A professora assistente de um menino autista!


Postado por Autismo em Dia em 24/jun/2024 - Sem Comentários

O papel do professor(a) assistente é vital para a inclusão de alunos com autismo em ambientes educacionais. Neste texto, conheceremos a história de Ticiane Verginia Favretto, uma professora assistente de um menino autista nível 1 de suporte.

Uma criança com autismo requer apoio adicional para alcançar um bom desenvolvimento acadêmico e social, de fato. O professor(a) auxiliar desempenha um papel essencial nesse processo, oferecendo suporte individualizado, criando estratégias de ensino personalizadas e promovendo a interação e a comunicação com outras crianças.

Além disso, o professor(a) assistente também desempenha um papel crucial na adaptação do currículo às necessidades específicas de cada aluno com autismo. Eles trabalham em estreita colaboração com o professor titular para desenvolver e implementar planos educacionais individualizados, garantindo que cada aluno tenha acesso igual a uma educação de qualidade.

Sendo assim, ao criar um ambiente inclusivo, os professores assistentes ajudam a criar uma atmosfera de respeito pela diversidade, melhorando a experiência de aprendizagem de todos os alunos.

Junte-se a nós nesta jornada para descobrir o dia a dia dessa professora assistente numa escola da rede pública de Curitiba.

Índice

A Lei 12.764 prevê o direito de professor(a) assistente para crianças autistas

Em conversa com a Ticiane, ela nos relembrou da lei que garante ao aluno autista o acompanhamento especializado de um professor(a) assistente em sala de aula.

Lei Berenice Piana, também conhecida como Lei nº 12.764 de 2012, é uma legislação significativa no Brasil. Ela estabelece os direitos das pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) e suas famílias em várias áreas sociais. Vamos explorar os detalhes:

Definição de Transtorno do Espectro Autista (TEA)

De acordo com esta lei, uma pessoa com TEA é alguém que apresenta uma das seguintes características:

  • Déficits persistentes e clinicamente significativos na comunicação e interação social, incluindo prejuízos marcantes na comunicação verbal e não verbal, falta de reciprocidade social e dificuldade em formar relacionamentos apropriados.
  • Padrões de comportamento repetitivos e restritivos, como comportamentos motores ou verbais estereotipados, respostas sensoriais incomuns e aderência rígida a rotinas e interesses fixos.

Principais Diretrizes da Lei

  • Abordagem Intersetorial: A lei enfatiza a colaboração entre setores na elaboração de políticas e na prestação de serviços para pessoas com TEA.
  • Participação Comunitária: Ela incentiva o envolvimento da comunidade na formulação de políticas públicas relacionadas ao TEA e garante o controle social sobre sua implementação, monitoramento e avaliação.
  • Atenção Integral à Saúde: A lei visa ao diagnóstico precoce, cuidados multidisciplinares e acesso a medicamentos e nutrientes.
  • Inclusão no Mercado de Trabalho: Promove a integração de pessoas com TEA no mercado de trabalho, considerando os aspectos únicos de sua deficiência.
  • Conscientização Pública e Educação: A lei enfatiza a informação pública sobre o TEA e suas implicações.
  • Treinamento Profissional: Incentiva a capacitação especializada para profissionais, pais e cuidadores.
  • Pesquisa Científica: Prioriza estudos epidemiológicos para compreender a prevalência e as características do TEA no Brasil.

Berenice Piana, uma ativista brasileira, coautora desta lei, reconhece o autismo como uma deficiência, estendendo direitos legais aos autistas e garantindo oportunidades iguais para eles e suas famílias.

Fonte: Envato / Por uraneva

Então, foi influência desta lei Ticiane conseguiu a oportunidade que exerce hoje em uma escola pública da cidade de Curitiba.

Ela está cursando o terceiro ano de pedagogia, influenciada pela sua história de vida. Ela conta: “Eu nasci com hipotireoidismo, há 40 anos atrás as escolas não me aceitavam por essa doença, achavam que o hipotireoidismo era uma doença transmissível. Foi então que a minha mãe decidiu abrir a sua própria escola, para que eu pudesse estudar nela, nos primeiros anos da educação infantil. Então, tivemos a escola por 20 anos. Quando eu tinha 14 anos, eu comecei a ajudar na escola com as crianças, começou a crescer ainda mais a vontade de trabalhar em escola. Decidi então cursar pedagogia em 2010, mas tranquei em 2011.

Ano passado resolvi retomar a faculdade de pedagogia, eu também sou babá. Trabalhei em 4 famílias, cuidei de crianças desde bebê até maiores. Trabalhei como babá até o ano passado, 2023. Mas a família foi embora para o Canadá. Minhas primas que também são professoras falaram sobre o IMAP, que lá teria uma oportunidade de estágio como professora assistente.

Comecei a trabalhar na escola faz 1 mês. Já tinha trabalhado com autismo, mas não diretamente. Hoje acompanho uma criança de 7 anos, nível 1 de suporte.

O que é autista nível 1 de suporte?

Autismo Nível 1 de Suporte é uma das categorias dentro do espectro autista. Ele é caracterizado por apresentar dificuldades sociais significativas.

Aqui estão algumas características específicas associadas ao Autismo de Suporte Nível 1:

  1. Contato visual não consistente: Pessoas com esse nível de suporte podem ter dificuldade em manter contato visual de forma consistente.
  2. Dificuldades na flexibilização de regras: Elas tendem a preferir a manutenção de padrões e podem ter dificuldade em lidar com mudanças.
  3. Problemas na interação com as pessoas: Isso pode incluir dificuldades em entender piadas, ironias ou sarcasmo.
  4. Estereotipias: Comportamentos ou verbais repetitivos também podem estar presentes.

A prática de Ticiane como professora assistente

Ticiane conta: “O A. é um autista nível 1 de suporte, verbal. Ele fala, com suas dificuldades. Consigo entender tudo que ele quer. Atende os comandos, ele entende pra não bater nos amigos, entende as palavrinhas mágicas. Ele só tem um pouco de dificuldade de dicção. 

Na escola eu acompanho ele em sala de aula, sentada do lado dele para orientar na hora de copiar a tarefa no quadro, para fazer as atividades. Também o acompanho fora da sala, se ele vai ao banheiro eu tenho que acompanhar ele, não entro junto, mas fico do lado de fora esperando. No recreio eu tenho que ir junto, pra não correr o risco dele morder alguém ou bater em alguém ou dele se machucar. Na educação física eu tenho que ir junto. Ou seja, eu acompanho ele o dia inteiro, até o horário da mãe dele buscá-lo.

Tá sendo um desafio, por ser tudo muito novo. Ele é muito carinhoso e atencioso, mas é um pouco agitado. Tudo é na base da conversa. Às vezes ele fica com ciúmes quando outras crianças falam comigo. 

A principal função dela como professora assistente é ajudá-lo a prestar atenção na aula, utilizando recursos que o ajudam durante o processo de aprendizagem.

Ela conta que tem sido muito prazeroso trabalhar com ele, mas que o maior desafio é a comunicação, por ele ser um menino autista que não olha nos olhos, ela precisa utilizar muitos comandos verbais para que a obedeça. Relatou também, que todos os dias ela repete as mesmas coisas pra ele compreender o que pode e o que não pode fazer. Também tem o desafio de fazê-lo aprender. Nos contou que providenciou um quadrinho branco com uma canetinha para ajudá-lo com que está escrito no quadro.

Outra coisa que Ticiane faz é ajudá-lo na regulação emocional. “Quando vejo que ele está muito agitado eu saio da sala com ele. Às vezes ele tá agitado, tá brabo, aí ele não quer fazer nada. Eu saio no pátio da escola com ele. Vou na cancha e deixo ele brincar um pouquinho, aí ele fica olhando um pouco o ambiente e isso o ajuda a voltar pra sala e seguir com a concentração novamente. Dependendo do dia eu saio de quatro a cinco vezes com ele, tem dias que saio só uma vez.”

Fonte: Arquivo Pessoal cedida por Ticiane

Uma professora assistente apaixonada

Ticiane demonstrou ser apaixonada pela pedagogia e educação infantil. O sonho dela é um dia ser professora de uma sala de aula com alunos típicos e atípicos. Ela contou que gosta muito de estar em sala de aula, da agitação e do carinho dos alunos.

Essa foi a história real de uma professora assistente. Encheu nosso Blog de esperança com a prática da inclusão de crianças autistas em escolas.

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