Saúde mental e autismo: quando há depressão ou ansiedade

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Postado por Autismo em Dia em 24/ago/2022 - Sem Comentários

Estamos no Setembro Amarelo e o tema “saúde mental” está em alta aqui no Autismo em Dia e em diversos outros portais. Mas o tema é relevante sempre, e isso é muito positivo! Afinal, quando falamos sobre saúde mental, podemos conscientizar cada vez mais sobre o assunto.

Hoje vamos abordar as pautas mais importantes sobre o tema, trazendo para o contexto o que envolve o autismo no assunto. Falaremos sobre as causas, sintomas e tratamentos de condições como a depressão e a ansiedade.

Continue a leitura para saber mais sobre saúde mental e autismo.

Saúde mental e autismo

O autismo não é um problema de saúde mental. Autistas podem ter boa saúde mental ou dificuldades relacionadas a ela como qualquer pessoa, neurotípica ou não. Há coisas que podem ser feitas para ajudar, como ficar de olho em possíveis sintomas, conversar com as pessoas que são próximas e procurar ajuda profissional se precisar. ¹

Nos próximos tópicos, vamos falar sobre os principais pontos desse tema.

Saúde mental e autismo: depressão

É muito comum ter momentos em que nos sentimos tristes ou deprimidos no decorrer de nossas vidas. No entanto, quando esses sentimentos duram mais do que algumas semanas e afetam a vida diária, pode ser um sinal de depressão. Pesquisas sugerem que autistas podem ter mais probabilidade de sofrer de depressão do que pessoas não autistas e estimam que isso afeta até metade de todos os autistas em algum momento de sua vida.

Ainda que sejam dados alarmantes, é importante deixar claro que a depressão é tratável e com o apoio certo, você pode superar o problema. Se alguém está passando por um episódio de depressão, é importante procurar ajuda. ²

O que é depressão?

A depressão é uma condição de saúde mental que vai além de sentir-se infeliz ou cansado por alguns dias. Ela na verdade afeta as pessoas de diferentes maneiras e pode trazer consigo uma grande variedade de sintomas.
Esses sintomas variam de sentimentos de tristeza, exaustão e desesperança a perda de interesse nas coisas que antes eram prazerosas. A maioria das pessoas passa por períodos difíceis, mas quando você está sentindo isso por semanas ou meses, é importante consultar um psicólogo ou psiquiatra. ²

Quais são os sintomas? ²

A depressão pode ser dividida em três principais conjuntos de sintomas:

Mudanças no humor

• Mal humor contínuo ou tristeza;
• Sentimentos de vazio e desesperança;
• Pensamentos suicidas ou automutilação.

Alterações físicas

• Aumento ou diminuição do apetite ou peso;
• Alterações no sono, como dormir muito ou ter insônia;
• Falta de energia, fadiga, exaustão mental e física.

Mudanças nas interações sociais

• Diminuição na frequência de contato com as pessoas;
• Dificuldades de comunicação em casa, no trabalho ou com a família;
• Negligenciar hobbies, interesses e autocuidado.

A depressão afeta as pessoas de maneiras diferentes e os sintomas podem variar de leves a graves. A depressão leve pode fazer você se sentir persistentemente sem energia, enquanto a depressão grave pode fazer você sentir que a vida não vale mais a pena ser vivida.

Autistas geralmente têm os mesmos sintomas que as pessoas neurotípicas, mas podem ser mais propensas a experimentar:

• Isolamento social;
• Aumento de comportamentos repetitivos;
• Mudanças nos interesses;
• Crises de meltdown ou shutdown mais frequentes;
• Risco aumentado de automutilação ou pensamentos suicidas.

Sabendo desses riscos, é indispensável ficar atento a qualquer mudança comportamental que indique que algo não vai bem. Dessa forma, é possível buscar tratamento mais cedo e evitar que os sintomas evoluam.

Causas e como a depressão e o autismo se relacionam ²

As causas gerais de depressão que podem afetar qualquer pessoa incluem:

• Experiências estressantes ou traumáticas;
• Histórico familiar de depressão;
• Outras condições de saúde mental ou física, como ansiedade;
• Abuso de drogas, álcool ou medicamentos.

Mas não é só isso. Podem haver razões para a depressão que são específicas para os autistas. Afinal, a vida diária pode ser mais desafiadora para essas pessoas. Diferenças na compreensão de situações e relações sociais, incompreensão por parte dos outros ou situações de preconceito podem aumentar a ansiedade e o estresse. Isso pode levar à baixa autoestima, isolamento social e solidão. Tudo isso pode contribuir para a depressão.  

Outros motivos incluem:

• Alexitimia (dificuldade em identificar, entender e gerenciar sentimentos);
• Falta de apoio adequado.

Depressão no autismo: pode ser mais difícil identificar

Os sintomas de depressão podem ser mais difíceis de se identificar nos autistas. Afinal, algumas características podem ser confundidas com comportamentos inerentes ao TEA, como a tendência ao isolamento social.

Pode ser mais fácil chegar a um diagnóstico quando quem está sendo avaliado está no nível 1 de suporte no espectro, por exemplo. Mas quando a suspeita é sobre um autista de nível 2 ou 3, principalmente se for não verbal, pode ser um desafio.

Mas mesmo nesses casos é possível diagnosticar a depressão observando se os comportamentos mudaram nas últimas semanas ou meses, como alterações no apetite, sono, humor, irritabilidade, perda de interesse nas atividades favoritas, etc. ³

Tratamentos para a depressão ²

Se você acha que pode estar com depressão, tente falar sobre isso com alguém em quem confia e ressalte que você precisa de ajuda profissional. Se por algum motivo você não conseguir suporte, fale com seu médico ou psicólogo. O tratamento para a depressão será o mesmo para autistas e neurotípicos, mas conversar com um profissional especialista em TEA pode ser mais proveitoso.

Agora, vamos falar sobre os principais tratamentos:

Psicoterapia

O atendimento psicológico é essencial no tratamento da depressão. Muitas vezes, principalmente em casos menos graves, apenas a psicoterapia e algumas mudanças de estilo de vida são suficientes para superar a depressão.

Psiquiatria

Os psiquiatras são os responsáveis por analisar os sintomas e determinar se é necessário tomar algum medicamento. É muito importante consultar esses médicos, principalmente quando os sintomas da depressão estão interferindo no dia a dia e na qualidade de vida.

Mudanças no estilo de vida

Faz parte do tratamento algumas mudanças no estilo de vida, como passar a se alimentar melhor e principalmente passar a fazer exercícios físicos de forma regular, pois os exercícios ajudam o cérebro a produzir neurotransmissores relacionados ao bem-estar.

Saúde mental e autismo: ansiedade

Não podemos deixar de falar um pouco sobre a ansiedade, afinal, ela também é muito comum e pode aparecer ao mesmo tempo que a depressão. 

Qualquer pessoa pode se sentir ansiosa. É comum sentir ansiedade em situações estressantes ou desafiadoras, por exemplo. No entanto, os autistas podem se sentir ansiosos no dia-a-dia ao enfrentar diferentes ambientes sociais e situações sensoriais que podem ser difíceis de lidar.

Pesquisas sugerem que autistas são mais propensos à ansiedade e estimam que até metade de todas as pessoas no TEA experimentam altos níveis de ansiedade regularmente. Se você ou alguém que você conhece está lutando com altos níveis de ansiedade, é importantíssimo buscar ajuda profissional. A ansiedade e a depressão se correlacionam, portanto, tratar a ansiedade é prevenir a depressão. ⁴

O que é a ansiedade ⁴

A ansiedade é descrita principalmente como um sentimento de desconforto, como de preocupação ou medo, que pode ser leve ou grave. Todos podem se sentir ansiosos em algumas situações, mas ela torna-se uma condição clínica quando experimentada por um período prolongado de tempo e quando tem um impacto significativo na vida de uma pessoa.

Quais são os sintomas  ⁴

Se sua ansiedade é frequente, difícil de controlar e afeta sua vida cotidiana, é possível que você tenha o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Saiba quais são os sintomas:

• Sentir-se inquieto, agitado ou preocupado.
• Sensação de que algo está se “revirando” no estômago, podendo sentir náuseas.
• Batimentos cardíacos acelerados, fortes ou irregulares.
• Respiração ofegante ou mais rápida.
• Suor frio ou ondas de calor.
• Problemas para dormir.

Relação de autismo e ansiedade ⁴

Mesmo não fazendo parte dos critérios de diagnóstico do autismo, muitos autistas apresentam altos níveis de ansiedade. As pesquisas sugerem que cerca de 40% a 50% das pessoas autistas receberão um diagnóstico clínico de ansiedade.

Situações sociais desafiadoras e estímulos sensoriais em excesso podem aumentar o estresse e aumentar a ansiedade das pessoas autistas. Outra causa significativa de ansiedade é a sensação de ser incompreendido ou ter a falsa sensação de que existe a necessidade de “se encaixar” e não ser visto como diferente, o que pode levar muitos autistas a tentar mascarar ou camuflar as características do TEA. Isso pode aumentar a ansiedade e ter um efeito negativo na saúde mental.

Outras razões pelas quais as pessoas autistas podem sentir ansiedade incluem:

• Mudanças na rotina, principalmente se for uma mudança inesperada.
• Dificuldade em identificar, compreender e gerir emoções

Tratamento da ansiedade ⁴

O tratamento da ansiedade é muito parecido com o tratamento da depressão. Em algumas situações, até mesmo os mesmos medicamentos são utilizados, mas isso não é regra. Já demos os detalhes ali em cima, mas, recapitulando quais são os tratamentos:

• Psicoterapia;
• Psiquiatria;
• Mudanças no estilo de vida.

A saúde mental do autista é uma preocupação real e que precisa de atenção. Esperamos que o texto ajude de alguma forma na conscientização sobre o tema!

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Obrigado pela leitura. 💙

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Referências e datas de acesso:

1- National Autistic Society – Acesso em 22/08/2022.

2- National Autistic Society – Acesso em 22/08/2022.

3- Spectrum News – Acesso em 22/08/2022.

4- National Autistic Society – Acesso em 22/08/2022.