei atenção da escola, que ainda não tinha despertado para isso…
Clarissa relata que uma das grandes dificuldades no início foi o sono de Davi, que dormia tarde e acordava nas primeiras horas da manhã. Após muitas consultas, foi receitada melatonina, o que trouxe receio inicialmente. Com o tempo, Clarissa entendeu a importância de garantir o sono de qualidade para Davi e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida de toda a família.
“Eu tinha aquela coisa dentro de mim, aquele receio, meu Deus eu vou dar melatonina para meu filho, vou colocar o meu filho para dormir. Eu demorei 6 meses pra entender que meu filho precisava da melatonina para ele ter um sono de qualidade e a gente enquanto família também termos mais qualidade de vida.
Só despertei pra isso porque a psicóloga que acompanha Davi me orientou a dar a melatonina pra ele, por que eu e o Tomás não tínhamos mais qualidade de vida, vocês precisam dormir, o Davi precisa dormir. E aí nós começamos a melatonina, depois começamos as outras medicações que eram necessárias.”
Davi entrou na escola com apenas 1 ano, e Clarissa esperava que a interação social pudesse ajudá-lo a desenvolver a fala. No entanto, ao chegar na fase de alfabetização, aos 6 anos, ela se deparou com o luto pelo diagnóstico, que não havia vivenciado antes. O degrau de diferença entre Davi e as outras crianças tornou-se evidente. Foi um processo doloroso, mas fundamental para compreender as necessidades de seu filho.
Desde o diagnóstico, Davi passou a frequentar terapias ocupacionais e psicológicas. Hoje, ele realiza duas sessões de fonoaudiologia por semana, usando comunicação alternativa com o iPad, além de frequentar a APAE, onde recebe atendimento pedagógico especializado. A rotina é intensa, com atividades educativas e terapias diárias.
Ao mudar-se para Joaçaba, Clarissa percebeu a falta de suporte para autistas na cidade, o que a motivou a fundar a AMA, juntamente com outras famílias atípicas. A associação nasceu do desejo de garantir atendimento especializado e acessível não apenas para Davi, mas para todas as famílias de crianças autistas na região. Hoje, Clarissa representa a AMA em quatro municípios: Joaçaba, Herval D’Oeste, Luzerna e Catanduvas.
Clarissa ressalta que o autismo é frequentemente romantizado, com ênfase em casos de autistas com altas habilidades. No entanto, a maioria dos casos, como o de Davi, envolve autismo de nível 2 ou 3 de suporte, e muitas famílias ainda enfrentam grandes desafios para acessar atendimento de qualidade.
“O Davi colocou nossa família a par de uma situação que vai mais além dele. Hoje a gente estuda sobre o autismo, porque o Davi nos apresentou essa realidade. Eu me considero uma ativista. Mas enquanto Presidente da AMA, eu não estou aqui pelo Davi, mas sim por conta de todas as pessoas que precisam também. A luta vai muito além dele.
A representação, a bandeira do autismo, a pessoa com deficiência, neurodivergente, essa luta vai continuar existindo independe do Davi, independente da minha família e temos que nos unir como família, como sociedade, para lutar por isso, para garantir que crianças autistas sejam adolescentes autistas com autonomia, adultos autistas com autonomia para viver em sociedade.”
Vemos muito na internet a fala de que mães atípicas não têm o direito de morrer. A mãe atípica se questiona muito como vai ser o suporte para seu filho quando ela morrer?
“A gente se preocupa hoje com políticas públicas que trabalhem a ideia de que o autista vai crescer. O aumento do número de autistas na rede municipal de educação foi de 40% esse ano”
A história de Clarissa é um exemplo inspirador de como o amor por um filho pode transformar não só a vida de uma família, mas de toda uma comunidade. Ao fundar a AMA, Clarissa e sua família passaram a lutar por uma causa maior, buscando garantir que crianças autistas possam crescer e se tornar adultos com autonomia. A luta dela vai além do Davi, e serve como um chamado para toda a sociedade se unir em prol da inclusão e do respeito às pessoas neurodivergentes.
Clarissa deixa uma mensagem para todos: ” O preconceito limita, a inclusão liberta. O que você pode fazer para ser um agente de transformação na sociedade? Qual diferença você pode fazer na sociedade? Como você pode agir de forma positiva na sociedade em relação às diferenças, em relação a todas as pessoas com deficiências que precisam ser acolhidas e vistas?
E para as famílias atípicas que estão vivendo um momento de descoberta e luto, deixo um sinal de esperança para todas elas. O fundo do poço é onde pegamos impulso, se a gente pensar assim a gente vai conseguir proporcionar o tratamento que a pessoa precisa.”
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Postado por Juliana Canavese em 23/set/2024 - 2 Comentários
Autismo e dificuldade de aprendizagem é algo muito comum. Para pais, professores e profissionais da educação, compreender as dificuldades específicas enfrentadas por crianças autistas é fundamental para fornecer o suporte educacional adequado.
Através da identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, é possível implementar intervenções e terapias especializadas, auxiliando as crianças autistas a desenvolverem suas habilidades acadêmicas e alcançarem seu potencial máximo.
Com informações precisas e estratégias educacionais eficientes, é possível proporcionar uma educação inclusiva e de qualidade para crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem. Acompanhe este texto e descubra como ajudar essas crianças a superarem os desafios e a alcançarem sucesso educacional.
O autismo é um transtorno neurológico que afeta a comunicação, interação social e comportamento de uma criança. Além do autismo, existem também outras dificuldades de aprendizagem que podem afetar o processo educacional de uma criança. Essas dificuldades podem incluir dislexia, discalculia, déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtorno de processamento sensorial. É importante entender que cada criança é única e pode apresentar diferentes combinações dessas dificuldades.
Entender as características específicas do autismo e das dificuldades de aprendizagem é fundamental para identificar os obstáculos educacionais enfrentados pelas crianças afetadas por essas condições. Essa compreensão permite que sejam desenvolvidas estratégias educacionais adaptadas e personalizadas para ajudar essas crianças a superar esses desafios e alcançar sucesso acadêmico.
As dificuldades de aprendizagem podem se manifestar de diversas maneiras, afetando áreas como linguagem, leitura, escrita, matemática, atenção, organização e habilidades sociais. Cada criança pode apresentar um conjunto único de dificuldades, o que torna importante uma abordagem individualizada para cada caso.
No caso do autismo, alguns sinais de alerta podem incluir dificuldade em se comunicar verbalmente, dificuldade em estabelecer interações sociais, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Essas características podem se manifestar desde cedo na infância e podem variar em intensidade.
Quanto às dificuldades de aprendizagem, os sinais podem ser mais específicos para cada tipo de dificuldade. Por exemplo, uma criança com dislexia pode ter dificuldade em reconhecer e compreender palavras e letras, enquanto uma criança com discalculia pode ter dificuldade em entender conceitos matemáticos e realizar cálculos básicos.
É importante observar cuidadosamente o desenvolvimento da criança e buscar orientação profissional se houver preocupações sobre seu progresso acadêmico. Quanto mais cedo as dificuldades forem identificadas, mais cedo as intervenções apropriadas podem ser implementadas.
As crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem podem enfrentar uma série de obstáculos educacionais. Esses desafios podem variar de acordo com as características individuais de cada criança, mas existem alguns desafios comuns que muitas delas enfrentam.
Uma das principais dificuldades é a comunicação. Crianças com autismo podem ter dificuldade em se expressar verbalmente, compreender instruções e interagir socialmente. Isso pode afetar sua capacidade de participar plenamente das atividades educacionais e se envolver com seus colegas.
Além disso, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem ter dificuldade em acompanhar o currículo padrão da sala de aula. Por exemplo, uma criança com discalculia pode ter dificuldade em entender conceitos matemáticos abstratos, como frações e equações. Essas dificuldades podem levar a baixo desempenho acadêmico, frustração e baixa autoestima.
Outra dificuldade comum é a falta de habilidades sociais e emocionais. Crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem podem ter dificuldade em entender as regras sociais, interpretar pistas sociais e se relacionar com seus colegas. Isso pode levar ao isolamento social e dificultar a participação plena na vida escolar.
É importante reconhecer e entender essas dificuldades para que estratégias apropriadas possam ser implementadas, visando superar esses obstáculos e promover o sucesso educacional das crianças afetadas.
A identificação precoce envolve observar cuidadosamente o desenvolvimento da criança, estar atento aos sinais de alerta e buscar avaliação profissional quando necessário. Profissionais de saúde, educadores e pais desempenham um papel crucial nesse processo, trabalhando em conjunto para identificar e abordar as dificuldades de aprendizagem e o autismo.
Uma vez identificadas as dificuldades, é importante garantir que as intervenções sejam adequadas e baseadas nas necessidades individuais de cada criança. Isso pode envolver o desenvolvimento de um plano de educação individualizado, que inclua estratégias específicas, suporte terapêutico e adaptações no ambiente de aprendizagem.
A intervenção adequada e o suporte contínuo ao longo do tempo podem ajudar as crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem a desenvolver suas habilidades acadêmicas e a alcançar um bom desempenho escolar.
Existem várias estratégias e recursos que podem ser úteis para ajudar as crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem a superar as barreiras educacionais, de fato. Alguns exemplos incluem:
Essas são apenas algumas sugestões de estratégias e recursos que podem ser úteis para ajudar as crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem a superar as barreiras educacionais.
A inclusão escolar é um princípio fundamental para garantir que todas as crianças, independentemente de suas limitações, tenham acesso a uma educação de qualidade. Para promover a inclusão de crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem, é necessário oferecer adaptações e suporte adequados.
Uma das principais formas de promover a inclusão é garantir que o ambiente de aprendizagem seja acessível e acolhedor para todas as crianças. Isso pode incluir a adoção de práticas pedagógicas inclusivas, o uso de recursos visuais e a adaptação do espaço físico da sala de aula para atender às necessidades individuais das crianças.
Também é importante desenvolver um plano de educação individualizado (PEI) para cada criança, que leve em consideração suas necessidades específicas e estabeleça metas educacionais realistas. Esse plano pode incluir adaptações curriculares, suporte terapêutico e acompanhamento individualizado.
Para garantir a inclusão efetiva, é essencial envolver os pais e cuidadores no processo educacional. Eles desempenham um papel crucial na compreensão das necessidades da criança, na colaboração com a escola e na promoção de um ambiente de apoio em casa.
Essas ferramentas podem ajudar a compensar as dificuldades e promover o desenvolvimento acadêmico e social da criança. Alguns exemplos de recursos e tecnologias assistivas incluem:
É importante lembrar que a escolha dos recursos e tecnologias assistivas deve ser baseada nas necessidades individuais da criança e na orientação de profissionais especializados.
A educação inclusiva é fundamental para garantir que todas as crianças, independentemente de suas limitações, tenham acesso a uma educação de qualidade. Isso inclui crianças com autismo e dificuldades de aprendizagem, que podem enfrentar obstáculos específicos ao longo de sua jornada educacional.
Ao entender as características do autismo e das dificuldades de aprendizagem, é possível identificar e superar os obstáculos educacionais enfrentados por essas crianças. Sendo assim, a identificação precoce, a intervenção adequada e o suporte contínuo são essenciais para ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades acadêmicas e alcançar sucesso educacional.
Promover uma abordagem inclusiva na educação de pessoas com autismo e dificuldades de aprendizagem é um desafio, mas também uma oportunidade de desenvolver uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Com o suporte adequado e o comprometimento de todos os envolvidos, é possível garantir que essas crianças alcancem seu pleno potencial acadêmico e social.
Obrigado pela leitura e não deixe de acompanhar outros conteúdos do Autismo em Dia, tanto aqui no site como em nosso Instagram. Até a próxima!
Referências:
1- Universo autista – acesso em 08/08/2024
2- Neurológica – acesso em 08/08/2024
Postado por Juliana Canavese em 16/set/2024 - Sem Comentários
Você já ouviu falar sobre o autismo de alto funcionamento?
Neste texto, exploraremos esse universo particular do TEA e revelaremos os talentos que muitas vezes passam despercebidos. Descobriremos como essas habilidades podem contribuir para a sociedade e como as pessoas com autismo de alto funcionamento podem encontrar seu lugar em uma sociedade que muitas vezes não sabe como valorizar suas habilidades especiais.
Se você está buscando entender melhor esse assunto ou conhecer histórias inspiradoras , este artigo é para você. Vamos descobrir os talentos escondidos por trás desse transtorno e abrir nossos olhos para as possibilidades e potenciais que essas pessoas incríveis têm a oferecer.
Essa condição é caracterizada por habilidades cognitivas e linguísticas preservadas, apesar das dificuldades sociais e de comunicação. Sendo assim, diferentemente de outras formas de autismo, as pessoas com autismo de alto funcionamento têm um QI médio ou acima da média e geralmente conseguem se adaptar bem às demandas diárias. No entanto, elas ainda enfrentam desafios significativos em áreas como interação social, comunicação não verbal e flexibilidade comportamental.
Embora possa variar de pessoa para pessoa, é importante reconhecer que cada indivíduo é único e pode apresentar diferentes características e habilidades. É fundamental entender que não é uma limitação, mas sim uma parte da identidade de uma pessoa, que pode trazer consigo talentos e habilidades extraordinárias, de fato.
Alguns dos sinais comuns incluem dificuldades na interação social, padrões repetitivos de comportamento, interesses restritos e dificuldades na comunicação não verbal.
No entanto, é importante lembrar que cada indivíduo é único e pode apresentar uma combinação única de características. Alguns podem ter habilidades excepcionais em áreas específicas, como matemática, música ou artes visuais, enquanto outros podem se destacar em memória detalhada ou habilidades de resolução de problemas.
Reconhecer e entender esses sinais e características pode ajudar a criar um ambiente de apoio e compreensão, permitindo-lhes desenvolver e utilizar suas habilidades de forma plena.
O autismo de alto funcionamento é frequentemente rodeado por mitos e estereótipos que podem levar a uma falta de compreensão e aceitação. Uma das falsas crenças mais comuns é que todas as pessoas com autismo de alto funcionamento têm habilidades sobrenaturais ou superpoderes. Embora algumas pessoas com autismo de alto funcionamento possam ter habilidades excepcionais em áreas específicas, é importante não generalizar e reconhecer que cada pessoa é única.
Outro estereótipo comum é que as pessoas com autismo de alto funcionamento são frias e não têm emoções. Isso não poderia estar mais longe da verdade. Pessoas com autismo de alto funcionamento têm emoções e sentimentos como qualquer outra pessoa, mas podem ter dificuldade em expressá-los de forma tradicional. É importante oferecer apoio e compreensão, permitindo-lhes expressar suas emoções de maneiras que sejam confortáveis para elas.
Desconstruir esses mitos e estereótipos é essencial para promover uma sociedade inclusiva e permitir que pessoas com autismo de alto funcionamento sejam valorizadas por suas verdadeiras habilidades e talentos.
Assim como qualquer outra condição, o autismo de alto funcionamento apresenta benefícios e desafios únicos. Uma das principais vantagens é a capacidade de se concentrar intensamente em áreas de interesse e adquirir conhecimento especializado em uma determinada área. Essa habilidade pode ser extremamente valiosa em campos como ciência, tecnologia, engenharia e matemática, onde a atenção aos detalhes e a perseverança são essenciais.
No entanto, também traz desafios significativos. As dificuldades na comunicação social podem levar a mal-entendidos e isolamento social. A rigidez comportamental e a dificuldade em lidar com mudanças podem gerar estresse e ansiedade. Além disso, a sensibilidade sensorial aumentada pode causar desconforto em certos ambientes.
É importante reconhecer esses desafios e oferecer suporte adequado para ajudar as pessoas com autismo de alto funcionamento a enfrentá-los. Ao mesmo tempo, é fundamental destacar os benefícios e as habilidades únicas que podem trazer para a sociedade.
Descobrir e desenvolver os talentos de uma pessoa com autismo de alto funcionamento é essencial para promover um senso de autoestima e identidade positiva. Muitas vezes, esses talentos podem estar relacionados a áreas de interesse específicas, como ciência, música, arte ou matemática.
Uma abordagem centrada nas habilidades, em vez de focar nas dificuldades, pode ajudar a pessoa a identificar seus talentos e encontrar maneiras de desenvolvê-los. Isso pode envolver fornecer oportunidades de aprendizado e prática em áreas de interesse, encorajar a participação em atividades extracurriculares relacionadas e fornecer suporte emocional durante o processo.
Ao descobrir e desenvolver os talentos de uma pessoa com autismo de alto funcionamento, estamos permitindo que ela se sinta valorizada e capacitada, o que pode levar a uma vida mais satisfatória e significativa.
Existem várias estratégias que podem ajudar a apoiar em sua vida diária. Uma das estratégias mais importantes é fornecer um ambiente estruturado e previsível, onde as rotinas e as expectativas são claras. Isso pode ajudar a reduzir a ansiedade e proporcionar uma sensação de segurança.
Além disso, a comunicação clara e direta é essencial para garantir que as pessoas com autismo de alto funcionamento entendam as informações e sejam capazes de se expressar adequadamente. O uso de recursos visuais, como calendários e listas de tarefas, pode ser útil para auxiliar na compreensão e organização.
O apoio social também desempenha um papel fundamental no bem-estar. Oferecer oportunidades de interação social, seja por meio de grupos de apoio, atividades extracurriculares ou programas de mentoria, pode ajudar a construir relacionamentos e promover a inclusão.
É importante que os membros da família se informem sobre o autismo de alto funcionamento e busquem recursos e suporte para si e para a pessoa.
A criação de um ambiente acolhedor e inclusivo em casa, onde a pessoa se sinta amada e aceita, é essencial. A família pode ajudar a promover os talentos e interesses da pessoa e fornecer um sistema de apoio emocional.
Além disso, a comunidade também pode desempenhar um papel significativo no apoio às pessoas com autismo de alto funcionamento. Isso pode incluir a criação de programas de inclusão, a oferta de oportunidades de emprego adequadas e a conscientização sobre as necessidades e habilidades dessas pessoas.
Para encerrar este texto, gostaríamos de compartilhar algumas histórias de sucesso de pessoas com autismo de alto funcionamento. Essas histórias mostram o incrível potencial e as habilidades únicas que esses indivíduos possuem.
Uma menina de apenas 5 anos com autismo de alto funcionamento. Quem contou a sua história pra nós foi sua mãe Daiana Camilo, confira aqui a história completa.
Outra história de sucesso é a de um homem com autismo de alto funcionamento que encontrou sua vocação na música. Solielson recebeu o diagnóstico já adulto. Ele é maestro e nos contou todo o processo do diagnóstico, veja aqui!
O autismo de alto funcionamento é uma condição única que traz consigo uma variedade de habilidades e talentos. Por isso, é essencial que a sociedade reconheça e valorize essas habilidades, oferecendo apoio e oportunidades para que as pessoas com autismo de alto funcionamento possam desenvolver todo o seu potencial.
Ao descobrir e desenvolver talentos, fornecer estratégias de apoio e promover a inclusão, podemos criar um mundo mais inclusivo, onde todas as pessoas, independentemente de suas diferenças, sejam valorizadas e respeitadas.
Portanto, vamos abrir nossos olhos para as possibilidades e potencial que as pessoas com autismo de alto funcionamento têm a oferecer. Vamos celebrar suas habilidades únicas e trabalhar juntos para construir uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
Referências:
1- Neuro Conecta – acesso em 31/07/2024
2- Instituto Neuro Saber – acesso em 31/07/2024
Postado por Juliana Canavese em 09/set/2024 - 8 Comentários
Essa é uma história contada pela proTEAgonista Priscila, 38 anos. Ela é casada e tem dois filhos, Alice de 9 anos e Paulo, de 7 anos, que tem o diagnóstico de autismo Nível 1 de suporte. Atualmente mora em Minas Gerais, na cidade de Extrema. Essa mudança de cidade é recente, desde 2023 e foi essa mudança que fez, de fato, fecharem o diagnóstico do Paulo. O hiperfoco foi o principal sinal percebido por ela, vamos ver isso com detalhes ao longo do texto.
Priscila vai nos contar como foi reconhecer os primeiros sinais que chamaram atenção para procurar um profissional e correrem atrás do diagnóstico.
Por ser autismo Nível 1 de suporte, fica um questionamento trazido pela própria Priscila: O autismo Nível 1 de suporte, significa que é mais leve? E ainda, por não ter questões cognitivas envolvidas no desenvolvimento de Paulo, podemos considerar que para ele é mais fácil lidar com as questões próprias do autismo?
Vamos ver o que Priscila nos traz de reflexão?
Quando Paulo tinha 4 anos, foi o momento em que Priscila percebeu os primeiros sinais de autismo. Quando ele começou a se posicionar e começou a dar voz para suas vontades. Foi aí que ela notou que tinha algo diferente mesmo.
Priscila conta que o processo de diagnóstico de Paulo foi difícil. Ela complementa: “Difícil não pela aceitação, porque envolve um pouco da minha personalidade, de meu jeito de ser, se tem que resolver um problema então a gente vai resolver, não fico me lamentando muito não… mas na parte mesmo de entender de fato o que o Paulo tinha, eu acho que pelo fato de ser Nível 1 de suporte ele não teve comprometimentos cognitivos… o Paulo quebrou estereótipos construídos sobre o autismo. O Paulo não teve atraso de fala, não teve atraso motor, não teve questão de não olhar no olho, de não interagir… não chamou atenção nesses fatos. Mas eu já percebia como mãe, e principalmente porque a Alice é mais velha, eu comparava algumas coisas que eram diferentes.”
Os principais sinais percebidos por ela foram hiperfoco, ecolalia da fala, seletividade alimentar e rigidez cognitiva. Vamos explorar melhor cada um deles e como aconteceu com Paulo:
Priscila relatou que quando Paulo estava com 2 para 3 anos ele começou a apresentar o hiperfoco e isso chamou a sua atenção.
“O grande primeiro hiperfoco que ele teve foi em caixas d’água, mas não em caixas d’água comuns. Em São Paulo, morávamos próximo a um reservatório de água da Sabesp, com caixas gigantes. Ele era fascinado por isso a ponto de precisarmos passar em frente todos os dias. Ele só falava sobre isso e desenhava caixas d’água o tempo todo.
Também houve uma fase em que ele gostava muito de dinossauros, mas isso não me chamava tanto a atenção porque toda criança gosta de dinossauros. No entanto, no caso dele, era uma obsessão intensa, e minha casa ficou cheia de dinossauros.
Outro momento de hiperfoco foi quando morávamos perto do Pico do Jaraguá, um ponto turístico muito alto. Ele só falava sobre o Pico do Jaraguá, e precisávamos visitá-lo toda semana.”
O hiperfoco pode ser tanto uma força quanto um desafio. Por um lado, permite que a pessoa desenvolva um conhecimento profundo e habilidades avançadas em suas áreas de interesse. Por outro, pode dificultar a transição entre atividades ou a realização de tarefas que não estão relacionadas ao foco atual, podendo interferir na rotina diária ou nas interações sociais.
No contexto do autismo, o hiperfoco é visto como uma característica comum e faz parte da maneira como o cérebro autista processa informações e experiências.
Outro sinal muito comum no autismo, é a ecolalia. A ecolalia é um fenômeno em que uma pessoa repete palavras, frases ou sons que ouviu, frequentemente sem compreender completamente o significado ou o contexto dessas palavras. No autismo, a ecolalia pode ocorrer por várias razões, como uma forma de comunicação, autorregulação emocional, ou como uma maneira de processar a linguagem.
Priscila conta: “Outra coisa que ele tinha e me chamava muita atenção é que ele fazia ecolalia, só que ele não repetia frases de filmes, ele repetia a própria fala… a gente perguntava: Filho, Por que você repete? Ele não sabia explicar, ele falava que não sabia.”
Essas coisas chamavam atenção de Priscila. “O Paulinho fugia dos estereótipos. Até conversei uma vez com uma mãe, eu tinha muito contato com mães autistas… aí uma vez sentei com ela pra conversar com ela e perguntei se ela não via nada de diferente no Paulo… mas ela me orientou a procurar um neuro. Como não tinha algo tão exacerbante, eu deixei pra lá.”
Outra coisa que começou a levantar suspeita foi a seletividade alimentar do Paulo. Ela conta que ele sempre foi muito seletivo, depois que parou de mamar no peito, ele não aceitou leite nenhum. “Isso começou a ficar muito preocupante, porque chegou uma hora que ele não comia, tinha uns 3 alimentos de sustância que ele comia… isso me preocupava muito.”
Pessoas autistas podem rejeitar alimentos com base em fatores como textura, cor, cheiro, sabor ou aparência. Essa seletividade pode levar a uma dieta limitada e, em alguns casos, a preocupações nutricionais.
As causas da seletividade alimentar no autismo não são completamente compreendidas, mas podem estar relacionadas a questões sensoriais, ansiedade, ou dificuldades com mudanças.
A rigidez cognitiva de Paulo é muito grande, diz Priscila. “Esse é nosso grande trabalho, eu falo nosso, dos terapeutas também… A rigidez dele vai de não tirar a roupa em outro ambiente que não seja o banheiro para tomar banho, até a ordem de colocar a roupa. Aí tem todo um ritual, primeiro seca ele, depois coloca a camiseta, depois a cueca, depois a calça e a meia, se inverter essa ordem ele não aceita. De manhã ele acorda, toma o café, assiste TV e depois vai escovar os dentes. Se você acordar ele e for escovar os dentes primeiro, é um problema.
Minha mãe fica com eles na parte da manhã e se ela quer levar eles pra casa dela, é muito difícil levar ele pra lá, pois existe uma quebra na rotina.”
Pessoas autistas com rigidez cognitiva podem preferir rotinas fixas, resistir a mudanças e ter dificuldade em lidar com situações imprevistas. Isso pode se manifestar em insistência em padrões específicos, dificuldade em transitar entre atividades, ou forte resistência a alterações em planos ou ambientes.
Essa característica pode estar ligada a um desejo de previsibilidade e controle, ajudando a reduzir a ansiedade em um mundo que pode parecer caótico ou imprevisível.
Todos esses sinais relatados, hiperfoco, ecolalia e outros, acenderam um alerta amarelo em Priscila. Paulo estudava em uma escola particular em São Paulo e nunca a chamaram pra falar sobre alguma questão diferente no comportamento de Paulo. Como ele levava o próprio lanche, ele não tinha problema com alimentação, pois ele levava o que ele comia. Foi quando chegaram em Extrema e ele foi para a escola pública que a questão alimentar começou a aparecer. Após 2 semanas de aula veio um bilhete no caderno para irem conversar na escola.
“Quando vi esse bilhete eu já sabia que a professora tinha visto algo que as outras professoras de São Paulo não tinham visto, e que ela me chamou pra isso, sabe?”
Então a professora a chamou, ela foi muito legal, muito gente boa e profissional também.” Ela tinha algumas especializações, tinha um olhar pro autismo de uma forma muito diferente, ela me chamou mesmo para um bate papo, para conversar… e as coisas que ela foi falando só foi dando certeza para as minhas dúvidas. Ela nos encaminhou para a psicóloga escolar e a psicóloga nos encaminhou para o neurologista. Tivemos algumas consultas com o neuro, e após algumas consultas ele nos deu o laudo. E aí passamos mais algumas coisas com uma neuropediatra para fechar alguns detalhes. Foi aí que conseguimos fechar o laudo, de fato, como autismo nível 1 de suporte com altas habilidades.”
Foi muito importante o olhar da professora para o processo de diagnóstico. “Ela teve um olhar muito atento, eu agradeço muito a Deus e a profissional que a Rosana é, a gente precisava de mais Rosanas nas escolas, pois é muito triste a falta de profissionais capacitados para conversar com pais e mães.”
Uma questão importante para comentar, é que Priscila, impactada pelo caso de seu filho e pela carência de profissionais qualificados para atender autismo, decidiu ingressar em uma pós-graduação em Análise do Comportamento e aplicação de terapia ABA. ” Eu quis entender mais, e também para ajudar, eu senti uma escassez de profissionais habilitados.”
Priscila conta que quando foram para o neuro já começou um trabalho com a família… ” com minha filha, com meu marido, com minha família que estava aqui me ajudando. Meus pais, por serem mais idosos, tiveram um pouco de resistência, mas estavam abertos para aprender. Levei eles em algumas palestras. Hoje eles me ajudam muito, me ajudam demais.”
Ao fechar o diagnóstico eles tinham plano de saúde ativo. “A gente passava numa clínica muito boa, Espaço Singular. Eles nos atenderam muito bem. Mas acabou que focaram na terapia ABA e no relatório da neuro ela informa que ele não precisava de ABA, mas sim de T. O, nutricionista para trabalhar a seletividade alimentar…”
No início de ano perderam o convênio por mudanças de emprego e ficaram parados. Faz pouco tempo, conseguiram encaixá-lo em um programa da Prefeitura. Ele começou a participar uma vez por semana de uma psicoterapia em grupo para interagir, num Espaço que se chama AEE.
Também participa de um grupo de Psicomotricidade, uma vez por semana. Está para iniciar em um grupo de seletividade alimentar com a nutricionista. “Com muito custo estamos conseguindo essas intervenções pelo SUS.”
Priscila dividiu um pouco o que percebe sobre o julgamento das pessoas com relação aos níveis de autismo. Embora o nível 1 de suporte pareça menos desafiante que os outros, isso não o torna fácil e leve.
“Então, as pessoas invalidam um pouco a minha dor. Ah mas o Paulo nem parece autista, o autismo dele é leve. É leve pra quem? Para o Paulo não é leve. Para a família do Paulo não é leve também. São coisas pequenas, mas que mexem totalmente com a estrutura da nossa família. A gente não pode sair pra jantar, almoçar, num restaurante de uma forma normal, como uma família normal. Pois a seletividade alimentar do Paulo é tão forte que ele não consegue sentar do nosso lado se no nosso prato tiver alimentos que ele não suporta.
Fomos viajar agora nas férias e tivemos uma experiência muito ruim… ele ficou bravo, estressado, ele chorou, ele começou a ter crise porque não queria estar naquele ambiente, o cheiro incomoda. Essas horas eu falo, é leve pra quem? Que a gente não consegue ter uma simples refeição em família num ambiente fora da minha casa. Até onde é leve? Hoje eu brigo muito, não fale pra mim que autista nível 1 é leve. Porque para o autista e para a família do autista não tem nada de leve mesmo.”
O autismo ensinou a família a se reinventar. Se for preciso, recalculam a rota diversas vezes. Ela não vê problema nenhum nisso, pois o foco deles é o bem-estar do Paulo. Até mesmo a própria Alice, que ainda é pequena, precisa sempre buscar entender o lado do Paulo e exercita a compreensão para ajudar a recalcular quando for preciso.
“Eu não vou ficar tentando enfiar o Paulo numa caixinha pra moldar ele para o mundo!”
Essa história foi uma verdadeira aula sobre o que os pais e cuidadores podem prestar atenção nos sinais sobre o autismo. Para além dos marcos do desenvolvimento iniciais, existem sinais que podem ser percebidos mais tarde mesmo e só assim será possível chegar ao diagnóstico. Cada história é única e essa deixou uma mensagem importante sobre disposição para o bem-estar de um menino autista.
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Postado por Juliana Canavese em 02/set/2024 - 2 Comentários
Setembro Amarelo é o mês dedicado à conscientização e prevenção do suicídio, um tema de extrema importância que merece atenção em todos os contextos. Quando pensamos em pessoas com autismo, esse assunto ganha ainda mais relevância, pois elas podem enfrentar desafios adicionais em relação à saúde mental. Neste texto, vamos explorar como apoiar pessoas com autismo durante o Setembro Amarelo, oferecendo dicas práticas para familiares, amigos, educadores e profissionais de saúde.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social. Embora cada pessoa com autismo seja única, algumas podem ter maior vulnerabilidade a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e, em casos mais graves, pensamentos suicidas. Estudos indicam que indivíduos com autismo podem estar em maior risco de suicídio do que a população em geral, especialmente aqueles que têm consciência das dificuldades que enfrentam e se sentem isolados ou incompreendidos.
Setembro Amarelo é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a saúde mental das pessoas com autismo e a necessidade de um apoio especializado e sensível. Muitas vezes, o sofrimento dessas pessoas passa despercebido ou é subestimado, o que pode levar a um agravamento dos sintomas. Por isso, é essencial falar sobre o assunto e promover um ambiente onde elas se sintam seguras e compreendidas.
Pessoas com autismo podem ter dificuldades em expressar suas emoções ou em compreender as intenções de outras pessoas. Utilize uma comunicação clara e direta, evitando ambiguidades e mensagens confusas. Esteja disponível para ouvir, sem julgamentos, e ofereça apoio de forma consistente.
A previsibilidade é fundamental para muitas pessoas com autismo. Um ambiente estruturado, onde as rotinas são mantidas e as mudanças são anunciadas com antecedência, pode ajudar a reduzir a ansiedade. Durante o Setembro Amarelo, procure minimizar fatores que possam causar estresse ou sobrecarga sensorial.
Estimule atividades que contribuam para o bem-estar físico e emocional, como exercícios físicos, hobbies, ou momentos de relaxamento. A prática de mindfulness, por exemplo, pode ser adaptada para pessoas com autismo e ajudar a reduzir a ansiedade.
Fique atento a sinais de sofrimento emocional, como mudanças no comportamento, isolamento, irritabilidade, ou dificuldades de sono. Caso perceba que a pessoa com autismo está passando por um momento difícil, busque ajuda especializada, como psicólogos ou psiquiatras que tenham experiência no tratamento de pessoas com TEA.
Se a pessoa com autismo demonstrar sinais de depressão ou pensamentos suicidas, é essencial buscar ajuda profissional imediatamente. Profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem oferecer terapias e tratamentos específicos para lidar com essas questões.
Quanto mais você souber sobre o autismo, mais preparado estará para oferecer o suporte necessário. Busque informações em fontes confiáveis, participe de grupos de apoio e converse com especialistas. Entender as particularidades do autismo é o primeiro passo para ajudar de forma eficaz.
Cada pessoa com autismo tem seu próprio ritmo e forma de processar informações e emoções. Respeite o tempo dela e evite forçar interações ou mudanças repentinas. Esteja presente, mas permita que ela se expresse no seu próprio tempo.
Ajude a pessoa com autismo a identificar e expressar seus sentimentos. Isso pode ser feito por meio de recursos visuais, como tabelas de emoções, ou através de atividades artísticas, como desenho ou música. Expressar emoções de forma saudável é fundamental para o bem-estar emocional.
Envolva outras pessoas no processo de apoio, como familiares, amigos, educadores e profissionais de saúde. Uma rede de apoio sólida pode fazer a diferença na vida de uma pessoa com autismo, oferecendo suporte emocional e prático quando necessário.
O Setembro Amarelo é um momento para refletir sobre a importância da saúde mental e para tomar medidas concretas que ajudem a prevenir o suicídio. Quando falamos de pessoas com autismo, esse cuidado deve ser ainda mais atento e especializado. Oferecer um ambiente seguro, promover a comunicação clara e incentivar o apoio profissional são apenas algumas das maneiras de fazer a diferença. Ao nos educarmos e agirmos com empatia, podemos ajudar a proteger e melhorar a vida de pessoas com autismo durante este mês e além.
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Referências:
Postado por Juliana Canavese em 08/jan/2024 - 10 Comentários
Hoje vamos conhecer a história de Samanta Rodrigues, um relato real sobre o diagnóstico tardio de autismo em mulheres. Ela tem 48 anos e começou a desconfiar do diagnóstico de autismo há uns 3 anos, iniciou a investigação há 2 anos, e recebeu o laudo há apenas 6 meses. Ela é casada e vive com seu marido na cidade de São Paulo-SP.
Samanta comentou que gosta de morar em São Paulo pela facilidade de acesso, porém a agitação da cidade a incomoda um pouco, e assim que o seu marido conseguir se aposentar, pretendem ir morar no litoral, que é mais calmo para viver.
Samanta tem uma história interessante sobre a descoberta do autismo, porém o caso dela não é tão incomum entre casos de mulheres autistas, no Brasil e no mundo, é mais comum do que parece que mulheres sejam diagnosticadas mais tarde.
Uma explicação é que as mulheres aprendem desde cedo a serem mais introspectivas e são socialmente mais cobradas de serem discretas e menos expansivas do que os homens, sendo assim, elas conseguem mascarar mais facilmente algumas características do autismo e também conseguem se adaptar melhor a algumas delas. Confira o texto sobre a camuflagem do autismo, uma leitura muito importante sobre o assunto e que nos ajuda a entender o diagnóstico tardio do autismo em mulheres.
Segundo o CDC (Centro de controle e prevenção de doenças), que divulgou dados de pesquisa em 2020, para cada 4 meninos diagnosticados dentro do espectro, existe 1 menina diagnosticada. Segundo dados divulgados recentemente, em 2023, pela primeira vez a porcentagem de meninas de 8 anos identificadas com autismo foi superior a 1%, porém, uma realidade continuou, os meninos têm quatro vezes mais chances de serem diagnosticados com autismo do que meninas.¹
Ainda não existe uma única resposta do porquê isso acontece. Permanece a hipótese sobre a camuflagem das meninas, mas também existem estudos para entender se há alguma outra causa genética que explique essa diferença.2
Frequentemente ouvimos relatos de que uma pessoa tenha, além do autismo, outras comorbidades associadas.
No caso de Samanta, primeiro iniciou-se a investigação de sinais de TDAH e depressão. Aliás, por anos ela tratou a depressão na psiquiatria. Também tratava bastante a sua falta de foco.
Isso é muito comum: até que se entendam os sinais e toda a repercussão do autismo na vida de uma pessoa, ela pode passar por episódios de ansiedade e depressão, sendo mais sintomas do que causa propriamente ditas. Por isso é tão importante a investigação correta, pois uma pessoa pode passar a vida inteira tratando algo superficialmente, mas se recebesse o diagnóstico correto e preciso, ela poderia ter os tratamentos mais adequados.
Foi observando outras crianças neurodivergentes no grupo que ela participa como chefe de escoteiros, que Samanta percebeu que existiam muitas características de autismo nela. Por exemplo, ela percebia uma sensibilidade maior a sons:
“Um dia eu conversei com uma amiga psicopedagoga, ela fez alguns testes comigo e me orientou em ir atrás para investigar… eu me identificava muito com as coisas que eu lia pra poder aplicar nas crianças que eu trabalhava… conversei mais com a minha psiquiatra e aí que eu resolvi fazer os testes e pedi pra ela fazer o encaminhamento para ir a neuropsicóloga”
No primeiro momento, quando levou o laudo para a psicóloga foi confirmado o TDAH, mas depois o psiquiatra confirmou o autismo e fechou o laudo. Para ela foi um alívio o autismo ter se confirmado também, pois ela passou a entender melhor algumas coisas que aconteciam.
Hoje Samanta trabalha mais em casa, segundo relato dela:
“Eu não gosto muito de sair da minha rotina, as pessoas às vezes não entendem, porque eu esqueço as coisas, sou muito metódica. As coisas precisam estar sempre no mesmo lugar, se não eu me atrapalho. Tudo eu tenho que anotar. Então, acabei desistindo de procurar emprego fora. Eu faço minhas coisas em casa, faço biscoitos decorados. Às vezes eu trabalho com uma amiga minha, porque ela tem uma escola de inglês, aí trabalho com ela quando a secretária dela entra de férias, eu acabo fazendo coisas com ela porque ela me entende, daí fica mais fácil de trabalhar.”
Em casa eu consigo me entender melhor, quando fico muito tempo na rua fica mais complicado. Por isso, costumo usar o cordão de girassol para ficar mais visível para as pessoas que eu sou diferente.
Tem muita coisa que faço no meu tempo, no dia que estou melhor eu limpo a casa, quando consigo eu lavo roupa e passo. Porque também tem a depressão. Mas com o autismo eu me dou super bem, aprendi a reconhecer os sinais do meu corpo. O dia que meu corpo tá bem eu faço, no dia que não está eu respeito.”
Hoje a Samanta faz terapia para lidar mais com as questões do TDAH e com o psiquiatra ela fala mais sobre o autismo. Faz tratamento medicamentoso para o autismo, TDAH, ansiedade e depressão.
Samanta reforçou bastante a importância de ir atrás caso tenha suspeita de autismo, e para ela a descoberta foi um momento de felicidade e alívio para saber por onde ir.
O caso de Samanta é mais um caso de uma mulher adulta que percebeu que precisava ir atrás de respostas sobre sua maneira de navegar pelo mundo. Esperamos que sirva de inspiração para outras mulheres que podem passar por situações parecidas ao estarem lidando com sintomas que não são só do autismo, mas que ao tratar corretamente, podem viver uma vida mais feliz e serem mais compreendidas.
Não deixe de buscar informação e ajuda especializada. Hoje, felizmente, existem muitos profissionais capacitados para lidarem com o autismo e ajudarem as pessoas a serem cada vez mais elas mesmas.
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Referências:
1- Autismo e realidade – acesso em 26/09/2023
2- O Globo – acesso em 26/09/2023