Abril Azul: a importância do Mês de Conscientização do Autismo


Postado por Autismo em Dia em 08/abr/2022 - 6 Comentários

Estamos no início de um mês mais que importante para a comunidade envolvida na causa autista. A campanha Abril Azul acontece neste mês com o objetivo de conscientizar a população sobre o autismo. Trazer essa visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) é muito valioso! Afinal, uma sociedade mais consciente é também menos preconceituosa e mais inclusiva. E por falar em inclusão, não é à toa que o tema do Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril) desse ano foi: “Lugar de autista é em todo lugar!”.

Bem, hoje o nosso artigo sobre o Abril Azul será muito especial! Afinal, contamos com a colaboração de Francisco Paiva Jr., que é jornalista e pai de autista. Ele vem realizando um trabalho incrível em prol da causa autista, e é certamente alguém que ficamos felizes em poder trocar conhecimento sobre o TEA. É cofundador e editor chefe da Revista Autismo, além de estar na liderança da primeira rede social global dedicada ao autismo, a Tismoo.me. 

Além disso, ele publicou um livro chamado “Autismo — Não espere, aja logo!” pela editora M.Books, tendo vendido mais de 5 mil exemplares até o momento. Isso aconteceu antes mesmo do início do projeto da Revista Autismo, graças à suspeita de que seu filho fosse autista, o que posteriormente se confirmou. Essa foi a primeira forma que ele encontrou de colaborar com a conscientização do autismo, e foi só o início de uma longa jornada.

Passar para frente o conhecimento de quem entende do assunto é uma ótima forma de conscientizar, e é por isso que convidamos o jornalista para bater esse papo conosco. Quer saber mais sobre o Abril Azul e sobre os importantes projetos em que o Francisco está envolvido? Então continue a leitura!

Índice

Conheça a Revista Autismo

Abril Azul

Fonte: Reprodução Revista Autismo – cedido por Francisco Paiva

A Revista Autismo é uma parceira antiga aqui do Autismo em Dia! O projeto tem tudo a ver com conscientização, que é o foco do Abril Azul. Afinal, trata-se de uma fonte rica em informações de qualidade sobre o autismo, que chega até mesmo em regiões onde não há facilidade quando o assunto é o acesso à internet. 

Mas para apresentar essa iniciativa com maior riqueza de detalhes, nada melhor do que dar voz a um dos idealizadores do projeto. Veja como Francisco Paiva Jr. apresenta o projeto:

“Eu sou um dos cofundadores da Revista Autismo. Ela foi criada em 2010, por mim pelo Martin Fanucchi, que é pai de uma menina autista. O projeto teve várias fases. Na fase inicial, não éramos “nada”, nem uma empresa, nem uma Ong. De fato, tratava-se apenas de uma iniciativa, um projeto. Muita gente dizia que o projeto não daria certo. Que certamente seria impossível publicar uma revista de distribuição gratuita aqui no Brasil. Mas, não sabendo que era impossível, a gente foi lá e fez.

Apostamos no formato impresso e também digital desde 2010, quando fizemos a primeira publicação. Depois, passamos a ser um projeto dentro de uma Ong, então, nessa época, o projeto acontecia exclusivamente através de doações. Mas, por depender dessas doações, a gente nunca sabia quando teríamos recursos suficientes para a próxima publicação. Quando veio a crise financeira de 2014, não conseguimos mais publicar a revista, por isso pausamos o projeto. Continuamos fazendo alguns trabalhos através do site, mas não mais impresso.

Porém, em 2018, eu decidi voltar com o projeto. Dessa vez, de um jeito diferente. Reestruturei tudo, o transformando em uma iniciativa comercial e privada. Mas, é claro, mantendo o propósito social de disseminar informação jornalística e de qualidade sobre o autismo de forma gratuita.

Uma iniciativa que coloca a inclusão em prática

Francisco relata que, hoje, a revista conta com jornalistas, repórteres, ilustradores e colunistas autistas. Além disso, participam do projeto pais de autistas e especialistas na área. Nas palavras dele:

“Muitas vezes, são pais de autistas que são também autistas e/ou especialistas, ou especialistas autistas etc. Então, eu considero que seja uma publicação feita genuinamente pela comunidade ligada ao autismo, com diversas representatividades dentro desse cenário.

No início, a intenção era só fazer uma revista sobre autismo, nada mais. Mas, no fim das contas, acabamos descobrindo que era a única revista sobre autismo da América Latina, e também a única no mundo em língua portuguesa que trata sobre o assunto.”

Você conhece o André, o personagem autista da Turma da Mônica?

abril azul

Fonte: Reprodução Revista Autismo – cedido por Francisco Paiva

Se você já teve a oportunidade de conferir os quadrinhos que têm a ilustre participação de André, vai ficar surpreso em saber que essa é uma publicação feita pela Revista Autismo em parceria com o Instituto Maurício de Sousa. Essa parceria merece destaque, afinal, estamos falando da Turma da Mônica, que é certamente conhecida por todos os brasileiros, o que possibilita um alcance muito significativo.

Falar sobre autismo nos quadrinhos mais queridos do Brasil é uma ótima forma de fazer com que a  conscientização atinja até mesmo as crianças. E já que eles são o futuro, plantar essa semente ajuda a construir um mundo cada vez mais inclusivo.

Como ter acesso às edições da revista

Se você ainda não conhecia o projeto e ficou interessado, pode conferir o site oficial da Revista Autismo clicando aqui. Lá você encontra todas as edições disponíveis e pode baixá-las gratuitamente. Mas, caso deseje, também é possível fazer o download gratuito das edições digitais aqui na sessão de materiais para download do Autismo em Dia.

E quanto às edições impressas, vale citar que elas são distribuídas gratuitamente para mais de cem municípios, incluindo todas as capitais brasileiras. Além disso, existe a possibilidade de apoiar o projeto solicitando as edições impressas. Dessa forma, você recebe as revistas em casa e paga apenas pelos custos de envio. Veja o que diz Francisco à respeito da importância de existir a edição impressa da Revista Autismo:

“Muitas das pessoas que têm acesso à distribuição da edição impressa e gratuita são pessoas carentes, sem acesso à internet. Daí a nossa preocupação em, ainda hoje, manter a edição impressa da revista. Para dar um exemplo sobre a dimensão dessa importância, a revista chega na Ilha de Marajó, um lugar que tem um dos menores índices de desenvolvimento humano do país. Então, a revista sai de São Paulo-SP para Belém-PA, e lá, os locais viajam doze horas de barco para buscar as revistas e mais doze horas para voltar para a ilha e distribuir pelos municípios da região. É um lugar onde, além de o acesso à internet ser raro, não existe nem sequer sinal de celular. Por isso, tenho muito carinho por esse projeto e reconheço a importância de mantê-lo vivo.”

Muito interessante e valioso, não é mesmo? Você pode apoiar a Revista Autismo de diversas formas! Confira o site e saiba quais são elas e, ainda, informar-se sobre o autismo através das publicações diárias do site.

Abril Azul: Mês da Conscientização do Autismo

DSM5 e autismo

Fonte: Envato – Foto de LightFieldStudios

Não poderíamos finalizar o texto sem antes pedir para o jornalista Francisco Paiva Jr. falar um pouco sobre a importância do Abril Azul:

“Acredito que a importância do Abril Azul e do Dia Mundial de Conscientização do Autismo é principalmente colocar o assunto em pauta. Chamar a atenção da mídia e da sociedade como um todo é essencial. Afinal, quanto mais se fala sobre o autismo, maior é a probabilidade de que mais pessoas sejam diagnosticadas. Além disso, informação é a melhor forma de combater o preconceito.

A ideia de iluminar os cartões postais do mundo todo de azul, é justamente despertar a curiosidade e fazer com que as pessoas pesquisem a razão para isso estar ali. Muitas vezes, uma reportagem sobre o tema também gera essa curiosidade, e qualquer um desses cenários pode levar uma pessoa que nem imaginava que pudesse ser autista a cogitar essa possibilidade e procurar por um diagnóstico, por exemplo.

Abril Azul: sabemos quantos são os autistas no Brasil?

Sabemos que o diagnóstico é importantíssimo, mas será que a maioria dos autistas são diagnosticados? Veja o que Francisco pensa sobre isso:

Acredito que o maior problema no Brasil hoje, em relação ao autismo, seja a falta de diagnósticos. Esse ano será a primeira vez que teremos uma pergunta no Censo para levantar dados sobre quantas são as pessoas diagnosticadas. Essa é uma vitória, que também é ferramenta e resultado da conscientização. Mas nós não vamos saber quantos são os autistas do Brasil, pois uma grande parte, na verdade, não tem um diagnóstico. Quando um autista não é diagnosticado, ele não está tendo acesso aos tratamentos adequados, isso falando principalmente dos casos mais graves em que as terapias são essenciais.

Mas, para falar sobre aqueles que não são diagnosticados por terem sinais mais sutis, ainda assim, essa pessoa não está tendo a oportunidade de se compreender de uma maneira mais completa, afinal, ela não tem conhecimento sobre uma parte importante dela.

Ou seja, em qualquer parte do espectro, a falta de um diagnóstico geralmente significa que o autista terá menos qualidade de vida. Precisamos que isso mude, e é por isso que lutamos pela conscientização.

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Esse foi o nosso texto dedicado ao Abril Azul, o Mês de Conscientização do Autismo. Agradecemos a leitura e recomendamos, mais uma vez, que acompanhe a Revista Autismo. Através deste link, você terá acesso a todas as redes sociais e links relevantes do projeto.

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6 respostas para “Abril Azul: a importância do Mês de Conscientização do Autismo”

  1. María do Carmo de Lima disse:

    Gostei muito do conteúdo de vocês!

  2. estefany disse:

    concordo com os temas abordados

  3. Estefani da Silva Hora disse:

    Precisa revisar esse conteúdo. Pesquisem sobre a problemática de atrelar a cor azul à campanha. Pesquisem sobre a alteração dos niveis de autismo para npiveis de suporte às pessoas autistas. Já que estamos no contexto organizacional, falem sobre sinais de autismo em adultos ao inves de em crianças, e conscientizem sobre o diagnostico tardio de autismo em adultos.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Estefani. Neste caso estamos explicando o porquê atrelar o azul ao mês de abril e não temos o objetivo de problematizar o uso do azul, nesse caso. Mesmo assim, obrigada pelo seu comentário. Ah, sobre o restante que sugeriu, temos textos falando do autismo em adultos. Um forte abraço!💙

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