Aumento dos casos de autismo: quais os motivos?


aumento dos casos de autismo

Postado por Autismo em Dia em 21/abr/2022 - 20 Comentários

Não há dúvidas de que há um aumento exponencial nos casos de autismo nos últimos anos. Até mesmo quem não costuma pesquisar muito sobre o tema pode notar isso no seu próprio circulo social. Hoje, a maioria das pessoas conhece alguém com o diagnóstico. Talvez seja em seu circulo familiar ou social mais próximo, como filhos, sobrinhos e filhos de amigos, ou mais distantes, como um vizinho ou colega de trabalho, por exemplo.

Mas é claro que não basta falar que isso é real com exemplos do dia a dia. Afinal, nós do Autismo em Dia prezamos muito pela autenticidade das informações que trazemos ao nosso site. Então, se vamos falar sobre dados: segundo estatísticas norte-americanas, o Transtorno do Espectro Autista atinge atualmente cerca de 1 em cada 44 crianças, e esse número só aumenta a cada atualização dessas estatísticas. 1 Isso é suficiente para que alguns especialistas considerem que existe uma suposta “epidemia” de autismo. 2

Citamos essa suposta “epidemia” entre aspas pois, em geral, quando se fala em epidemia, se fala em doença. Inclusive, há quem associe uma epidemia a uma condição transmissível. Mas o autismo não se enquadra em nenhuma dessas situações. Por essa razão, preferimos não nos concentrar muito em termos que possam causar certa confusão quanto aos seus significados reais.

Ainda assim, é fato que hoje vemos os casos de diagnóstico de autismo aumentando muito. E, afinal, por que isso está acontecendo? E por que muitos especialistas acreditam que esses casos seguirão aumentando cada vez mais? Continue a leitura e saiba quais são as respostas para essas perguntas.

Índice

Aumento dos casos de autismo: quais os principais motivos?

Atualmente, existem vários fatores que podem influenciar no aumento dos casos de autismo. Ou seja, não dá para bater o martelo e determinar uma única causa definitiva. Então, vamos falar sobre os principais motivos? Confira a seguir:

Mais acesso à saúde

Felizmente, hoje em dia é muito mais fácil procurar ajuda médica para obter um diagnóstico. Seja na rede pública ou por atendimentos particulares e mediados pelos planos de saúde, o acesso aos profissionais é muito mais simples. Isso é, de fato, um fator que tem sua parcela de responsabilidade no aumento dos casos de autismo. 3

Mas é claro que não podemos atribuir exclusivamente a isso o fato de os casos de autismo só aumentarem. Então, vamos prosseguir.

Aumento da conscientização sobre o autismo

Fonte: Envato – Foto de twenty20photos

Certamente, o fato de a população estar mais consciente sobre o que é o TEA ajuda e muito na identificação do transtorno. 3 Isso é ainda mais relevante quando falamos no autismo de nível 1, que é mais difícil de identificar quando não há tanta informação sobre o tema. A prova disso é que é cada vez mais comum descobrir o autismo na vida adulta. Por sua vez, muitos só se descobrem como parte do espectro depois de um filho ser diagnosticado, como é o caso de alguns dos entrevistados do nosso quadro “#ProTEAgosnistas“.

Mas, ainda que estejamos no caminho certo, não chegamos ao ápice da conscientização, e ainda há muito a ser feito nesse sentido. 

Mais acesso à informação em geral

A era digital nos colocou em contato com muitas realidades que não esperávamos conhecer. Quando navegamos pela internet, diversos tipos de informações surgem nas telas mesmo que não estejamos procurando por aquilo em específico. Dessa forma, acabamos nos identificando ou identificando outras pessoas em contextos diversos. Isso deixa as pessoas mais próximas dos diagnósticos em geral, como o próprio TEA, TDAH, os transtornos de ansiedade, etc.

Além disso, mas ainda nesse contexto, os pais, atualmente, estão mais conscientes sobre os marcos do desenvolvimento esperados para cada idade. Portanto, se aos seis meses a criança ainda não senta, por exemplo, é mais fácil que ele procure o pediatra para saber se está tudo bem com o bebê. E quando há atraso em um dos marcos do desenvolvimento ou mais, esses pais, naturalmente, ficam mais atentos aos possíveis sinais de autismo nos bebês.

Se você quer saber quais são os marcos do desenvolvimento, baixe o nosso e-book sobre o tema clicando na imagem a seguir:

aumento dos casos de autismo

Critérios de diagnóstico ampliados

A versão mais antiga do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) não permitia que crianças, adolescentes ou adultos fossem diagnosticadas com autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ao mesmo tempo. Mas, atualmente, o TDAH já é reconhecido como uma comorbidade comum do autismo e a versão do DSM-5, mais recente, permite diagnósticos múltiplos.

Isso foi muito importante pois, antes, quando um indivíduo possuía traços mais marcantes relacionados ao TDAH, ele tinha a possibilidade de um diagnóstico de autismo automaticamente descartadas. Uma razão para isso é que existem muitas características em comum entre o autismo e o TDAH. Mas, felizmente, hoje já sabemos que, não só é possível ter os dois transtornos ao mesmo tempo, como é extremamente comum. 3

Então, não temos mais autistas, apenas mais diagnósticos?

Não podemos afirmar que não houve aumento nos casos de autismo em si, e que a única explicação para isso é um aumento nos diagnósticos graças a todos os motivos que apresentamos aqui. Existem ainda alguns fatores ambientais que podem sim ter interferido nisso, como por exemplo: 

  • Aumento no número de concepções tardias: esta pode ser uma das razões pelas quais há um ligeiro aumento no número de bebês que nascem com traços autistas. Afinal, a idade avançada dos pais é um fator importante que aumenta as chances de autismo no bebê. 
  • A sobrevivência de bebês muito prematuros (prematuridade é um fator de risco para o autismo) é mais comum agora do que antes, graças aos avanços da medicina moderna.
  • A exposição a toxinas ambientais como pesticidas, consumo de certos medicamentos durante a gravidez (como antiepilépticos e antidepressivos, por exemplo), certas infecções maternas durante a gravidez e consumo de álcool durante a gestação também podem ser outras razões pelas quais temos maiores incidências de bebês nascidos com autismo. 3

Vale citar que, quanto ao último tópico, não recomendamos, de forma alguma, que as mães interrompam os medicamentos de uso contínuo, afinal, isso pode acarretar problemas ainda mais graves e que colocam a vida da mãe e do bebê em risco. Apenas os médicos que fazem o acompanhamento da gestante podem orientá-la quanto a interromper ou substituir qualquer medicação a fim de se evitar qualquer predisposição ou risco ao bebê.

Aumento dos casos de autismo: como identificá-los em bebês

aumento dos casos de autismo

Fonte: Envato – Foto de Satura_

Com o aumento dos casos de autismo, é natural que aumente também a preocupação dos pais em relação a isso. É comum também que, ao questionar o médico pediatra sobre os atrasos nos marcos do desenvolvimento, muitos profissionais digam que cada criança tem seu tempo. Mas não é bem assim, como já explicamos no e-book que indicamos no banner acima. Não significa que, um mês de atraso, seja definitivamente um sinal de alerta para o autismo. Tão pouco queremos passar por cima da palavra dos profissionais qualificados. No entanto, queremos sim que os pais questionem e fiquem atentos, pois quando esses atrasos vão se somando e acompanham outros sinais, pode ser o caso de buscar um especialista, como um neuropediatra, por exemplo.

Separamos, então, alguns dos mais clássicos sinais de autismo em bebês. Assim, você pode observar os detalhes e buscar ajuda precocemente. Mesmo que o diagnóstico não seja fechado de imediato, as intervenções terapêuticas podem começar cedo, o que é bastante importante para as crianças com atraso no desenvolvimento, independente de elas virem a ser diagnosticadas no futuro ou não.

Confira agora alguns dos sinais de autismo em bebês:

  • Crises de choro excessivas;
  • Irritabilidade sem justificativa aparente;
  • Falta de contato visual e/ou tátil durante a amamentação;
  • Pouco ou nenhum contato visual em geral;
  • Ao ser chamado pelo nome, não volta o olhar para os pais;
  • Dificuldade para se adaptar a creche ou escolinha;
  • Não parece responder à afetividade dos pais;
  • Não balbucia e não aponta para o que quer quando tem mais ou menos 1 ano;
  • Dificuldade excessiva em lidar com situações diferentes, como estar em reuniões de família ou receber visitas em casa;
  • Dificuldades sensoriais, como irritabilidade com a iluminação do ambiente, flash de câmeras e barulhos em geral;
  • Recusa alimentar significativa durante a fase de inserção dos alimentos sólidos.

Vale lembrar que esse não é um checklist que precisa ser 100% atingido para ser considerado um sinal. Tudo que sai do esperado levando em conta os marcos do desenvolvimento, precisa ser olhado com atenção pelos pais e pelos profissionais de saúde. Afinal, talvez as crises de choro sem outros sinais não signifiquem que a criança seja autista, mas se ela chora muito e sem motivo aparente, existe alguma razão que certamente precisa ser investigada e adequadamente tratada. Assim, a criança pode receber o tratamento efetivo para se desenvolver plenamente.

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Esse foi o nosso texto sobre o aumento dos casos de autismo nos últimos anos. Gostou do conteúdo? Então saiba que tem muito mais conteúdo interessante, informativo e de qualidade nas nossas redes sociais. Siga o Autismo em Dia no Instagram e também no Facebook para ficar por dentro de tudo que nós postamos por lá!

Obrigado pela leitura e até a próxima! ?


Referências e datas de acesso:

1- Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) – Acesso em 12/03/2022.

2- Scielo – Acesso em 12/03/2022.

3- MedicineNet – Acesso em 12/03/2022.

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20 respostas para “Aumento dos casos de autismo: quais os motivos?”

  1. Marta Reis disse:

    Material muito bom. Gostaria de ver algum texto sobre adolescentes autistas.

    Meu neto tem 11 anos. Obrigada e parabéns

  2. lenildo disse:

    ainda existe muita dificuldade no diagnóstico, e vimos um aumento exponencial em crianças nascidas em 2018 e 2019. pelo menos na minha cidade.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Lenildo. Esperamos que cada vez mais seja menos difícil o diagnóstico. Continue acompanhando a gente… Abraço!

  3. marcela disse:

    “Crises de choro excessivas;
    Irritabilidade sem justificativa aparente;”

    Muito pelo contrário. A criança autista quase nao chora nem se irrita com facilidade quando bebê. É o famoso “bebê bonzinho” pois está apático aos estímulos ao seu redor.

    Sugiro rever o texto.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Marcela! Cada criança autista tem diferentes particularidades e comportamentos, e é claro que um bebê pode ter autismo e ser muito calmo. No entanto, as crises de choro excessivo são sim sinais de alerta comuns em autistas, além dos relatos de diversas mães entrevistadas pelo Autismo em Dia, nos baseamos em fontes confiáveis, citadas no final do texto. Para que não fique nenhuma dúvida, deixamos também uma pesquisa acadêmica que reforça a credibilidade da informação: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/52585/34214
      Um abraço.

  4. Wallison Andrade disse:

    Matéria sensacionalista e de péssima qualidade. perda de tempo só com o velho “politicamente correto”.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá Wallison, não conseguimos entender sua crítica. Por que você considera sensacionalista?

  5. Maristane Azevedo disse:

    Boa tarde, não sei se digo infelizmente ou felizmente, um dos meus 5 filhos, hj com 41 anos, recebeu a 8 meses o diagnóstico de autismo tardio, depois de um processo longo e doloroso de crises de pânico. Esse diagnostico só foi possível pq eu comecei a me encomodar com os resultados no processo do pânico e a montar o quebra cabeça, com muita leitura, muitas indagações, questionamentos, enfim.
    Quando falo, feliz ou infelizmente, é porque, apesar da enorme evolução nas pesquisas e nos diagnósticos, o que é muito bom, o acesso a informação ainda parece está bastante restrita à familiares de pessoas com Tea, ou pesquisadores da área.
    Então, ainda encontramos profissionais, que ignoram totalmente o tema, desdenham da pessoa, do paciente ou do cliente. Percebo que estes profissionais, por mais diplomados que sejam, e talvez, pelo imediatismo q vivemos, persistem em enxergar apenas um membro quebrado, ou um sangramento, baseando apenas na troca de poucas palavras. Isso para uma pessoa, um ser humano, que ja viveu uma vida repleta de bullying de toda sorte, agora na maturidade receber um diagnóstico que, se por um lado o faz compeender alguns fenômenos vividos, por outro, o faz sentir totalmente fora da curva. ” Sofri com bullying porquê, tanto eu como os outros não entendíamos minhas limitações. Hj, apesar do diagnóstico, sofro bullying porquê meu transtorno não pode ser visto, assim que as pessoas me vêem,” isso é desafiador.
    No caso do meu filho, ele sofreu muito por não ter sido diagnosticado no início de sua infância, não por falta de acompanhamento médico- pediatrico não; mas pq realmente na época a informação era bem reduzida, e em alguns casos, pouco aceita, como citado acima. Fato q resultou em tds os tipos de preconceitos, familiares, educacionais, coorporativos e sociais.
    Gostaria de dizer que, hoje, após o diagnóstico, td mudou! Não, não mudou. Posso dizer q melhorou muito. Mas ainda precisamos de muita terapia, para aceitar as limitações pessoais e sociais, mesmo porque, não mudamos o outro, apenas a forma como percebemos as limitações alheias. Ainda precisamos de mais oportunidades para falarmos sobre o TEA, principalmente o diagnósticado na fase adulta, e não só p a população em geral, mas principalmente, para a classe acadêmica, para que, aos poucos possamos ter um maior acolhimento, um acolhimento mais humanizado, para tds, e particularmente, para os adultos recém diagnosticados comTea.
    Agradeço muito pelo trabalho que vcs vêem desenvolvendo e pela oportunidade de relatar minha vivencia sobre o tema, espero que tenha relevância para alguém, e acolha quem estiver vivenciando situação semelhante. Abs!

  6. Risanny Araújo disse:

    Gostei bastante do texto me tirou muitas dúvidas, parabéns.

  7. Kaio gomes disse:

    Queria saber se repetir o mesmo filme e autismo

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Kaio! Não necessariamente, mas se os comportamentos repetitivos são excessivos, é uma boa ideia buscar avaliação com um neurologista especializado.
      Um abraço.

  8. VERA S T C BAUER disse:

    otima materia ,parabens a vces autismo em dia tenho dois amigos que seus filhos ,foram diagnosticados com autismo,um deles inclusive ja foi aluno do meu filho que e professor de educacao fisica e bem como vce mencinaram acima, os sintomas sao exatamente estes. otima materia PARABENS

  9. Mauro nogueira disse:

    show.otima materia

  10. Nilsa Carvalho disse:

    Meu neto d 8 anos tem autismo
    Como difícil até nos dias d hj haver bons profissionais,tanto na área médica, qto principalmente na área d educação
    Escolas estão despreparadas p receber o autista
    E com o aumento dos casos ,os governantes deveriam estar mais atentos a isto
    Pois pais precisam n só d cuidados médicos p seus filhos, mas tbm na área educacional
    Minha dúvida é:
    Pq pais jovens e aparentemente saudáveis estão tento filhos c TEA ? O número é muito grande d casos q veem avançando

  11. Alice Martins Ferreira disse:

    Excelente matéria, muito esclarecedora e pertinente para atualidade em que nos encontramos com vários casos e infelizmente ainda ignorado por muitos, tardando assim, o tratamento para melhoria na qualidade de vida…Parabéns!

  12. Nina disse:

    Boa matéria!
    Não vi nada de sensacionalista, acho que o sr. Wallison se equivocou no seu comentário.
    Obrigada!

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