Autismo e sono: por que muitas crianças e adolescentes têm problemas para dormir?


autismo e sono

Postado por Autismo em Dia em 04/nov/2022 - 10 Comentários

Autismo e sono – ou melhor, autismo e a falta de sono – muitas vezes são questões que andam juntas. E problemas para dormir que estão relacionadas ao transtorno podem atingir tanto crianças como adultos. Hoje, especificamente, vamos falar sobre como isso afeta crianças e adolescentes atípicos.

Abaixo, você vai ler mais sobre as razões para o problema acontecer e como minimizar os impactos na qualidade do sono. Além disso, vamos falar sobre como é possível analisar se os hábitos diários, diurnos e noturnos, do seu filho ou filha autista estão colaborando ou prejudicando esse importante momento do dia.

Afinal, uma criança que não consegue relaxar e dormir pode ter prejuízos no desenvolvimento da saúde física e emocional. Encontrar maneiras de resolver a questão do sono pode ser imprescindível para melhorar a qualidade de vida.

problemas para dormir TEA

Fonte: valeriygoncharukphoto/Envato

Índice

Sono e autismo: a diferença do sono das crianças e adolescentes atípicos

Todas as crianças, sendo autistas ou não, podem ter problemas para dormir ou para permanecer dormindo pelas horas suficientes. No entanto, entre autistas, esse problema tem duas características particulares:

  • Padrões irregulares de vigia e de sono. Por exemplo, a criança ou adolescente ficar acordada até muito tarde ou acordar cedo demais de manhã.
  • Dormir bem menos que o esperado para idade ou ficar acordado à noite buscando fazer suas atividades favoritas ou fazendo barulhos.

Autismo e problemas de sono: quais são as causas mais comuns?

As dificuldades para dormir em crianças e adolescentes autistas estão ligadas, principalmente, aos efeitos de algumas comorbidades. Comorbidade é uma condição de saúde que acontece em paralelo com outra.

As principais comorbidades que podem afetar o sono de um autista, incluem: ansiedade, enurese (incapacidade de conter a urina), pesadelos ou terrores noturnos, dificuldades de comunicação social, questões ambientais relativas ao quarto ou à casa, estresse, questões sensoriais incompreendidas (como contato com tecidos, roupas, sons ou luzes), ou outras causas biológicas.

Quanto mais os pais conseguirem identificar qual ou quais dessas causas mais atrapalham o sono, mais fácil será agir para resolver o problema.

ansiedade autista

Fonte: bondarillia – Envato

Ansiedade

A ansiedade afeta o sono tanto quanto a ansiedade afeta outros aspectos da vida. Evite falar de coisas que possam deixar o autista preocupado perto da hora de dormir. Quando precisar abordar assuntos difíceis, como, por exemplo, os medos da criança, faça durante o dia. Se possível busque mais informações sobre métodos de relaxamento.

Enurese e o uso do banheiro

Muitos pais percebem uma dificuldade maior e até mesmo um atraso significativo na construção da independência da criança no uso do banheiro. E, diante dessa dificuldade de autonomia, o autista pode acabar fazendo xixi na cama durante a noite.

Isso pode gerar dois problemas. O primeiro, é a criança acordar por estar molhada. O segundo, caso ela já saiba ir ao banheiro, é acordar, fazer o xixi e não conseguir mais voltar para a cama.

Muitas crianças e adolescentes autistas precisam de apoio psicológico para falar de questões de autismo, sono e e problemas afins.

Causas biológicas

Para crianças e adolescentes no TEA, problemas de sono também podem ter causas biológicas. Por exemplo: às vezes, os hormônios cerebrais responsáveis pelo sono são liberados de forma diferente do que aconteceria em crianças com desenvolvimento típico.

Isso pode, portanto, significar que algumas crianças autistas não estão sintonizadas, biologicamente, com a própria necessidade de dormir. Esse tipo de causa deve ser acompanhada por um médico.

Terrores noturnos e pesadelos

Alguns problemas de sono podem simplesmente ser algo que acomete a maioria das crianças em algum momento da infância: os terrores noturnos e os pesadelos.

Terror noturno é quando a criança começa a se agitar mesmo enquanto dorme profundamente. Isto é normal entre crianças de 2 a 12 anos.

os pesadelos são sonhos ruins que, em geral, acordam a criança e fazem com que ela tenha dificuldade em voltar a dormir.

Se você, como responsável, achar que esses problemas parecem mais graves do que são, busque ajuda médica.

Dificuldade de comunicação social

Esta é, sem dúvida, a causa que parece mais improvável. Mas o fato é que as dificuldades de comunicação não afetam só o que o autista comunica fora de casa. Muitas vezes, o autista pode passar a noite acordado, sentindo que precisa de algo, mas não sabe como pedir aos pais.

Esse lapso na comunicação também pode fazer com que o autista não entenda sinais mais óbvios de que a casa toda está se preparando para dormir. Por isso, a rotina regular de sono é tão importante.

Inquietação do autista durante o sono

Autistas, em particular, tendem a ter o sono mais agitado e inquieto, pois muitos têm estereotipias como balançar o corpo, rolar, entre outras. Fale com seu médico sobre a possibilidade de algum medicamento ajudar a aliviar esses sinais durante o sono.

sono e autismo

Fonte: gpointstudio/Envato

Hábitos que podem estar atrapalhando o sono

Alguns problemas para dormir estão diretamente relacionados ao que seus filhos estão fazendo antes de dormir ou quando vão para a cama.

Preste atenção se:

  • A criança ou adolescente apresenta muita disposição à atividade e excitação antes de dormir, pois isso pode dificultar a sensação de calma.
  • Se a criança faz coisas diferentes de maneiras diferentes a cada noite antes de ir deitar. Neste caso, ela pode não estar percebendo os sinais previsíveis de que já é hora de dormir.
  • Caso seu filho ou filha esteja acostumado a adormecer em outro lugar que não seja a própria cama, por exemplo, no sofá da sala, pode ser mais difícil se adaptar a adormecer no quarto.
  • Se a criança ou adolescente tem alguma obsessão ou mania, isso também pode dificultar. Digamos que ele precise que todos os seus carrinhos estejam perfeitamente alinhados para poder dormir. Caso haja algum impedimento de isso acontecer, a criança pode se sentir inapta a relaxar e dormir.
  • Se é uma criança com questões sensoriais, qualquer coisa pode ser um vilão do sono: uma luz extra, um som contínuo, um tecido desagradável etc.

Hábitos diurnos

Até mesmo hábitos diurnos podem interferir no que acontece à noite, na hora de dormir. Principalmente se a criança tem tido uma alimentação pouco saudável e não está fazendo atividades físicas. No entanto, é importante lembrar que com crianças autistas nem sempre é tão simples implementar uma alimentação adequada. Muitos, por questões sensoriais, não conseguem se adaptar a ingerir certos tipos de alimentos ou preferem comer uma única coisa.

Outra questão que pode ser analisada é quanto ao horário em que a criança faz uma refeição à noite. É importante que ela não vá para a cama nem com fome nem cheio demais. Atividades e alimentos muito energéticos de noite pode deixá-los ligados demais para adormecerem.

Quanto às atividades físicas, não necessariamente ligadas à prática de esportes. Mas é importante mantê-lo em atividades que cansem durante algumas horas. Atividades infantis, como correr e pular, podem ajudar naturalmente. Mas com os adolescentes pode ser um pouco mais desafiador levá-los para atividades ao ar livre.

Por fim, evite permitir aquelas sonecas à tarde, que devem roubar parte do sono noturno.

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Fonte: sviatlankayanka/Envato

Autismo e sono: medicamentos podem funcionar?

Todas as dicas aqui falam de soluções comportamentais. No entanto, como sempre lembramos, algumas observações devem ser levadas para um médico.

Há vários medicamentos feitos para ajudar autistas a combater problemas que, por sua vez, atrapalham o sono e outras partes do dia a dia.

Siga sempre a recomendação do médico quanto ao medicamento e as doses corretas.

Essas dicas vão funcionar para problemas de sono e autismo?

Se você é pai ou mãe, já deve saber que as coisas não mudam de uma hora para outra. No entanto, é necessário construir hábitos com essas dicas que demos aqui. Em geral, os problemas de sono tendem a melhorar por volta da terceira noite de mudança. Mas sempre considerem mais tempo do que isso. Muitas crianças ou adolescentes chegam a levar até quatro semanas para compreender a nova rotina de sono.

No entanto, se você não perceber nenhuma melhora, após esse período, consulte um médico para avaliar causas orgânicas.

Você pode, então, buscar ajuda de um pediatra, psicólogo ou alguém com experiência no tratamento do sono infantil.

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Muito obrigado pela leitura e até a próxima!

Referência bibliográfica e a data de acesso:

Este artigo foi adaptado do original Sleep problems and solutions: autistic children, do portal australiano Raising Children, acessado em 10/10/2022.

 

 

 

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10 respostas para “Autismo e sono: por que muitas crianças e adolescentes têm problemas para dormir?”

  1. Rosane disse:

    bom dia.
    Esse conteúdo é muitos interessante, por nos esclarecer muitas dúvidas que temos sobre como agir com uma criança autista. principalmente na questão do sono.
    recomendo.

  2. ELAINE BITENCOURT LOPES disse:

    Cuido de um bebê autista de apenas 2 anos e tem dificuldades de dormir no mesmo horário que as outras crianças da creche, as crianças dormem entre 10 e 10 30 no máximo e ele somente depois das 12hs, sempre de 12 30 a 12 45hs, o que acho normal. Porém fui chamada pela direção alegando que ele tem que dormir no mesmo horário das outras crianças que já seguem esta rotina do soninho com facilidade, porém eu não consegui esta proeza, que considero um milagre. Procuro respeitar o tempo dele sem forçá-lo o que acredito que se forçar ele ficará nervoso e poderá desencadear um crise, sendo que consigo ficar com ele em um espaço menor com o colchão e travesseirinho dele de forma tranqulia e normalmente ele não acorda as crianças. Ele as vezes levanta, senta mas fica tranquilo. Estou certa em respeitar o tempo dele ou tenho que forçar o sono para criar rotina? Sabem alguma técnica que possa me ajudar a encaixá-lo no perfil da creche?

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Elaine. Você está tendo a abordagem correta em acolhe-lo e não tentar forçá-lo, pois isso de fato pode desencadear crises e não ele provavelmente não vai dormir de qualquer forma, além de poder criar aversão a você e ao ambiente, quando o ideal é que se sinta seguro. É importante que a direção esteja ciente de que a inclusão de pessoas autistas nos ambientes exige adaptações. Não é o PCD que deve se adaptar aos ambientes, e sim o contrário. Parabéns por estar fazendo a coisa certa. 💙

  3. MARIA ANACLAUDIA FERNANDES DA SILVA SANTOS disse:

    Estamos passando por uma situação muito difícil com minha subrinha , toda noite quando chega na hora de dormir ela chora, fica super estressada, não fala nada com nada, pede pra deitar, depois levantar, pede água depois diz que não quer a água e assim por diante. Fica se sacudindo , a mãe está desesperada. E não foi passado nenhuma medicação

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Maria Anaclaudia. Seria importante avaliar o que pode causar essa agitação noturna. Veja com o médico que a acompanha se existe algo para ajudar a melhorar esse quadro dela. Um abraço!

  4. Joice P Arantes disse:

    Meu filho tem 4a. e teve diagnóstico de TEA NIVEL 1 aos 2a. Ele nunca usou medicamento. Vive bem, faz várias terapias e tem evoluído bem.
    Contudo tem dependência do sono e não consigo tirar ele da minha cama. Me ajuda por favor.

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Joice. Precisa ir aos poucos colocando ele no quarto dele, fazendo ele adormecer na cama dela, pode ser com você junto no começo. Vai dar tudo certo💙

  5. Debora disse:

    minha minha filha de 4 anos tem episodios de choro durante a noite (terror noturno) e tambem durante algumas sonecas no dia… se a gente acorda ela para descer do carro por exemplo, ela fica num estado inconsolavel de choro…

    • Autismo em Dia disse:

      Olá, Debora. Acontece bastante, é preciso ter paciência e ir lidando com isso com apoio. Força por aí. Um abraço!

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