O TEA sob a visão de Eduardo, pai de uma criança com autismo


Postado por Autismo em Dia em 01/jun/2021 - 13 Comentários

O proTEAgonista da vez é Érick Romão de Lima, um autista de grau leve que tem 12 anos de idade. Conversamos com Eduardo Vieira de Lima, pai do menino, que gentilmente cedeu um pouco de seu tempo para contar para o Autismo em Dia sobre a história do filho, a relação que ele e a família tem com o autismo e como foram suas experiências em particular enquanto pai de uma criança com autismo.

Continue a leitura e embarque em mais uma história única e especial. ?

Índice

Conheça a família Lima

Eduardo, o pai de Eric, tem 44 anos e é casado com Ana Cléia Valentim Romão de Lima. O filho do casal tem um grau leve de autismo. Ele é verbal, frequenta uma escola estadual de ensino regular e está no sétimo ano. Segundo o pai, o menino ama aprender coisas novas. Ele aprendeu inglês sozinho assistindo a vídeos no Youtube, por exemplo.

Na casa, vive Érick, seus pais e Fubá, um cachorro que é o amor da família, especialmente do garoto. O pai conta que é vendedor, no momento desempregado, e que dedica seu dia a dia totalmente ao filho, levando-o às terapias, auxiliando-o nas atividades escolares, etc. A mãe do garoto é auxiliar de farmácia.

criança com autismo

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Eduardo Vieira de Lima

Eduardo relembra seu primeiro contato com o autismo

A sombra de um jovem que fazia movimentos repetitivos com os braços e mãos. Esse foi o primeiro contato do pai com o autismo, em um comercial antigo que passava na TV.

“O autismo na minha cabeça era aquilo, eu de fato desconhecia totalmente a parte técnica, o que era de verdade. Foi quando o Érick tinha em torno de 1 ano e meio que eu e a minha esposa percebemos que nosso filho tinha um desenvolvimento totalmente diferente das outras crianças. Percebemos, antes de tudo, que os marcos de desenvolvimento dele estavam atrasados. Foi inevitável: acabamos comparando o desenvolvimento dele com o desenvolvimento da filha de uma vizinha. Afinal, ela era um pouco mais nova, mas já estava fazendo coisas que o Érick não fazia. Acho que foi nesse momento que nós enfim percebemos que algo no nosso filho era diferente.

Então, começamos a investigar. Contamos nossas preocupações para a pediatra, e ele passou por vários outros médicos, realizamos uma bateria de exames. Ele chegou a fazer até mesmo uma ressonância magnética. Por fim, depois de concluir que ele tinha uma saúde de ferro, a médica dele nos encaminhou para uma neuropediatra. A partir daí, a gente já soube que ele era autista. Logo na primeira consulta, ao avaliar o Érick, ela concluiu que ele era autista.”

criança com autismo

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Eduardo Vieira de Lima

Quem é Érick

Eduardo descreve o filho como um garoto tranquilo, sensível, que gosta de socializar e de fazer amizades. Ainda assim, ele tem os momentos em que prefere ficar mais introspectivo.

Conheça mais sobre o menino através da perspectiva do pai:

“Apesar dos atrasos para começar a andar e falar, o Érick se desenvolveu muito bem. Ele foi pra escola municipal com 3 anos, e nessa época ele já andava e estava começando a falar. A escola foi muito importante para ele. Lá ele fazia natação, basquete, equoterapia… Ele também frequentava e ainda frequenta a APAE. Lá ele passa com a fonoaudióloga e com a psicóloga. Mas estudar, atualmente ele estuda na escola regular mesmo.

Ele é muito sensível e carinhoso, e sente muita falta dos abraços e dos beijos que gostava de distribuir, coisa que não acontece mais com a pandemia. Por ser tão sensível, muitas vezes ele costumava chorar sempre que via alguém chorar. Agora, isso passou.

Ainda assim, ele segue muito empático. Certa vez, nós estávamos andando pela rua, indo para a casa dos meus sogros. Passamos por um rapaz que estava sentado no chão, provavelmente descansando em seu horário de almoço, pois ele trabalhava numa fábrica ali da rua. O Érick olhou pra ele, e ele acabou percebendo e olhou de volta, mas como o sol bateu no rosto dele, ele acabou olhando com os olhos quase fechados. Meu filho pensou que o rapaz estava chorando, e pediu para dar-lhe um abraço. Ele deu o abraço, e eu expliquei que o Érick era autista, daí o comportamento incomum.

Em outra ocasião, também a caminho da casa meus sogros, vinha vindo um senhor. Meu filho olhou para esse senhor e pediu um abraço. Ele abraçou meu filho e começou a chorar. Ele é bem sensível mesmo com as pessoas.”

criança com autismo

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Eduardo Vieira de Lima

Como é o dia a dia do garoto

Érick gosta muito de ver vídeos no Youtube e muitas vezes fica repetindo trechos ou até mesmo propagandas que por algum motivo chamam a sua atenção. Ele também gosta de jogar vídeo game, de brinquedos e de livros.

Eduardo, então, conta um pouco sobre a rotina da família:

“Aqui em casa a gente é bem flexível quanto a rotina, e para ele é tranquilo. Tem sim algumas coisas que ele faz sempre igual, mas não temos horários fixos para tudo, como acaba acontecendo com muitas famílias que têm criança com autismo em casa. Muitas vezes almoçamos em horários diferentes, fazemos as atividades da escola em horários variados, etc.

Uma mudança grande que ele enfrentou foi a mudança da escola municipal para a estadual. Mas aí veio a pandemia e ele acabou nem tendo tempo de se adaptar à escola nova, pois as aulas são em casa desde o início praticamente, e pra ele tem sido tranquilo.

Ele também adora música, e é bem eclético. Ele gostava de jogos de música como o Guitar Hero, por exemplo. Além disso, ele costuma pesquisar músicas de outros tipos de jogos para descobrir quem é o cantor, etc. Somos evangélicos, então, ele também gosta de músicas evangélicas, gospel, etc. Quando descobrimos sobre o autismo e eu comecei a pesquisar sobre, fiquei com um pouco de receio de acabar incomodando ele, pois eu gosto de tocar violino e tem notas bem agudas. Mas não, ele gosta. Ele até se interessou por aprender a ler a partitura. Ele ama música.”

Mais sobre a vida escolar de Érick

Eduardo conta que enquanto o filho estava na escola municipal, ele sempre teve acesso a um professor de apoio para auxiliar o menino na rotina escolar. Infelizmente, ao avançar para o sexto ano, Érick não teve a mesma sorte. Na escola estadual, segundo o pai, não é oferecido esse tipo de apoio com tanta facilidade. Para ter acesso a um professor de apoio, foi necessário abrir uma espécie de processo, e a família finalmente conseguiu que Érick tivesse um professor de apoio especializado em autismo.

“Eu vejo que a criança com autismo ainda é muito discriminada. A sociedade infelizmente ainda não está preparada para lidar com eles. Muitas vezes acabam julgando, achando que por que o autista não tem uma característica física, não precisa de nenhum tratamento especializado, mas não é assim. Ele precisa sim de apoio, principalmente na escola, para conseguir assimilar os conteúdos.”

criança com autismo

Fonte: Arquivo pessoal cedido por Eduardo Vieira de Lima

Sobre ser pai de uma criança com autismo

Eduardo descreve com orgulho o filho, que é uma criança feliz, que está sempre prestando atenção em tudo e é muito educada.

“Vejo que ele tem comportamentos que nem sempre vemos em outras crianças da idade dele. Ele é muito educado, sempre diz obrigado e com licença, por exemplo. É gratificante ver que nós conseguimos criar uma criança com essas qualidades.

Eu acredito que quando um pai descobre que tem uma criança com autismo, é importante não se acuar. Tem que buscar informações, tratamentos, e para mim também é importante ter fé e amor. Não vou mentir, às vezes a gente passa por coisas difíceis, mas eu sempre digo: eu não trocaria o Érick por nada nesse mundo. 

É importante buscar informação, e infelizmente, é o que de mais falta na sociedade. As pessoas ainda têm muito preconceito. Gostaria que os pais tivessem mais o costume de chegar nos seus filhos e explicar que ao chegar na escola, terão crianças diferentes, crianças que não são da mesma cor, que têm comportamentos diversos, mas que apesar das diferenças, no fundo todos são iguais, e merecem respeito.”

O envolvimento da família com a causa dos autistas

Eduardo, sua esposa e o filho participam da associação Amadas de Bragança Paulista, que é um grupo de pais e mães de autistas da cidade onde moram, no interior de São Paulo. Ele conta que antes da pandemia, eles se reuniam regularmente, faziam festas, e diversas atividades em prol dos autistas e seus direitos. O Autismo em Dia, inclusive, já conversou com a Clélia, que é a presidente dessa associação, e você pode conferir nossa conversa com ela e saber mais sobre o grupo que eles participam clicando aqui.

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Essa foi a nossa conversa com o Eduardo, que é pai de uma criança com autismo. Gostou de conhecer a história dessa família incrível? Então nos conte nos comentários o que mais chamou a sua atenção, e também o que você aprendeu ao ler sobre o Érick e seus pais.

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Obrigado pela leitura. Até a próxima! ?

“O Autismo em Dia não se responsabiliza pelo conteúdo, opiniões e comentários dos frequentadores do portal. O Autismo em Dia repudia qualquer forma de manifestação com conteúdo discriminatório ou preconceituoso.”

13 respostas para “O TEA sob a visão de Eduardo, pai de uma criança com autismo”

  1. Eduardo Vieira de lima disse:

    Agradeço a revista autismo em dia, pela confiança e acreditar na nossa causa. Deus abençoe.

    • Autismo em Dia disse:

      Foi muito especial contar a história de vocês, Eduardo. O Autismo em Dia cresce e se fortalece compartilhando histórias inspiradoras como a de vocês! De pouquinho em pouquinho, vamos dando mais visibilidade e conquistando o espaço que é dos autistas por direito!

      Um abraço carinhoso de toda nossa equipe ?

  2. Maria Cardoso disse:

    O Erick e nosso vizinho ..um menino simplesmente amável com todos…com uma educação de dar exemplos ..

  3. Célia de Lima disse:

    Adorei muito construtiva, Eduardo é meu sobrinho, tenho orgulho muito grande, se todos os pais fizessem como o Eduardo, ajudar em tudo que o Erick necessita , tratamento, correr atrás, Erick é muito inteligente, muito especial ??

  4. Tatieli Pereira disse:

    Tive o prazer de acompanhar o Erick na escola municipal, e de primeira, fiquei encantada por ele, Erick me ensinou muita coisa e agradeço a Deus ter me dado a chance de conhecê-lo. Erick tem um lugar muito especial em meu coração ?

  5. Claudio de Carvalho Alves disse:

    Parabéns para a revista Autismo em Dia pela ótima reportagem e para o Eduardo e Ana, pais do Erick, pela dedicação, paciência, carinho e amor com seu filho. Que Deus os abençoe plenamente e os ajude a descobrir maneiras cada vez melhores para o desenvolvimento e felicidade do Erick.

  6. Claudio de Carvalho Alves disse:

    Parabéns para a revista Autismo em Dia pela ótima reportagem e para o Eduardo e Ana, pais do Erick, pela dedicação, paciência, carinho e amor com seu filho.

  7. Andrea Aparecida Ferreira dos Santos disse:

    Ahhh me emocionei ao ler. Fui professora do Erick por pouco tempo nesse ano de 2021, só tivemos atividades
    no modo remoto, percebi que ele é um menino inteligente e muito carinhoso. Parabéns aos pais que caminham junto com ele.

  8. Aparecida Maria de Lima Moura disse:

    Eu sou tia do Eduardo pai do Erick e tenho muito orgulho de ver o cuidado que ele é a mãe tem com o Erick…eu vejo o progresso do Erick a cada dia e isso é o cuidado e a dedicação pelo filho…Parabéns Du que Deus os abençoe e os proteja sempre.

  9. Solange Ross disse:

    Eu conheci o Eduardo na Associação Amadas, ele é um pai muito dedicado e o Erik um menino muito educado, feliz, brincalhão.
    Eduardo é um grande exemplo como pai, são uma família muito unida e querida por todos.

  10. Alda Martins disse:

    Senti como se ele estivesse descrevendo meu filho yan ,também autista leve de 8 anos. Nossa trajetória com ele e bem parecida. Amei o relato.?

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