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Postado por Autismo em Dia em 11/dez/2020 - Sem Comentários
Hoje iremos trazer um tema que pode ser do interesse de muitos autistas adolescentes, jovens e adultos: autismo, relacionamento amoroso e intimidade.
Apesar de ter sido preparado especialmente para os autistas, o texto também serve de apoio para pais que precisem de dicas para orientar seus filhos autistas que estejam nessa fase que é tão desafiadora.
O interesse pelos relacionamentos costuma surgir na adolescência, e é perfeitamente normal que esse assunto gere alguma ansiedade na maioria dos jovens. Não é diferente para os jovens com TEA. Na verdade, até mesmo para os adultos do espectro, os relacionamentos amorosos podem ser um desafio. Isso porque autistas, mesmo aqueles de grau leve, costumam ter dificuldades na interação social.
Antes de mais nada, nós sabemos que não é fácil se aproximar e demonstrar interesse na pessoa desejada. Afinal, se essa dificuldade ocorre até mesmo com as pessoas neurotípicas, é fácil imaginar o quão difícil pode ser para um autista.
Por isso, o texto a seguir tem várias dicas para aqueles que desejam encontrar alguém para namorar e criar laços.
Sim, autistas conseguem namorar e manter um relacionamento amoroso! No entanto, precisamos levar em consideração que nem todo jovem com TEA irá se interessar por um relacionamento amoroso, e não há nada de errado nisso.
Autistas de grau moderado ou severo terão maior dependência dos pais e cuidadores para as atividades mais básicas do cotidiano, como comer, escovar os dentes e se vestir, por exemplo. Naturalmente, se nesses casos, não houver um grau considerável de independência e uma comunicação funcional para entender conceitos como o consentimento, por exemplo, não será possível criar laços desse tipo.
Vale lembrar que, mesmo autistas de grau leve que são totalmente independentes e funcionais, o simples desinteresse em ter um relacionamento pode ocorrer, e isso não precisa ser motivo de preocupação. O mundo está cheio de pessoas com interesses e necessidades diferentes. Não existe receita para a felicidade, cada um precisa viver a sua verdade.
Estar em um relacionamento amoroso pode trazer muitos benefícios. Fornecer apoio social e emocional e ter alguém para desfrutar de atividades compartilhadas, são bons exemplos disso.
Sabemos que algumas características particulares do autismo podem tornar os relacionamentos desafiadores em todas as fases, desde conhecer alguém, até desenvolver intimidade emocional e física. Mas, com as dicas a seguir, é possível passar por cada uma dessas fases com um pouco mais de conforto.
A verdade é que hoje em dia, a maioria dos relacionamentos começa na rede. Sites e aplicativos de relacionamento são ótimas opções para conhecer pessoas novas, mas só use eles se for maior de 18 anos, combinado?
Antes de mais nada, tenha em mente que as conversas online, principalmente por mensagens de texto, são mais difíceis de interpretar. Nesses casos não temos o tom de voz, a expressão facial ou outras pistas para saber como a conversa está sendo recebida. Por isso, reserve um tempo para pensar em possíveis interpretações antes de apertar o botão de envio ou de fazer um julgamento ou suposição sobre o que a outra pessoa disse.
Em um primeiro momento, considere as chamadas de vídeo para iniciar uma interação mais pessoal e conhecer a melhor a pessoa com quem você está conversando. Se a conversa vai bem e o interesse é reciproco, pode ser uma boa ideia chamar a pessoa para um encontro.
Quando o encontro for acontecer, avise alguém para onde vai e marque encontros em locais públicos, afinal, sejamos realistas, não podemos confiar em todo mundo logo de cara.
É importante lembrar que se você está lendo essas dicas durante a pandemia de covid-19, que está acontecendo no momento da publicação deste texto, é importante manter o isolamento social. Não saia para encontros presenciais agora. Não coloque você ou as outras pessoas em risco. Essa não seria uma boa forma de começar um relacionamento.
O hiperfoco é uma característica muito comum entre os autistas. Eles podem desenvolver interesses intensos em determinados assuntos e até mesmo em outras pessoas.
O hiperfoco pode ser benéfico quando se trata de um conhecimento ou de uma especialização, mas costuma ser mal interpretado se o foco é uma pessoa de interesse. Então, mesmo que você tenha a melhor das intenções, nesse caso, tome cuidado com o hiperfoco. Mensagens repetidas e atenção em excesso podem assustar a outra pessoa e afastá-la. Repare se a atenção está sendo correspondida antes de dar o próximo passo.
Todos temos diferentes limites quando se diz respeito ao que é ou não é confortável. Principalmente entre os autistas, é comum algum incômodo quanto a ruídos e outros estímulos sensoriais. Então, quando a hora do encontro chegar, leve em consideração os estímulos do ambiente escolhido. Afinal, uma perturbação na sensibilidade pode atrapalhar a fluidez do momento.
Ao mesmo tempo que você precisa se preocupar se o local é adequado para você, é importante perguntar quais são os gostos da outra pessoa, afinal, o que é confortável para um, pode não ser para o outro. Mas não se preocupe tanto com isso, certamente existe alguma atividade que vai ser agradável para os dois.
Além disso, se engana quem pensa que só os estímulos auditivos e visuais precisam ser levados em consideração. Vamos conversar um pouco sobre o contato físico?
O toque também é interpretado de forma particular por cada um, seja essa pessoa autista ou não. Não perca de vista que não existe obrigação, de nenhuma das partes, de querer ou permitir que qualquer tipo de toque aconteça.
Quando o encontro vai bem, uma coisa vai levando à outra. Ou seja: se você está em um encontro que vai bem e existe afinidade, talvez a pessoa comece a tocar suas mãos, rosto ou cabelo. Pode ser que ela tente até algo mais ousado, como um beijo, por exemplo. Se você se sente bem com a situação, procure retribuir a esses toques para demonstrar seu interesse. Em contrapartida, se a situação é desconfortável, se afaste.
Não permita que ninguém lhe toque de forma que você se sinta incomodado. Lembre-se: você está no controle e sempre poderá dizer ‘não’. Mas, é claro, o mesmo vale para a outra pessoa.
Não avance os toques se ouvir uma resposta negativa ou perceber que a pessoa não parece estar confortável. Uma boa forma de notar se o toque está sendo bem vindo é reparar se a pessoa está sorrindo e retribui ao carinho, ou se ela parece “paralisada” ou se afasta.
Os sinais de interesse envolvidos na paquera nem sempre são tão óbvios e claros, e pode ser difícil interpretá-los. Inclusive, a dificuldade em entender os sinais que o outro dá não acontece só com os autistas.
Mas afinal, que sinais são esses? Separamos uma lista com 9 sinais de que uma pessoa pode estar interessada em você. A lista é baseada no estudo da linguagem corporal. Por isso, repare se: ¹
É claro que, nem sempre, esses sinais podem ser levados ao pé da letra. O contexto é importante, portanto, se não tiver certeza sobre como interpretar um sinal sútil, tente enviar outro sinal em seguida, como por exemplo tentar encostar na mão do outro. Se houver uma reciproca, provavelmente há interesse.
Ao se aventurar no mundo dos relacionamentos, saiba que ser rejeitado acontece. Pode ser dolorido e difícil de entender os motivos de primeira, mas todos têm o direito de recusar uma conversa, encontro ou contato físico.
Algumas vezes tudo parece ir bem, até que, para uma das partes, não vai mais. Talvez vocês já tenham se encontrado e pode ser até que já exista algum envolvimento emocional ou físico. Então, chega a notícia desagradável: a pessoa quer terminar o relacionamento. Isso acontece com quase todas as pessoas que namoram em algum momento da vida.
Você precisará aprender a lidar com a rejeição sem sofrer mais do que o necessário. Agora, nunca se esqueça que sofrer após um rompimento é natural. Ficamos tristes, muitas vezes sem entender o motivo de tudo aquilo estar acontecendo, mas devemos entender que o sofrimento também é uma oportunidade de autoconhecimento.
Não se envergonhe se precisar de ajuda para lidar com seus sentimentos. Busque conforto em sua rede de apoio: terapeutas, familiares, amigos. Pessoas que te amam e querem seu bem podem fazer com que o momento difícil seja superado com mais facilidade.
Embora não seja uma regra, é verdade que muitos autistas têm alguma dificuldade em expressar seus sentimentos. Pode ser um pouco mais trabalhoso para a pessoa dentro do espectro estabelecer esses laços mais íntimos, mas definitivamente não é impossível.
Através da terapia cognitiva comportamental, certamente você poderá descobrir formas criativas para melhorar a interação, proximidade e intimidade com o seu parceiro ou parceira. Ao mesmo tempo, busque se envolver com pessoas que respeitem a sua individualidade. Ter alguém ao seu lado só é valido quando a outra pessoa se preocupa em respeitar e aceitar você como é.
Eventualmente, para o relacionamento amoroso funcionar os dois lados terão que ceder um pouco, e é importante levar os sentimentos do outro em consideração. No entanto, se alguém está constantemente pedindo para que você mude coisas sobre si para se adaptar a ela, pode ser um sinal de que esta não é a pessoa certa para você.
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Esperamos ter ajudado de alguma forma aqueles autistas que procuraram por este conteúdo a fim de buscar ou melhorar um relacionamento, ou até mesmo aos potenciais parceiros de autistas que desejam entender melhor a relação entre autismo e relacionamento amoroso.
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O texto que você acabou de ler foi inspirado e adaptado do artigo “Dating: Tips for autistic teens and adults”, do portal Autism Speaks.
Referências bibliográficas e a data de acesso:
1- Incrível – Acesso em 09/12/2020
“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”
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